--- Frase de Agora! ---
"A água é para os escolhidos
Mas como podemos esperar que sejamos nós..
... eu e você?"

Máquina do Tempo: Vaga Viva do Coletivo Ideia Nossa. A única vaga viva do lado de cá da ponte =) Vaga Viva do Ideia Nossa

Destaque da Semana: Onde está o sol que estava aqui?
Ladrões de sol, crise hídrica e êxodo rural

domingo, 28 de setembro de 2008

Brisas de Outono Pt. I

“Sinta a Brisa de Outono
Tocar seus cabelos e te levar
Deixe a Brisa de Outono
Levar essas folhas pra algum lugar
Veja a metamorfose das cores alucinar
Ouça a melodia da vida elevar”

Ao som da bela canção, que por certo descrevia a minha tediosa tarde de outubro, refletia sobre teorias existenciais e sorvia a doce melodia da música que ecoava na sala, vinda do rádio próximo à lareira. Rádio que fora posto lá por objeção de um amigo italiano catedrático em “som quadrifônico”.
Balela.
Ele nem sabia o que essas duas palavras significavam. Meu simples mini system tornou-se alvo de sua obsessão por conseguir melhor acústica. Bem... Talvez o tenha feito, pois o volume estava adequado para ouvidos que cansaram da labuta e a música soava tão nítida...
Mas fato é que a canção pintava um quadro da cena em que eu vivia – seguindo a métrica enjoada e preguiçosa do cair de folha das árvores –, transformando o meu tédio em melodia.
Acompanhava o tique-taque do relógio de bolso repousado no parapeito, bem ao nível dos meus olhos. O tiquetaquear se esforçava para ser ouvido por entre os acordes oriundos do já velho e ultrapassado mini system.
Ao ritmo da canção mesclado ao metrônomo descompassado, observava a preparação pro inverno que as árvores normalmente fazem nesse período do ano; porém, acreditava veemente que com o clima em estado febril e insano, a queda de todos os anos, bela e singular, viria atrasada novamente ou mesmo nem daria o ar de sua graça.
Olhando janela à fora via o mundo que nunca foi tão real, mas agora era todo ilusão. As folhas despencavam preguiçosamente, redemoinhos atormentavam o descanso daquelas que já sobreviveram à primavera e ao verão – raras são as folhas que atravessam o outono e ainda permanecem intocáveis no inverno. Na calçada do outro lado da rua, crianças pulavam corda trajadas de saias, regatas, bermudas e chinelos; elas acreditavam ainda estar no verão.
Uma leve brisa, quente e confortante, me lembrara muita uma manhã de meados do verão retrasado, no qual tive a oportunidade de ver o nascer do sol de um pequeno casebre na Serra Pelada ao lado de uma pessoa que me fora muito especial. Vivera comigo durante toda a vida e falecera no acampamento, na noite desse mesmo dia – talvez o italiano estivesse com a razão: o capítulo de aventuras nunca volta a ser folheado, não sem que alguém se machuque.
Não a via há dois anos, mas agora reencarnava em brisa. Tocou meu queixo, meu nariz, minha boca, tremulou os meus poucos fios grisalhos de cabelo, e não tardou muito tocou minha alma.

Tocou minha alma e arrepiou-me do Oiapoque ao Chuí; ai que saudades do meu Brasil, ai que saudades da minha guria... Ao tocar minha alma também tocou o mundo e a vida. Vi a brisa duelar com o redemoinho. Vi ambos tentar dominar as folhas, que indiferentes à batalha, apenas buscavam sossego e tranqüilidade.
Numa fração de segundos o redemoinho cedeu e dissipou-se e a brisa levou as folhas em direção às crianças que agora se divertiam não mais com a corda e sim com o revolutear das folhas em suas cabeças. As folhas estavam livres e planavam agora irrequietas e sorridentes. Alcançavam então a liberdade.
Tudo parecia tão mágico. As cores tão vivas dessa cena, acompanhadas do alaranjado típico de outono. A vida fluía em paz e feliz, a vida era elevada à melodia mais doce, que qualquer um pode possuir bastando acreditar e se deixar levar.

sábado, 27 de setembro de 2008

ESVR - Memória 08 (capítulo final)

Memória 08:

Esta é a última memória que coloco no gravador. Aqui estou eu no parapeito do prédio onde trabalho. Meu prédio!
Acabei de passar para esse gravador todas as memórias relevantes sobre o ESRV. Desde a noite em que descobri ser capaz de utilizá-lo para prever o futuro até agora.
Espero que isso ajude a compreender as coisas. O ESRV citado está no laboratório lá embaixo. Desabilitei a senha, portanto qualquer um pode entrar lá agora. Imagino que farão isso quando perceberem minha ausência. Deixo minha descoberta para a futura geração de pesquisadores e desenvolvedores neurais. Cabe a vocês decidir o que fazer com ela.
Eu? Tudo está bem claro pra mim agora. Meu destino já é certo. Assim como o de todos. Isso o Elmo me ensinou. Eu não acreditava em destino até que ele me mostrou a verdade. E o meu destino é esse. Se você assistiu minhas memórias até aqui, sabe do que eu estou falando.
Agora vou desligar o gravador e cumprir meu último ato. Aquele que já vi uma vez. Adeus…

