--- Frase de Agora! ---
"A água é para os escolhidos
Mas como podemos esperar que sejamos nós..
... eu e você?"

Máquina do Tempo: Vaga Viva do Coletivo Ideia Nossa. A única vaga viva do lado de cá da ponte =) Vaga Viva do Ideia Nossa

Destaque da Semana: Onde está o sol que estava aqui?
Ladrões de sol, crise hídrica e êxodo rural

sábado, 30 de abril de 2011

Papel de parede - Maio 2011

Aeee! Para minha alegria, um pouco mais de cor nos wallpapers do INR que estavam saindo só em preto-e-branco neste ano, mas agora, um pouco da cor que o windows mais gosta, azul!
Confiram:


Disponivel para download nas dimensões:

Vegana - Habitantes das Águas

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Remédios demais

Eu sei que faz um tempo que passou a manchete do #nãofoiacidente nas emissoras (apesar de não fazer muito tempo de algumas reportagens exclusivas com os ciclistas e com o motorista do caso), mas escutando o novo álbum da banda Matanza - Odiosa Natureza Humana, em sua primeira música me lembrou o incidente.

Não vou me alongar muito sobre os fatos que muitos de vocês já viram, mas vou deixar aqui um vídeo sobre o acidente e a musica chamada Remédios Demais. Em ambas temos justificativas medíocres para causa dos acidentes.








...
"Era pra frear e eu acelerei
Era só desviar, mas eu nem tentei
Passei por cima de seis"
...
"Por que eu tomo remédio demais
Por que eu sinto raiva demais
Tanto que eu não durmo mais
Já estou vendo o mal que isso faz"

Se ainda fosse assim com o caso do bancário Ricardo Neis, pelo menos haveria a coragem pra assumir o que fez e enfrentar as conseqüências, mas não, o caso veio à grande mídia que só serviu pra dispersar as opiniões envolvidas e tirar a pressão, quando na realidade deveria fazer o contrário.

Fica para análise de vocês, e me despeço.

Obs: Praticamente todas as midias enfatizaram o fato de que o grupo de ciclistas andavam sem notificar as autoridades (no caso, os policiais). Alguém quando vai à padaria avisa ao policial que está saindo com sua bicicleta?
As bicicletas são um meio de transporte assim como os carros, e se querem saber, segundo o código de transito, as bicicletas têm prioridade sobre os carros. Se alguém tem de avisar que vai sair com seu veiculo na sua, esse alguém é o problematico atrás do volante que não sabe respeitar o ciclista.

George H. S. Ruchlejmer
@george_hsr
"Sua ideia é IdeiaNossa.blogspot.com"

terça-feira, 26 de abril de 2011

Abecedário ExtaOrdinário: POP-Art (Por Willian Safra)

7Entre as criações humanas a que se destaca tão bem no dia-a-dia é a qual é tema desta vez no abecedário.

A pop-art. Assim como a maior parte da arte, surge em um contexto histórico de tribulações ou de crítica aprofundada dos conceitos de um movimento ou método de expressão. A pop-art, não escapa disso.

O que seria o Pop? Se levar em conta a simples expressão de POP por popular, será de grande brilhantismo de minha parte dizer que não é, a fim de elucidar pormenores básicos direcionado a engrandecer o meu ótimo senso artístico. Pois bem leitor, não farei isso, é simplesmente isso que se diz. Popular.
- O que seria da vida sem conclusões óbvias, escondidas em um mar teórico? -
Junte POP com ART. ("Art", em sentido de "arte") Então senhores, tenho agora a POP-ART, a arte popular.

Antes que pense ser uma base arcaica dos jargões propagandísticos do governo lula como "Um país de todos" ou "Casa para todos", aí que está o mistério. Ela é e não o é ao mesmo tempo!
Veja só que interessante leitor, lembra-se que comentei que a maior parte da arte se baseia em um período de tribulações? Pois bem, em sua primeira menção na década de 50, ela se referia a toda bugiganga cultural proveniente dos costumes ocidentais, principalmente dos EUA.

O que ocorria na década de 50? Um momento de pós-guerra, onde Macarthismo e divulgação do "American Way of Life" estavam em clímax. O expressionismo não concreto dominava os meios artísticos, e a pop-art surge em protesto e oposição.
Agora, creio que se pergunta, "Tudo bem, mas como deu-se essa oposição? Será que era xingando muito no Twitter, ou ficando em frente a um sistema capitalista com uma plaquinha "Soy Chê"?

Claro que não! Além da internet naquela época ser uma tecnologia militar, se fizesse alguma manifestação pró-comunismo, certamente sumiria por uns dias, quem diria anos.
Os precursores como Andy Warhol (1927-1987), tiveram a brilhante idéia de transformar os símbolos populares de expressão abstrata, em algo concreto.

