Texto: Douglas Nascimento / Fotos: Agência Latente
O rumo que se segue toda essa "coisa linda" está me preocupando.
A cidade é nossa, mas quem somos nós mesmos? |
É tudo muito lindo, tudo muito empolgante, mas... afinal, sobre o que era mesmo que a gente protestava? contra o aumento? Ótimo, legal...mas... ou será que...
Não, não... era contra a corrupção... isso, era contra corrupção... isso, tem que cair a Dilma e o Haddad... (oi?) e leva o Lula junto...
Não, espera, era contra os partidos esquerdistas que sempre estiveram em manifestações e levantando a bandeira pela minoria, que não poderiam fazer parte da manifestação... issooo era isso...malditos comunas... não, espera... ixi, confundi tudo!
Pela redução dos impostos dos eletrônicos portáteis? |
Ahhh lembrei, era contra redução de impostos, isso, agora sim, redução de impostos, afinal, pagamos impostos demais nos iphones que nos fotografam para depois postar no instagram... isso, era isso...
Aprendemos a ir para as ruas, agora só falta um foco, só falta um objetivo, e além de tudo, um ideal a seguir...
... Estou pulando contra o quê? Quais as consequências do meu pulo, do meu grito, do meu canto?...
As manifestações, ok, força, mas meu senso crítico me alertou que algo está estranho...
Há muitas causas a serem defendidas e manifestadas, claro, sem dúvida, menos carros, mais bikes, menos felicianos, mais amor, menos carne, mais vegetais (rs), fora bancada ruralista, fora bancada religiosa, cadê o estado laico? Legalização do aborto? Cadê? ...
Mas precisa-se pensar que o eco de um grito, pode causar uma avalanche.
Presenciei segunda, presenciei terça... nada como provar para saber o gosto que tem...
Temos um gigante que saiu de um quadro do Escher, no qual ele acorda, vai pra frente do computador e na tela ele vê um gigante acordando e indo pra frente do computador, na qual tem um gigante indo pra frente da tela do computador... e assim vai, acordou, mas não sabe o que vai fazer durante o dia... a periferia nunca dormiu.
Está claro que tornou-se uma massa manipulável, facilmente maleável, como abelhas chamadas a um copo de refrigerante a céu aberto.
Quem representa quem? |
Sequer é refletido que a grande mídia sempre dá o seu jeitinho de manipular, sempre tem seu momento oportuno para aparecer e, ao melhor estilo criacionista, fazer brotar a manchete. Bem ela que sempre oferece os quinze minutos de fama, já foi mais que suficiente... tecendo ataques, enquanto ela própria fora atacada... mas quem precisa saber né!?...
A sofrida classe média paulistana que só fazia reclamar dos impostos pelo facebook, finalmente vai às ruas: “Sim, saímos do facebook”, nossa chance!
Brado retumbante!
V de Vinagre |
Belo exemplo de fascismo democracia estamos tendo, onde a jovem militância de um partido o qual sempre lutou pelas causas da minoria é enxotado a socos e ponta pés com seus estandartes queimados... queimar uma bandeira é queimar um ideal, tornado às cinzas por quem acordou pro mundo a cinco minutos e já quer estar em Marte.
A proposta não é ser partidário, mas sim lutar por uma justiça, não ser oportuno e ver que o irmão que está do lado, não está em cima, mas justamente do lado, vejo milhões de máscaras do V, mas atrás da máscara, tem um “B” bem grande, de burro, pois se queriam fazer estrago mesmo, teriam que colocar a máscara do Brad Pitt no “clube da luta” e explodir todos os bancos, a fonte da desigualdade, reclamar de impostos é nada menos do que olhar para o próprio umbigo e vestir a camisa da sofrida classe média futebol clube.
Perdeu o sentido pra mim, quando a gigante ergue a faixa, assinada como #mooca, rsrs “má ôe, olha a caravana da Mooca!” pedia o fim dos impostos. Pronto, não é mais tarifa absurda e condições precárias no transporte, a questão agora é, o que fazem com o meu dinheiro... meu dinheiro, dinheiro, dinheiro...tudo gira em torno de dinheiro, alega-se, não são por apenas 20 centavos, são 20 razões... alguém me mostra as outras 19?
A que dizia respeito ao imposto eu achei...
2 comentários:
Bom texto, muitas ideias, muitas que concordo, há algumas ideias meio "perdidas" no texto que merecem serem debatidas. Vê se aparece nos próximos encontros do IN. Abraços!
Gostei do texto, e das repetições. 'cê escrevendo parece alguma música do Gabriel, o Pensador!
Sobre o antipartidarismo, a minha maior dúvida é: O QUE AS PESSOAS QUEREM, AFINAL?
Bradam pela saída dos partidos, mas não sabem o que querem no lugar disso.
Particularmente, eu nunca fui a favor de partidos e vejo diversas, incontáveis falhas nesse sistema. Gosto muito daquele bordão "O povo unido governa sem partido", mas entendo que HOJE os partidos são NECESSÁRIOS. Às vezes nem acredito até que a nossa sociedade seja capaz de se organizar dessa forma que eu acho bonita, sem representantes, todos unidos. Penso que é uma utopia, até.
Mas uma coisa que eu sei que não é certa é querer homogeinizar as pessoas, a sociedade, e tudo, e isso dá uma brecha enorme pro fascismo e afins.
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