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Segundo informações prestadas pela CPTM no local, as obras começariam nessa segunda-feira, dia 28, com previsão de entrega de até 120 dias.
Percurso
Na fase inicial, a ciclovia irá da estação Vila Olímpia da CPTM até perto da represa Billings, num trajeto de cerca de 14km. A idéia é ampliá-la até o Parque Vila Lobos, num total de 22km, mas para isso precisa ser estudada a criação de um acesso ao parque.
Pelo que o CicloBR apurou no local, também precisa ser feita uma recuperação do asfalto nesse segundo trecho.
Veja o mapa que o +Vá de Bike!+ preparou, com o percurso total da ciclovia, clicando na imagem ao lado.
A pista
Já existe uma pista no local, utilizada hoje pela EMAE. Essa via é praticamente uma ciclovia pronta, como já mostrou o CicloBR no ano passado, faltando apenas os acessos a ela. Hoje ela é utilizada por veículos de manutenção da EMAE e por alguns funcionários da empresa que a usam como atalho para fugir do trânsito da Marginal.
Não vejo necessidade de pintar a pista de vermelho, já que ela não está inserida em meio ao tráfego comum das ruas e não precisa ser destacada em relação a outras faixas. Seria interessante apenas pintar o símbolo da bicicleta no chão e, futuramente, sinalizar as saídas.
Em todo esse primeiro trecho, da Estação Vila Olímpia até perto da Billings, o asfalto está ótimo. No caminho inteiro vi apenas UM buraco e, mesmo assim, não era lá grande coisa.
Gradil
A pista segue praticamente todo o caminho acompanhando os trilhos do trem, a uns bons metros de distância. Mas, por segurança, será colocada uma grade em toda essa extensão, para evitar que alguém resolva arriscar a vida se aproximando dos trilhos.
Acessos
A maior dificuldade são os acessos: de início haverá apenas dois, um em cada ponta. Outros estão sendo estudados, pois envolvem alterações nas pontes. Não é possível utilizar os mesmos acessos das estações porque eles não levam além dos trilhos e porque eles ficam além das catracas – e a idéia é que o acesso à ciclovia seja gratuito, claro.
Adaptar as pontes pelo caminho para permitir o acesso dos ciclistas é realmente a melhor solução, até porque serve como forma de integrá-los ao tráfego, com sinalização e travessias adequadas, ao sair da ciclovia e voltar para as vias de uso comum. E o acesso fica muito mais simples e prático se feito diretamente pela ponte em vez de obrigar o ciclista a entrar pelas estações, até porque elas ficam apenas de um lado do rio e nem sempre junto a pontes.
Vila Olímpia
O acesso será feito por uma passarela, que hoje é de uso restrito, ao lado da estação. Essa passarela é composta de vários lances de escada, mas será adaptada para ter rampas. A adaptação está em estudo.
Autódromo
Na outra ponta, que fica perto da estação Autódromo (porém do lado “de cá” do rio), a proposta é fazer uma praça de serviços ao ciclista, com banheiros, posto de consertos e outros serviços que estão sendo estudados. Aliás, seria bom colocar alguns banheiros ao longo do trajeto…
Nesse local é possivel fazer um acesso relativamente simples à R. Miguel Yunes, sem precisar de passarela ou adaptações.
Cenário
O que mais me impressionou foi o cenário que encontrei ali. Eu esperava ver uma paisagem desolada, apenas com lixo e mau cheiro, mas me surpreendi: apesar de poluído e sujo, o rio é muito bonito. Em volta, muitas árvores, flores, pássaros e capivaras. Dali de baixo temos uma visão diferente da cidade.
Saindo da estação Vila Olímpia em direção à Autódromo, entre a ciclovia e os trilhos do trem há um canteiro largo com árvores e plantas de vários tipos. Algumas pequenas árvores exibiam pequenos frutos alaranjados em cachos, misturados a algumas flores roxas eventuais. Outras tinham todas as folhas em tons de vermelho. Outras ainda estavam totalmente floridas.
O rio, largo e de águas tranquilas, com suas margens verdes e as garças voando por cima, dá uma visão bonita, mas estragada eventualmente por alguns montes de plástico acumulados na margem oposta. Conforme avançamos em direção à represa, era possível ver cada vez mais lixo boiando no rio e o paisagismo foi deixado de lado. Espero que, agora que a margem começará a ser frequentada, estendam o trabalho de paisagismo até o trecho “menos nobre”.
Lixo
Percebe-se, pelas estações de flotação e balsas, que há um esforço em tentar limpar o rio, mas não adianta limpar se o lixo continua chegando. Além de lixo “visível”, há esgoto misturado à água. E o esgoto que vai parar no rio é todo de construções irregulares e favelas sem saneamento básico, que descarregam direto nos rios, certo? Errado. Há muitos edifícios de classe média e classe alta, não muito antigos (alguns até novos) que descarregam o esgoto na galeria de águas pluviais, aquela por onde escorre a enxurrada em dias de chuva depois que entra numa boca de lobo. Aquela galeria desemboca em um rio, levando com ela tudo que for jogado ali, seja o lixo que estava na rua ou o esgoto daquele prédio bonitão que você nem desconfia.
E o cheiro?
No início do percurso, dava para sentir o cheiro do rio, mas de forma suportável. Duas estações depois, o cheiro havia sumido, voltando só na altura das estações de flotação, lá na frente. Dizem que com o aumento da temperatura da água em dias de calor, as bactérias realizam mais seu trabalho de decomposição do esgoto que está misturado no rio e o cheiro fica mais forte.
Potencial turístico
Em alguns pontos, poderia haver restaurantes ou cafés, atraindo frequentadores para as margens durante os finais de semana e talvez até durante a semana. As margens já estão muito bonitas e podem ficar ainda mais se o rio for despoluído.
Avaliação
A ciclovia pode ajudar centenas (talvez milhares) de ciclistas que trafegam pela Marginal Pinheiros todos os dias. A área de várzea da Marginal, sem subidas, aliada à falta de alternativas viáveis ao ciclista em quase todo o percurso, já torna a Marginal Pinheiros a escolha de muitos ciclistas, ao menos em parte do trajeto. Na ciclovia, eles estarão protegidos do tráfego agressivo das pistas que a rodeiam.
Mas ainda é necessário criar vários acessos, para atender também a quem precisa entrar ou sair da ciclovia antes dos pontos incial e final. Isso está nos planos, mas não pode demorar.
Se for criado um acesso da Ciclofaixa de Lazer (que liga os parque do Ibirapuera, do Povo e das Bicicletas aos domingos) até a entrada dessa ciclovia, ela se tornará uma ótima opção para quem quiser fazer um passeio diferente de bicicleta no final de semana.
A experiência de pedalar ali e se sentir perto do rio que a cidade esqueceu vale a pena.
Leia mais no Último Segundo.
Fotos: Willian Cruz / +Vá de Bike!+
Um comentário:
Pelo que andei lendo, essa "ciclovia" vai estar mais pra "ciclofaixa de lazer" mesmo... Infelizmente...
É preciso criar acessos aos bairros no mínimo, e ter iluminação noturna, para ser devidamente usada para transporte diário dos ciclistas.
É difícil fazer alguém entender que bicicleta é meio de transporte, e não somente lazer.
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