Nesta figura clássica de Andy Warhol, ele utilizou um ícone de época como Marilyn Monroe, para refletir a idéia do mecanicismo na produção de imagens ao contrário do trabalho manual. (Se não o perceberam, pensem em sua impressora quando algum cartucho está vazio, provavelmente a imagem que sairá impressa será parecida com alguma dessas).

Ao comentar anteriormente que é e não é popular ao mesmo tempo, é pelo fato que se utilizando formas tão marcantes culturalmente com foco a um expressionismo concreto, ele ao passar do tempo se torna abstrato por simplesmente ser aos poucos transformado em cultura de massa! Quem nunca teve uma camisa ao estilo pop-art, que depois se tornou símbolo abstrato de massa?

Então meus senhores, a pop-art é pop enquanto ninguém mais teve a idéia de fazer um trabalho baseado nela, se já o fez, virou abstrata.

Pelo menos a quem não conhece seu contexto histórico, é claro! Desse ponto, pergunto "A cultura de massa o sabe”?

Para quem o sabe, é pop-art. Irônico não?

Texto escrito pelo nosso mais novo leitor e autor do Idéia Nossa: Willian Safra.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Grupo Feira Livre

Hey, hoje sou eu quem faço a dica de download. Aproveitar a onda de nacional da última semana recomendo este álbum do Feira Livre. Formado pelo Gabriel Lopes (muito atencioso em alguns contatos que tive com ele) e o Thiago Mocotó (sempre alternativo em suas composições e irmão de Gabriel Pensador) fizeram um ótimo trabalho à base de violão, voz e pandeiro basicamente. Além do mais, diferentemente do álbum Braia que veiculamos aqui eles disponibilizaram TODO o conteúdo no blog da banda. Ótima iniciativa que não ficou somente no album original (com todas as mp3 completas) como no album ao vivo e nos vídeos do DVD disponibilizados no youtube!



1.Oposto (download)
(Gabriel Lopes/Tiago Mocotó/Vitu)

2.Tentação (download)
(Tiago Mocotó/Gabriel Lopes)

3.Outra Maneira de Viver (download)
(Gabriel Lopes/Tiago Mocotó/Rodrigo Braga/Dudu Fagundes)

4.Té Mais (download)
(Tiago Mocotó/Gabriel Lopes/Ale deMorais)

5.Ser Maior (download)
(Tiago Mocotó/Gabriel Lopes/Augusto Bapt/Rodrigo Braga)

6.Me Diz com Quem Andas (download)
(Gabriel Lopes/Tiago Mocotó/Ricardo Moreno/Claudio Lyra)

7.Só Tivemos Uma Noite (download)
(Tiago Mocotó)

8.Mar Desconhecido (download)
(Tiago Mocotó/Marcos Oliva)

9.Caminho Natural (download)
(Tiago Mocotó/Marcos Oliva)

10.Nem Saí da Cama (download)
(Gabriel Lopes/Tiago Mocotó/Marcos Oliva/Stanley Zvaig)

11.Quem Viver Verá (download)
(Tiago Mocotó/Gabriel Lopes)

Extras
12.Oposto Remix (download)
(Remix por Emerson Sperandio e Gabriel Lopes)

13-Outra Maneira de Viver Remix (download)
(Remix por Hej)

Fica aqui uma prévia pra vocês sentirem a pegada da banda.


Contato da banda:
Myspace / Facebook / Twitter

Espero anciosíssimo pelo próximo album e pela visita deles em São paulo!
Novamente meus parabéns aos dois músicos/compositores e a disponibilização completa (e individual) de todo o trabalho!

George H. S. Ruchlejmer
@george_hsr
"Sua ideia é IdeiaNossa.blogspot.com"

domingo, 24 de abril de 2011

Por quê não vão ajudar crianças com fome?

RESPOSTA À PERGUNTA DE ALGUMAS PESSOAS
por Francisco José Papi

"Por que não vão defender as crianças com fome?"

Questão interessante.
Vamos ver se essa eu consigo responder de modo didático.

1) Quem faz esta pergunta admite que existem dois tipos de pessoas no mundo:
As Pessoas Que Ajudam e as Pessoas Que Não Ajudam.
Além disso, admite também que faz parte das Pessoas Que Não Ajudam, afinal, do contrário, diria "Por que não me ajudam a defender as crianças com fome?", ou "Venham defender comigo as crianças com fome!", ou "Não, obrigada, vou defender as crianças com fome".

Então ela se coloca claramente através de sua escolha de palavras como uma Pessoa Que Não Ajuda.