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Mägo de Oz - Alma

Atrás en la quietud
que tiñe toda piel
Con los tonos de un final
Dejé al dolor volar
hacia mi libertad
Me citó la eternidad

Mi cuerpo se cansó
Mi vida bostezó
Pero mi mente sigue en pie
No es una cuenta atrás
Es otro ciclo más
Es un principio, no es el fin

Mi alma hoy quiere volar
Ser agua, ser brisa del mar
Y ser la flor que en tu jardín
Trepando llegue hasta ti

Es tan duro saber
Que en tu cuerpo también
Hay fecha de caducidad
Se bien que he de librar
Una batalla más
Que mañana otra habrá

Me puso la salud
Los cuernos con tu dios
Y mi sentencia dictó
En mis tinieblas hay
Una luz que al final
Arrulla mi corazón

Mi alma hoy quiere volar
Ser agua, ser brisa del mar
Y ser la flor que en tu jardín
Trepando llegue hasta ti, hasta ti

Mi alma hoy quiere volar
Ser agua, ser brisa del mar
Y ser la flor que en tu jardín
Trepando llegue hasta ti.

Mi alma hoy quiere volar
Romper cadenas y soñar
Y con tu voz oírte hablar
Me llevo amor, me llevo paz

[TRADUÇÃO]

Atrás da quietude
Que tinha em toda pele
Com os tons de um final
Parei de voar na dor
para (voar) na minha liberdade
Eu encontrei a eternidade

O meu corpo está cansado
Minha vida bocejo
Mas meu pensamento ainda está de pé
Não se trata de uma contagem regressiva
É um outro ciclo mais
É um começo, não o fim

Minha alma hoje quer voar
Ser água, ser brisa do mar
E ser a flor quem em teu jardim
Subindo chegue até você

É tão difícil de saber
Que seu corpo também
Existe data de validade
Se bem que hei de livrar
(De) Uma batalha mais
Que (pois) amanhã haverá outra

Eu deixei minha saúde
(e) Os chifres com o seu Deus
-E a minha sentença proferida (agora foi proferida)-
Em minha escuridão há
Uma luz que ao (no) final
Arrulha* meu coração


Minha alma hoje quer voar
Ser água, ser brisa do mar
E ser a flor em teu jardim
Subindo chegue até você, até você...

Minha alma hoje quer voar
Ser água, ser brisa do mar
E ser a flor em teu jardim
Subindo chegue até você.

Minha alma quer voar hoje
Romper cadeias e sonhar
E com tua voz ouvir falar
Me leve (entregue) ao amor, me leve (entregue) à paz


*O significado tá nos comentários

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A Febre de Gaia

A faixa de temperaturas nas quais a Vida pode existir e florecer, isto é, a faixa de temperaturas que torna possível a bioquímica, a química das proteínas, carbohidratos, hidrocarbonetos, ácidos nucléicos, a construção de células vivas e organismos, a qual é também a faixa na qual a água pode coexistir em suas três fases físicas – líquida, gasosa e sólida – é extremamente estreita, se comparada com as temperaturas que prevalecem no Universo como um todo.
Estas variam desde perto do zero absoluto, 273ºC negativos, no espaço interplanetário ou em planetas distantes como Netuno e Plutão, até entre 400 e 500ºC positivos em Vênus; aproximam-se dos 20 a 40°C negativos no verão, ao meio-dia, na linha do Equador de Marte; vão a aproximadamente 6000°C na superfície de nosso Sol, perto de 20 milhões de °C em seu interior; mais, muito mais ainda, na superfície de estrelas maiores e chegando a bilhões de °C nas fornalhas de estrelas em implosão – as supernovas.
Tivéssemos de representar este alcance de temperaturas sobre uma linha na qual cada grau fosse um milímetro, esta teria um comprimento de várias centenas de milhares de quilômetros, ela iria a uma distância muito além da Lua.
A faixa propícia para a Vida vai de alguns graus abaixo de zero, onde a Vida só sobrevive em repouso, até aproximadamente 80 graus positivos para alguns poucos organismos - certas bactérias e algas que conseguem viver em vertentes quentes nos precipícios marinhos e nos geisers, o que totaliza uma faixa de aproximadamente 100°C. Se aplicada na referida linha, ela cobriria uns dez centímetros. Dez centímetros sobre várias centenas de milhares de quilômetros!
Desde esta perspectiva, percebemos o quanto é precioso nosso mundo. Ele se torna mais precioso ainda quando aprendemos que a Vida foi capaz, ao longo de mais de 3,5 bilhões de anos, de contrarrestar forças que tendiam a tornar a Terra muito mais quente ou muito mais fria. Sabemos, por considerações cosmológicas, que o Sol é atualmente de 20 a 30% mais quente do que era quando a Vida começou a se estruturar nos oceanos primordiais. Nosso planeta poderia ter acabado numa situação de descontrolado efeito estufa, como em Vênus: um pouco menos quente, mas, ainda assim, com ao redor de 200°C positivos. Os oceanos teriam se evaporado.
Ou se, por alguma razão, na época das primeiras manifestações de Vida, com o Sol ainda mais frio, houvesse nebulosidade demais, o desequilíbrio poderia ter ido em sentido contrário. O albedo elevado - isto é, a refletividade aumentada para a luz – teriam refletido grande parte da energia solar incidente de volta para o espaço sideral. Menos calor, mais neve, mais albedo ainda, menos calor ainda. A Terra poderia ter se tornado uma bola coberta de neve. Em qualquer dos casos, Gaia nem teria se tornado realidade ou teria perecido logo.
No entanto, conscientemente, estamos bagunçando todos os mecanismos de controle climático - com dióxido de carbono demais, metano, óxidos de nitrogênio, óxidos de enxofre, freons, hidrocarbonetos, desmatamento e desertificação. Por quanto tempo poderemos abusar do sistema? Quanto tempo demorará Gaia para ficar com febre? Será mesmo necessário que conheçamos todos os detalhes para começarmos a agir?
Quando as coisas começarem a dar errado, elas não precisam descontrolar-se completamente. Não precisamos chegar a outra era glacial ou derretimento das capas de gelo na Groenlândia e Antártida, com inundação das maiores cidades e territórios de elevada densidade populacional. A exacerbação das irregularidades climáticas que já se verificam, breve nos colocará numa situação na qual não mais poderemos contar com colheitas seguras. Atualmente, somos ao redor de 6 bilhões de humanos. As reservas de alimentos estão diminuindo. De que nos serviria um clima de praia em Spitzbergen, se não tivermos mais o suficiente para comer? E o que dizer das convulsões sociais, revoluções e guerras que resultariam daí, com figuras como Saddam Hussein e outros tendo acesso a armas de destruição em massa?
O que para Gaia, ao longo de seus 10 bilhões de anos de expectativa de vida e com pelo menos mais 5 bilhões pela frente, poderia ser apenas uma leve e passageira febre, talvez representasse o fim da civilização para nós.
Uma pessoa sábia talvez arrisque aprender com seus erros, mas ela certamente evitará experimentos nos quais, se derem errado, as conseqüências serão inaceitáveis e irreversíveis. Como podemos fazer os poderosos compreenderem que a Moderna Sociedade Industrial está embarcada precisamente neste tipo de experimento?

