Texto: Carine Farias / Fotos: Pedro Abreu
Quem poderia imaginar que ensinamentos transmitidos há milhares de anos, no outro lado do planeta, em uma cultura tão distinta da nossa, pudessem nos ajudar, aqui e agora, a ter uma vida melhor: mais saudável, equilibrada e sustentável. Estes ensinamentos são a base do Yoga.
Aqui no ocidente, muitas pessoas relacionam Yoga com exercícios físicos de alongamentos intensos ou práticas complexas de meditação. Mas Yoga vai além de seu conhecido enfoque no corpo físico ou em meditações.
Comigo foi assim: comecei a praticar sem saber de toda sua profundidade filosófica. Para ser sincera, na primeira aula, estranhei muitas coisas e cheguei a pensar que Yoga não era para pessoas como eu: agitadas, sedentárias e sem nenhuma prática religiosa. Passada esta primeira impressão equivocada, fui me familiarizando com a prática das posturas, do relaxamento e dos exercícios de respiração.
Em pouco tempo, eu já sentia os efeitos positivos da prática: melhora no sono, maior consciência corporal, mais disposição e maior capacidade de concentração. Mas o que começou a mudar a minha vida, de fato, foi entrar em contato com os ensinamentos presentes na literatura do Yoga e do Vedanta.
São ensinamentos voltados pra o autoconhecimento e para o desenvolvimento nas dimensões física, energética e espiritual. Esses conhecimentos são atemporais e se aplicam a toda humanidade, independente de raça, época ou lugar, pois falam da porção essencial comum a todos os seres humanos.
Eu tive a sorte de praticar com uma professora muito comprometida e estudiosa dessa filosofia e ela nos transmitia estes conhecimentos ali nas práticas, entre uma postura e outra e ao longo do relaxamento e da meditação. Fui ficando cada vez mais fascinada pela profundidade destes ensinamentos que, ao meu ver, diziam mais da natureza humana do que a própria Psicologia que eu já vinha estudando ha anos. Estes ensinamentos me ajudaram muito a melhorar meu relacionamento comigo mesmo, com os outros e com o meio ambiente. (Gostei tanto que me formei instrutora!).
Isto porque a ética do Yoga é pautada em valores universais que guiam seu praticante no caminho do Dharma, ou do bem-comum. O estudo dos textos do Yoga conduzem a atitudes conscientes e comprometidas com o bem-estar de todos e com o desenvolvimento pessoal.
Não demorei para perceber que praticar Yoga com frequência me ajudava a manter o corpo físico forte, flexível e saudável, além de equilibrar o corpo energético e as emoções. Contribuiu também para aumentar a consciência corporal e a consciência da própria respiração, ajudando a manter a mente mais quieta e a atenção focada. Em pouco tempo, pude literalmente sentir na pele todos esses efeitos. Mudei inclusive minha alimentação, tornando-me vegetariana.
Mas o objetivo primordial do Yoga, que vai além disso tudo, é Moksha, normalmente traduzido como Libertação ou Iluminação. De forma simplista e reduzida, isto significa libertar-se dos condicionamentos e consequentemente do sofrimento. Segundo o Yoga, o sofrimento humano advém da ignorância de nos identificarmos com os papéis que desempenhamos (filho, mãe, funcionário, chefe, etc) e da busca incessante de felicidade e amor fora de nós, enquanto nos esquecemos ou ignoramos que a nossa essência é essa felicidade, amor e paz.
A prática de Yoga, portanto, serve também para nos lembrar disso: “já somos o que desejamos” “somos perfeitos assim” “temos exatamente o que precisamos para evoluir aqui e agora”. Tal prática é em si uma oportunidade de autoconhecimento, de contato com o próprio corpo, com a respiração e com as emoções e de colocar em prática os valores do Yoga. É por meio deste autoconhecimento que somos capazes de identificarmos nossos padrões mentais e de comportamento para então alterar aqueles que consideramos nocivos ao nosso desenvolvimento, nossa saúde, aos nossos relacionamentos, etc.
Qualquer pessoa pode (e deve) praticar Yoga independente de sua idade, crença ou condição física. Existe uma prática adequada para cada biotipo e para as diferentes expectativas: práticas intensas ou suaves, restaurativas, com mais movimento ou mais permanência, mais focadas no corpo físico ou no corpo energético, mais voltadas para idosos, crianças, gestantes, etc.
Praticar Yoga é, sobretudo, olhar para dentro. Isso é muito importante neste mundo em que vivemos, pois somos levados a estar todo o tempo voltados para fora, onde há tanta informação por segundo que mal conseguimos registrar, onde há tanta competição e comparação que perdemos a capacidade de se colocar no lugar do outro e de ter compaixão, onde há tanta alienação de si mesmo, que não damos a devida importância para a nossa saúde, nossos relacionamentos e nosso ambiente.
O Yoga serve para nos despertar para uma vida melhor e mais consciente. E é esse também o objetivo do Idéia Nossa: trazer consciência e qualidade de vida para as pessoas. Por isso acredito nesta ligação, acredito que o Yoga possa chegar para somar e nos aproximar destes objetivos. Aliás um dos significados da palavra Yoga é união, e que esta seja duradoura...
Um comentário:
Próximo Yoga em Taboão Rock City, que tal?
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