Texto: Luciana Bender/ Fotos: wall.base
Resolvi escrever esse post como uma forma de desabafo e de reflexão. Já faz mais de três anos que trabalho na área de vendas, não de forma contínua, mas ainda assim é uma grande e valorosa experiência. Nesse período pude aprender muitas coisas, principalmente na forma de avaliar meus clientes e de lidar com os profissionais que me atendem quando os papéis se invertem.
Em virtude da minha experiência, considero-me aquela cliente que quando, de alguma forma, sai insatisfeita de um lugar, nunca mais faz compras por lá. Foi o que aconteceu em minha última visita ao Subway, há mais de um ano. Eu jantava lá todos os finais de semana, um péssimo atendimento fez com que eu nunca mais comesse uma daquelas milhares opções de lanche. Não me excedo ou reclamo, simplesmente deixo de visitar o estabelecimento.
Outra coisa que aprendi foi em como lidar com meus dias mais difíceis. Nossa sociedade de forma geral exige que vistamos uma máscara para mostrar ao mundo que estamos bem, quando isso não é real. No segmento de vendas, isso é muito mais forte, já que o contato com as pessoas é direto. Problemas todo mundo têm, a diferença é que precisamos aprender a separar nossas emoções de nossas atividades.
Em virtude de vestir essa máscara diariamente, fico frustrada quando vou a estabelecimentos, como a pizzaria no Itam que fui com meu namorado, e sou mal atendida. Um restaurante que recebe pessoas de classes mais altas, no mínimo, deveria saber ouvir os seus clientes. Nunca faço isso, mas naquela noite, chamamos o gerente do estabelecimento reclamando da demora, dos erros de atendimento e da falta de garçons para nos ajudar, ele preferiu argumentar conosco ao invés de resolver ou esclarecer nosso problema. Saímos irritados e frustrados. Uma noite que parecia perfeita acabou da forma mais desagradável possível.

Complementando essa simplicidade e agregando com a minha experiência na livraria vou ilustrar com mais um exemplo. Trabalho no Morumbi e atendo pessoas de classes muito altas e posso garantir que esse é um público muito difícil, pois raramente agradecem por sua atenção ou por sua disposição em tentar ajudar, desejar uma “boa tarde” ou “bom fim de semana”? Mais raro ainda. Em contrapartida, atendo também pessoas muito simples. Semana passada atendi um motoboy que estava prestando serviço para um dos nossos clientes, percebi que ele tinha pouco estudo e tampouco sabia o que significava a palavra “título”, no entanto, com toda a sua simplicidade, ao terminar o atendimento ele agradeceu e desejou um “bom final de semana”, mais uma contradição, não é mesmo?
Algumas pessoas possuem a triste perspectiva de que dinheiro e educação andam de mãos dadas. Quando comecei a escrever esse post não tinha a intenção de envolver classes sociais, queria apenas mostrar a vocês a visão de uma pessoa que é paga para atender suas necessidades e desejos, como é difícil a vida que levamos e como temos que ter muita sensibilidade para perceber que algumas pessoas parecem sair de casa com a intenção de estragar o dia de alguém, e fazer de tudo para que elas não consigam.
Dizer “bom dia” e “obrigada” não mata ninguém. Ontem meu namorado enviou-me um texto dizendo que “não tinha como não lembrar de você”, chamado: Salvo pela gentileza. Espero que vocês reflitam e comecem a perceber que nós temos emoções, problemas e que mesmo assim, queremos ajudá-los. Portanto, não descontem em nós suas frustrações, tentem resolvê-las e não apenas despejá-las nas costas de mais alguém.
“Conta-se uma história de um empregado em um frigorifico da Noruega que certo dia, ao término do trabalho, foi inspecionar a câmara frigorífica. Inexplicavelmente, a porta se fechou e ele ficou preso dentro da câmara. Bateu na porta com força, gritou por socorro, mas ninguém o ouviu. Todos já haviam saído para suas casas e era impossível que alguém pudesse escutá-lo. Já estava quase cinco horas preso, debilitado com a temperatura insuportável. De repente a porta se abriu e o vigia entrou na câmara resgatando-o com vida.
Depois de salvar a vida do homem perguntaram ao vigia:
- Por que foi abrir a porta da câmara se isto não fazia parte da sua rotina de trabalho?
Ele explicou:
- Trabalho nesta empresa há 35 anos. Centenas de empregados entram e saem daqui todos os dias e ele é o único que me cumprimenta ao chegar pela manhã e se despede de mim ao sair. Hoje pela manhã ele disse
“Bom dia” quando chegou. Entretanto, não se despediu de mim ao sair. Imaginei que poderia ter acontecido algo. Por isso o procurei e o encontrei.
Pergunta: será que você seria salvo?”
Autor desconhecido