José Lutzenberger, julho de 2000Tradução: Lilly Lutzenberger do original GAIA’S FEVER*
* publicado em inglês, na revista ambientalista britânica"The Ecologist", volume 29, n°2, março/abril de 1999

ESRV - Memória 07

Memória 07:

No décimo terceiro dia aconteceu algo completamente inesperado. Quando usei o Elmo naquela noite, já esperava as habituais visões de mim fazendo algo no laboratório. Qual não foi minha surpresa ao ver que eu estava no telhado do prédio! E não estava somente no telhado, estava no parapeito, em pé!
Meu coração estava palpitando, enquanto um vento gelado percorria meu corpo. Eu estava olhando para baixo, para a cidade luminosa que se estendia até o horizonte. E perto de mim, no chão, havia um objeto preto escuro. Uma caixa. Como estava escuro, não pude ver o que era. Então, após uma última olhada para a cidade, dei um passo a frente. E mergulhei na noite gelada.
Então acordei novamente. Minha pulsação estava elevadíssima. Apesar de ser apenas uma visão, as sensações foram reais. E meu corpo estava rígido, minha respiração ofegante. Não conseguia acreditar no que estava vendo. Eu havia me jogado do prédio! E as visões do elmo nunca haviam deixado de se provarem verdadeiras!
Seguindo minha intuição, assim como minha curiosidade, resolvi subir no telhado do prédio. E quando caminhava para meu elevador particular avistei uma caixa preta numa estante perto do computador central. Era uma caixa preta grande, e estava meio aberta, com alguns cabos saltando para fora. Logo percebi que era o meu gravador de memórias, usado para se gravar com todos os detalhes memórias e pensamentos, que poderiam então ser transferidos para o simulador. Peguei-o e subi para o telhado.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Carlos Drummond de Andrade - Reverência ao Destino

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar, e aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las.Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Água do mar dessalinizada com tecnologia nacional não pode ser vendida no Brasil

Mônica Pinto / AmbienteBrasil

Uma tecnologia desenvolvida no Brasil – utilizando equipamentos de vários países – chega aos Estados Unidos sem que possa ser testada ou conhecida no mercado local. É a H2Ocean, água do mar dessalinizada, própria para consumo humano que, há um mês, entrou no mercado norte-americano começando pelo estado da Flórida.

O diferencial do produto em relação a outros processos de dessalinização é que, agora, se conseguiu extrair o sal mantendo-se 63 minerais dos cerca de 86 presentes na água do mar. “A dessalinizada comum fica pesada e zerada, isto é, H2O puro, sem mais nada”, disse a AmbienteBrasil Rolando Viviani, da área de Marketing da Aquamare, com sede em Bertioga (SP), empresa que trabalha com pesquisa e desenvolvimento de produtos a partir da água do mar, criadora da H2Ocean.

O motivo pelo qual o mercado brasileiro não tem acesso à novidade é que inexiste, no âmbito da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), qualquer norma que contemple esse tipo de opção. “Como nosso produto é inovador demais, não conseguimos o registro na Anvisa para envasar a nossa água”, diz Rolando.

Nos Estados Unidos, o produto brasileiro ganhou acolhida bem mais facilmente. Classificado como purified water (água purificada), já passou pelos rigores do Food and Drug Administration (FDA), agência norte-americana que regula produtos alimentícios e farmacêuticos, o que abre as portas de outros mercados internacionais para a H2Ocean.

A água é colhida em alto mar e processada através de equipamentos de alta tecnologia que executam processos de nanofiltragem e seleção de minerais. Todo sal e impurezas são retirados, permanecendo apenas os minerais e nutrientes benéficos à saúde humana. “H2Ocean é produzida dentro de padrões de qualidade exigidos pelos organismos industriais e ambientais e garante potabilidade exigida por todas as legislações de controle de água no mundo”, coloca a Aquamare.

“Uma água que tem 63 minerais não se encontra em nenhum lugar do planeta”, diz Rolando Viviani. “O pulmão do mundo não é a Floresta Amazônica, é o mar, o princípio da Vida”, completa. Para efeito de comparação, as águas de fontes terrestres têm, em média, 12 minerais.

Os benefícios são superiores, assim como o custo em relação aos processos de dessalinização tradicionais. “O nosso foco é levar 63 minerais para as pessoas, não acabar com a sede do mundo”.

Na Flórida, segundo ele, os primeiros resultados em termos de aceitação mostram-se animadores. A tecnologia pode ser posta em prática em qualquer lugar, razão pela qual a Aquamare deixou de priorizar o Brasil como mercado. “Nós teríamos que apresentar um regulamento técnico para a Anvisa, para que a Agência possa chegar a uma conclusão e classificar o produto, para posterior venda no país”, coloca Viviani.

Assim, ao menos por enquanto, os brasileiros poderão apenas testar um outro lançamento da empresa, este destinado às plantas. É o Aqua Garden, água também processada a partir do mar, porém imprópria para consumo humano. Voltada para irrigação de hortas e jardins, pode acelerar em até quatro vezes o crescimento dos vegetais, além de aumentar seu tamanho em igual proporção, diz Viviani. “Chega a ser uma coisa quase alienígena”, diverte-se. A conferir.

domingo, 21 de setembro de 2008

NO METRÔ, CICLISTAS TÊM ACESSO TODOS OS DIAS DA SEMANA

Desde o dia 17 de setembro de 2008, os ciclistas podem viajar com suas bicicletas nos trens do Metrô em todos os dias da semana, a partir das 20h30. O acesso é para no máximo 4 bicicletas por trem, embarcadas sempre no último vagão. O horário para os ciclistas usarem o sistema metroviário também foi ampliado. Com início previsto para o dia 20 de setembro de 2008, o novo horário dos sábados irá das 14h até o final da operação comercial (uma hora da manhã de domingo). Aos domingos e feriados, está garantido o acesso dos ciclistas durante todo o funcionamento do sistema: de 4h40 à meia-noite.

Na CPTM, os horários de acesso também serão ampliados. Aos sábados, assim como no Metrô, os ciclistas poderão entrar com as bikes a partir das 14h. O acesso será permitido até a uma da manhã. Nos domingos e feriados, a permissão valerá para o dia todo.

Até o fim de setembro de 2008, o Metrô concluirá a primeira fase do programa que incentiva o uso de bicicletas. Serão disponibilizados para os usuários sete novos bicicletários e oito pára-ciclos (estruturas para acorrentar bicicletas), além do serviço de empréstimo de bicicleta. Para viabilizar a ação, o Metrô firmou parceria com o Instituto Parada Vital, que promove o uso da bicicleta para lazer e como meio de transporte alternativo.

A exemplo do que ocorre em Paris, uma das cidades pioneiras na implantação desse sistema, o usuário receberá bicicleta, capacete e cadeado, podendo devolvê-los em qualquer bicicletário do sistema até as 20 horas do dia da retirada. Os primeiros 30 minutos serão gratuitos. Após esse período, serão cobrados R$ 2,00 por hora e diária de R$ 50,00. Inicialmente, serão 80 bicicletas, distribuídas em oito bicicletários. Para utilizar o serviço, o interessado deverá preencher cadastro, assinar um Termo de Responsabilidade e apresentar o cartão de crédito.

Além do empréstimo de bike, essa fase do programa contará com oito bicicletários, que juntos oferecerão 350 vagas: sete novos mais a unidade Vila Guilhermina-Esperança que opera desde abril de 2007 e conta com 100 vagas. Os bicicletários de Corinthians-Itaquera e Carrão já estão prontos e também oferecem 100 vagas cada um. Cinco outras unidades serão implantadas nas estações Vila Mariana, Paraíso, Sé, Anhangabaú e Marechal Deodoro, com 10 vagas para acomodação de bikes em cada unidade.

Os pára-ciclos serão instalados em sete estações, com 30 vagas por unidade, totalizando 210 lugares: Belém, Penha, Vila Matilde, Artur Alvim, Capão Redondo, Campo Limpo e Vila das Belezas.

O uso dos bicicletários e dos pára-ciclos é gratuito e a operação dos dois serviços de responsabilidade do Instituto Parada Vital, que conta com o apoio da Companhia Porto Seguro. No caso dos bicicletários, é necessário cadastrar-se apresentando um documento com foto. Uma etiqueta numerada de identificação será afixada na bicicleta e ele receberá um cartão de controle contendo a mesma numeração. Já os usuários dos pára-ciclos deverão levar cadeado e corrente próprios para imobilizarem a bike.

A segunda fase do projeto deverá instalar bicicletários em mais sete estações: Liberdade, São Bento, Tiradentes, Santuário Nossa Senhora de Fátima-Sumaré, Santa Cecília, Brás e Palmeiras-Barra Funda.

sábado, 20 de setembro de 2008

ESRV - Memória 06

Memória 06:

Já faziam cinco dias desde minha primeira visão com o meu novo Elmo. Eu já o havia utilizado nove vezes ao todo. E todas as visões se realizaram exatamente como previstas. Com todos os detalhes e sensações.
E como eu dividia meu tempo entre usar o Elmo e verificar se a visão se realizaria, não sobrou muito tempo para as pesquisas. Meus ajudantes, principalmente Johnson, ficaram confusos, perplexos, pois dei como encerrado o projeto do novo ESRV, mesmo sem estar finalizado, e recoloquei todos em funções diferentes, trabalhando em projetos diferentes. E é claro que o único que tinha acesso ao laboratório era eu. Não permitiria a ninguém usar o meu elmo. Ele era muito precioso, e muito valioso, para que outros o usassem. E a humanidade não está preparada para a verdade que ele revela.
Após mais alguns dias usando o Elmo e vivendo suas visões, comecei a notar que meus funcionários me olhavam de forma estranha. Como se eu estivesse doente ou algo assim. É claro que já não me vestia impecavelmente como de costume, e parecia meio abatido. Mas era porque eu acordava muito ansioso para ver o que o elmo me mostraria naquele dia. E com isso também deixava de me alimentar direito. E por isso aparentava estar abatido, cansado.
Johnson e os outros dois pesquisadores ainda não sabiam porquê haviam sido dispensados da minha equipe particular de pesquisa. Agora eram diretores de projetos secundários. Como eles e os outros diretores começaram a me fazer muitas perguntas eu passei a me trancar no laboratório. Quando precisava sair eu usava o meu elevador particular, que antes quase nunca usara.
Já no décimo segundo dia após a primeira visão, a única coisa em que pensava era no ESRV. Cheguei a mudar para o laboratório, que a meu pedido foi mobiliado com um sofá bem confortável, ideial para dormir. Com isso não precisava mais sair do laboratório. E não precisaria mais olhar na cara daqueles diretores estúpidos!
Eu pedia comida a minha secretária, que a encomendava no restaurante do prédio. E eu trocava de roupa com pouca frequência. Estava usando as poucas que levara comigo quando me mudara para lá. Tomava banho, me barbeava e fazia tudo no laboratório.
E o mais peculiar é que todas as visões que eu via no Elmo se passavam dentro do laboratório. Todas, sem exceção!

ESRV - Memória 05

Memória 05:

Quando cheguei em casa aquele dia, o céu já dava indícios de tempestade. E após duas horas sentado na frente da televisão , com o ESRV em seu devido lugar (ele já era ultrapassado para mim, que descobrira algo muito maior), toda a visão havia se realizado. O acidente no porto realmente ocorrera, e a tempestade seguia, com nuvens negras e relâmpagos cada vez mais próximos.
Com isso não havia mais dúvidas. De alguma forma eu fora capaz de criar um elmo que podia prever o futuro. E com uma riqueza de detalhes impressionantes.
No dia seguinte, fui novamente ver o que o elmo tinha para me mostrar. E a visão se tornou realidade novamente, é claro. Não restava dúvidas quanto ao poder da máquina criada por mim. Um poder impressionante, sobre o qual não possuo nenhuma explicação. Simplesmente não via como aquilo podia ser verdade!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sobre La Conquista

A Bah já deixou bem clara algumas coisas, mas vou dar uma segunda mão. ^^

A letra realmente nos remete a corrida marítima em busca de novos horizontes, territórios e principalmente de materias para extração.
Quando ele fala de despir o litoral com ar sensual vejo em claro tom ironico uma referência aos navegantes gordos, fedidos e que nunca trocavam de roupas, é claro que os nativos não saberiam o que fazer, eles andavam peladinhos mas tomavam banho nos rios (até então limpos e respeitados) todos os dias.
Eles vieram e obrigaram nativos que possuíam suas próprias crenças a acreditarem nas deles, isso é um assassinato cultural. Assassinaram cultura, religião é o próprio homem, nos roubaram o ouro e nos deram espelhos...

"Quem me dera
Ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro
Que entreguei a quem
Conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora
Até o que eu não tinha

(...)

Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Entender como um só Deus
Ao mesmo tempo é três
Esse mesmo Deus
Foi morto por vocês
Sua maldade, então
Deixaram Deus tão triste.

(...)"

Já postei essa canção no blog, mas ela vale ser lembrada, ao tentar impor um Deus mataram-no, talvez esse seja o mal de religiões cristãs, eles matam Deus a todo momentos, de porta em porta. Eles amam, louvam a Deus, mas esquecem de quem está ao lado, esquecem de amar e louvar a humanidade. Eles pregam coisas que não praticam e praticam coisas que não pregam, é estupidamente incompreensível.

A Bah colocou como os portugues no Brasil, mas vejo mais como os Espanhóis em suas respectivas ex-colônias, e o Mago parece tentar se desculpar pelos atos de seus antecestrais, e pedir para que nunca mais se conqiuste outro povo. É o mesmo pano de fundo em que "Como estais amigos" do Maiden foi composta, justamente para pedir desculpa aos nossos hermanos argentinos pelo controle das Ilhas Malvina pela Inglaterra e que passou então a se chamar Ilhas Falkland, mas não me pergunte sua situação atual.

"em uma batalha, as primeiras vítimas,
são a justiça e o amor"

Gandhi pregava o Ahimsa, principio de não-violência, pois a mesma gerará mais. Admiro o V, mas discordo de seus meios anárquico-terroristas de tomar o controle e assim trilhar um camiho de justiça e amor, mas numa batalha esses são as primeiras vítimas, e por mais que depois de passado o caos total, os seres humanos não irão conseguir viver numa sociedade sem um líder, ou com um líder com 100% de aprovação, isso é utópico, já discutimos isso e já chegamos à conclusão que cada um de nós representam idéias e ideais distintos, somos um universo parelelo.

O ser humano tem diversos defeitos à serem sanados, e nada muda se você não mudar, então que começemos a trilhar um caminho para um eu melhor, para um casa melhor, para uma rua melhor, para um bairro melhor, para uma cidade melhor, para um país melhor, para um mundo melhor... Melhor para todos nós!

Só quero deixar uns salves antes de partir:

Um viva a diversidade cultural! Um viva a vida!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Shows

Aew gente, to colocando aqui alguns show's que vi que vai ter no centro cultural de São Paulo.... o do Skylab eu nem preciso dizer que vou né ? .... alem destes ja coloco outros que se possível irei... bora (na verdade tem muito mais que pretendo ir XD)?

Rogério Skylab


O punk rock escatológico do cantor e compositor em show de lançamento do álbum Skylab - Gravação do DVD.
Entrada franca (a bilheteria será aberta com uma hora de antecedência) - Sala Adoniran Barbosa (631 lugares)

dia 20/9 - sábado - às 18h




Sarau astronômico
Evento promovido pela Divisão de Ação Cultural e Educativa e o Planetários de São Paulo, em que o público, além de ser convidado a observar o céu noturno da cidade por meio dos telescópios e técnicos em astronomia, participa de uma manifestação artística com músicas, danças, leituras de poemas e performances.

às 20h
Show Banda Marsicano Sitar Exp
com: Alberto Marsicano, Rodrigo Vitali e Andrei Ivanovic Show do CD Sitar Hendrix, indicado ao 49º Grammy (2007), que consiste em uma reinterpretação do rock hendrixiano, blues, música brasileira e clássica indiana.
informações: Divisão de Ação Cultural e Educativa, pelo tel. 3383-3437
Sexta, das 20h às 22h - Jardim Suspenso (lado Av. 23 de Maio)

OBS: GENTE... É DI GRATIS MANUUU

a programação completa: http://www.centrocultural.sp.gov.br/programacao_musica_popular.asp

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

ESRV - Memória 04

Memória 04:

No dia seguinte ao feriado, fui para o escritório mais cedo, e pedi para minha secretária que avisasse meus ajudantes que eles estariam dispensados aquele dia. Mandei dizer que não iria trabalhar no ESRV. Eles poderiam descansar mais um dia, e talvez no dia seguinte retomássemos a pesquisa.
Sentado no laboratório, fiquei fitando o Elmo durante muito tempo, imaginando o que eu deveria fazer. Resolvera aquela manhã que não contaria nada para ninguém. Pelo menos não enquanto não tivesse certeza. Mas só havia um jeito de ter certeza. E era testá-lo novamente.
Com relutância sentei na cadeira de testes e coloquei novamente o Elmo na cabeça. Realizei a sequência de comandos e esperei o computador processar o programa de realidade virtual. Então fechei meus olhos.
Quando os abri, percebi que estava em casa, sentado no sofá, com a televisão ligada. Eu não estava usando a antiga versão do ESRV (antiga para mim, porém era a última versão que estava à venda). Ela estava guardada na prateleira inferior da estante. Estava passando o noticiário, mostrando os detalhes de um acidente ocorrido no porto, envolvendo grandes perdas de materiais muito frágeis, usados na produção de computadores domésticos.
E pelas portas de vidro que dão para o jardim, se percebia grandes nuvens negras pairando no céu. Ocasionalmente se via um relâmpago ao longe. E com um relâmpago particularmente perto eu despertei. Estava de volta ao laboratório.
Até que tudo se confirmasse eu não poderia correr riscos. Por isso tranquei o laboratório com uma senha pessoal, que garantia acesso somente a mim, através de reconhecimento por DNA, que era recolhido instantaneamente através de uma pequena agulha, a ser pressionada com o polegar. Com isso meu segredo estava garantido. Agora só me restava esperar, para ver o que ia acontecer.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Sobre La Conquista

A letra me lembra muito aulas de história, principalmente a parte sobre colonização.

[...]"Creio que vi o Jardim do Éden
E ao pisar em terras firmes vi chegar

algumas pessoas ao ver
nossas roupas não sabiam o que fazer
."

Isso é como a chegadas dos portugueses ao Brasil, a impressão que eles tiveram, e a que os habitantes daqui tiveram.

"viemos para mudar
vossos sonhos pela fé
vosso ouro para ter
um deus e um rei a qual seguir"


A mudança da religião nativas e a imposição de um império.

"guerra, morte, destruição...
Nosso hino, que valor !
ao soldado e ao senhor
a conquista (da guerra...) os excitou
"

O que eles causaram com as conquistas e o gosto que eles criaram por elas.

[...]"pedirei que nunca mais
Se conquiste outro povo jamais"

[...]"
em uma batalha, as primeiras vítimas,
são a justiça e o amor"

Isso é o que todos deveriam ter pedido na época, e as melhores virtudes são sempre as mais afetadas.

La Conquista questiona, a colonização? É! muito estranho, mais se formos prestar a atenção, a destruição de Gaia começa com a colonização, pois o que eles achavam que era o Jardim do Éden se transformou no "purgatório". Conquistar e destruir, cristianizar ou matar, o ser humano é tão civilizado, prático e a pior coisa que já existiu na face da Terra. Então, se é pra falar sobre Gaia iremos até o fundo do baú de histórias e estudaremos a evolução do ser humano e a destruição que ele tem causado. De um ponto de vista muito pouco interpretativo, Mägo vai estudar a doença que vem exterminando Gaia para que sabe, futuramente acharmos uma cura.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

ESRV - Memória 03

Memória 03:

O dia seguinte a minha tentativa ineficaz de obter sucesso no problema do ESRV era um feriado da minha empresa. Era o aniversário da criação das Indústrias Bayard. Um feriado que eu mesmo criara, em homenagem direta a mim. E havia me esquecido disso.
Como de costume, o pessoal dos laboratórios superiores fizeram uma reunião informal, com a intenção de descontrair e relaxar. E como de costume também, fui o convidado de honra. Cumprimentei muitas pessoas e conversei com algumas. A festa era na casa do Rafael, o gerente administrativo da empresa. Como estava faminto (não comera nada desde o desjejum), resolvi ir até os fundos para petiscar algo. Foi quando avistei Johnson, sentado em uma mesa conversando com sua mulher. Quando me aproximei ele percebeu minha presença, e me convidou a me sentar com ele. Como queria perguntar a ele sobre o programa de teste do computador, aceitei o convite e me sentei no banco desocupado após cumpirmentar sua mulher, Joana.
Após alguns minutos de conversa, fui ficando calado. Alguma coisa estava errada. Eu podia sentir. Não! Eu sabia que algo estava errado. Apenas não sabia o quê exatamente.
Nesse momento Joana começou a conversar com Johnson sobre outros assuntos. Como estava pensando em outras coisas não prestei atenção no que diziam. Estava muito ocupado tentando decifrar o mistério que espreitava minha mente, brincando com minha imaginação, para escutar o que estavam dizendo. Mas no mesmo instante o problema se resolveu. Foi o cheiro que me despertou para a solução. O cheiro de carne assada!
E simultaneamente a conversa de Johnson com Joana ficou clara como água para mim. Eles falavam sobre instalar uma piscina multitermal em sua casa! E disseram isso com as mesmas palavras que eu já ouvira uma vez. Tudo se encaixou instantaneamente. O que chamara minha atenção no início fora a familiaridade do lugar. Eu já havia estado ali, vendo as coisas daquele ângulo. E a salada de batatas! Como eu não percebera a salada de batatas? Estava na minha frente o tempo todo, e eu não a havia notado! Eu, que tenho um intelecto único, especial, deixara passar detalhes importantíssimos. Era um absurdo!
Mas esse sentimento de humilhação deu lugar a um outro, muito pior: o medo. Foi a primeira que passou pela minha cabeça. Antes mesmo de refletir sobre qualquer possível resposta para aquilo, a única coisa que senti foi o medo. Um medo genuíno, que vem do fundo da alma. Mas usando toda minha força de vontade procurei me acalmar. Não fazia sentido algum. Como o que eu acabara de presenciar já havia sido visto, sentido, por mim mesmo? Aquilo parecia impossível! Ainda tonto pelo choque da revelação me levantei e me retirei, após algumas despedidas inevitáveis. Não é fácil ser o dono da empresa. Todos querem te bajular, puxar seu saco, esperando algo em retorno. E eu tenho que aguentar isso todos os dias, como o bom empresário que sou.
Quando cheguei em casa, bebi um bom gole de leite gelado. Leite gelado sempre me ajuda a relaxar. Então sentei em meu escritório e parei para refletir sobre o que havia acontecido. A idéia de que minha mente estava me pregando peças nunca foi levada a sério. Ora, é impossível que eu estivesse sofrendo alucinações. Não eu!
Então a única alternativa que sobrava era uma que eu também considerava impossível. A de que eu havia tido uma experiência precognitiva. Em outras palavras, visto o futuro!
Como aquilo me deixou confuso. Ao mesmo tempo em que me recusava a acreditar nessa hipótese, ela era a única que parecia possível. Passei a noite inteira remoendo os fatos, tentando achar outras explicações para o ocorrido. Porém foram horas infrutíferas. Nada de novo me ocorreu, apenas cresceu o medo em mim. Não o medo que senti quando percebi o que havia ocorrido. Mas o medo de não saber o que fazer. Estava completamente sem ação. Primeiro, não tinha certeza de nada, não sabia no que acreditar. E mesmo que acreditasse na única resposta encontrada, ainda não sabia que decisões tomar. Aquilo não era algo para o qual eu estivesse preparado.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

ESRV - Memória 02

Memória 02:

Primeiro dia de trabalho da semana. Acordei cedo, e tomei meu habitual desjejum. Pão integral enriquecido com um pouco de margarina protéica. Margarina protéica porque andava me alimentando mal ultimamente. Tenho trabalhado até tarde no laboratório, e com isso relaxei um pouco na alimentação e no sono.
Depois de me arrumar rumei para o laboratório. Chequei as ligações com a secretária e fui direto para minha sala. No momento estávamos focados no novo projeto do ESRV. Aquele que acreditávamos, iria mudar a vida das pessoas. A minha pelo menos foi uma delas.
Meu grupo particular de pesquisa e desenvolvimento era composto de três pessoas além de mim. Estávamos muito avançados na finalização do protótipo, que segundo minhas estimativas, ficaria pronto em pouco tempo. Porém haviamos encontrado um problema no projeto. E ainda não haviamos conseguido resolvê-lo. Trabalhavamos nesse problema singular já há quase uma semana. E sem sua solução o protótipo não funcionaria. Disso tínhamos certeza.
Como eu estava muito empolgado com o rumo que tomávamos em direção a solução, fiquei até tarde aquele dia no laboratório, estudando todas as possibilidades que me ocorriam. Eram aproximadamente três horas e o prédio estava vazio, exceto por mim, trancado em meu laboratório.
E foi naquela noite que aconteceu. Eu havia descoberto! Qual não foi minha alegria ao descobrir o que deveria ser feito para que tudo funcionasse conforme o planejado. Dei pulos de alegria, meu coração batia rápido com a excitação da descoberta. E como se tratava de algo de simples execução, me deixei levar pelo excitamento do momento e resolvi terminar o protótipo. Tal era minha paixão pelo ato da criação e descoberta que não hesitei em finalizá-lo sozinho.
Então trabalhei. A bancada na qual estava trabalhando se encontrava cheia de ferramentas e de máquinas de pequeno porte, que eram instrumentos de soldagem e aplicação de precisão extrema. Fixei todos os circuitos, os chips previamente desenvolvidos, e acoplei tudo ao Elmo, que por sua vez era acoplado ao grande computador central do meu laboratório.
Estava tudo pronto! Era hora de testar minha recente criação. O teste prévio feito pelo computador indicava que estava tudo certo. O elmo não representava risco para o cérebro humano. Com isso em mente, coloquei o Elmo na cabeça e iniciei a sequência de comandos que daria início ao teste programado de realidade virtual. Fechei os olhos, e foi isso que aconteceu:
Ainda com os olhos fechados, senti um pequeno vento no rosto. Senti também cheiro de carne assada. E ouvi vozes, vozes conhecidas. Então abri os olhos, e me vi sentado em uma mesa, em um quintal gramado nos fundos de uma casa. A voz que eu ouvira era de Johnson, um dos desenvolvedores da minha equipe. Ele conversava com sua mulher, que estava sentado à minha frente, se servindo de salada de batatas. Eles conversavam qualquer coisa sobre como uma piscina multitermal seria ideal agora que chegava o inverno. As crianças iriam adorar.
E assim como quando se acorda de um sono sem sonhos, num piscar de olhos me vi de volta ao escritório, sentando na cadeira de segurança, com o elmo em minha cabeça. Meio confuso com o que tinha visto, o retirei e o depositei na mesa. Bem, devo dizer que aquilo me deixou realmente perplexo. O que havia visto não fazia parte do programa de teste. Não fazia o menor sentido. Será que Johnson o havia modificado? Uma brincadeira talvez?
E além da perplexidade, estava completamente desapontado. Não havia conseguido a sensação de movimento que era o que estávamos procurando. Essa versão do ESRV não era diferente da anterior em quase nada. Apenas mostrava uma melhoria na resolução de imagem, na percepção auditiva e olfativa. Apenas isso. Desapontado e frustrado por ter me enganado de maneira tão humilhante resolvi ir dormir, e deixar todo o resto para o dia seguinte. Como ficara acordado até tarde aquela noite, dormi um sono profundo, sem sonhos.

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