É curioso a Pessoa Que Não Ajuda, não faz nenhum esforço para ajudar, mas, sim, para tentar dirigir as ações das Pessoas Que Ajudam. É bastante interessante. Se eu fosse até sua casa organizar sua vida financeira sob a alegação de que eu sei muito mais sobre administração familiar eu estaria interferindo, mas ela se sente no direito de interferir nas ações que uma pessoa resolve tomar para aliviar os problemas que ela encontra ao seu redor.
É uma Pessoa Que Não Ajuda, mas ainda assim quer decidir quem merece ajuda das Pessoas Que Ajudam e o nome disso é "prepotência".

2) Pessoas Que Ajudam nunca vão ajudar as "crianças com fome". Nem tampouco os "velhos", os "doentes" ou os "despossuídos". E sabe por que?
Porque "crianças com fome" ou "velhos" ou qualquer outro destes é abstrato demais. Não têm face, não são ninguém. São figuras de retóricas de quem gosta de comentar sobre o estado do mundo atual enquanto beberica seu uisquezinho no conforto de sua casa.

Pessoas Que Ajudam agem em cima do que existe, do que elas podem ver, do que lhes chama atenção naquele momento. Elas não ajudam "os velhos", elas ajudam "os velhos do asilo X com 50,00 reais por mês".
Elas não ajudam "as crianças com fome", elas ajudam "as crianças do orfanato Y com a conta do supermercado".
Elas não ajudam "os doentes", elas ajudam o "Instituto da Doença Z com uma tarde por semana contando histórias aos pacientes".
Pessoas Que Ajudam não ficam esperando esses seres vagos e difusos como as "crianças com fome" baterem na porta da sua casa e perguntar se elas podem lhe ajudar.
Pessoas Que Ajudam vão atrás de questões muito mais pontuais.
Pessoas Que Ajudam cobram das autoridades punição contra quem maltrata uma cadela indefesa sem motivo.
Pessoas Que Ajudam dão auxílio a um pai de família que perdeu o emprego e não tem como sustentar seus filhos por um tempo.
Pessoas Que Ajudam tiram satisfação de quem persegue uma velhinha no meio da rua.
Pessoas Que Ajudam dão aulas de graça para crianças de um bairro pobre.
Pessoas Que Ajudam levantam fundos para que alguém com uma doença rara possa ir se tratar no exterior.
Pessoas Que Ajudam não fogem da raia quando vêem QUALQUER COISA onde elas possam ser úteis. Quem se preocupa com algo tão difuso e sem cara como as "crianças com fome" são as Pessoas Que Não Ajudam.

3) Pessoas Que Ajudam são incrivelmente multitarefa, ao contrário da preocupação que as Pessoas Que Não Ajudam manifestam a seu respeito. (Preocupação até justificada porque, afinal, quem nunca faz nada realmente deve achar que é muito difícil fazer alguma coisa, quanto mais várias).
O fato de uma Pessoa Que Ajuda se preocupar com a punição de quem burlou a lei e torturou inutilmente um animal não significa que ela forçosamente comeu o cérebro de criancinhas no café da manhã. Não existe uma disputa de facções entre Pessoas Que Ajudam, tipo "humanos versus animais".

Geralmente as Pessoas Que Ajudam, até por estarem em menor número, ajudam várias causas ao mesmo tempo. Elas vão onde precisam estar, portanto muitas das Pessoas Que Ajudam que acham importante fazer valer a lei no caso de maus-tratos a um animal são pessoas que ao mesmo tempo doam sangue, fazem trabalho voluntário, levantam fundos, são gentis com os menos privilegiados e batalham por condições melhores de vida para aqueles que não conseguem fazê-lo sozinhos.
Talvez você não saiba porque, afinal, as Pessoas Que Ajudam não saem alardeando por aí quando precisam de assinaturas para dobrar a pena para quem comete atrocidades contra animais, que estão fazendo todas estas outras coisas, quase que diariamente. E acho que é por isso que você pensa que se elas estão lutando por uma causa que você "não curte", elas não estão fazendo outras pequenas ou grandes ações para os diversos outros problemas que elas vêem no mundo. Elas estão, sim. E se fazem ouvir como podem, porque sempre tem uma Pessoa Que Não Ajuda no meio para dar pitaco.

Então, como dizia meu avô, "muito ajuda quem não atrapalha". Porque a gente já tem muito trabalho ajudando pessoas e animais que precisam (algumas até poderiam ser chamadas tecnicamente de "crianças com fome", se assim preferem os que não ajudam).

Halem Guerra do Ecosul complementa:
Esta pergunta é típica de quem não faz nada por ninguém nem por causa alguma.
Como dizia o Barão de Itararé,
“De onde menos se espera é que não sai nada mesmo!”

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Dica do @nascimentoD retirado do Gato Verde

sábado, 23 de abril de 2011

SOS Fauna

Deixo o convite aqui para conhecerem a ação de conscientização que a ONG SOS Fauna tem feito. Gostei muito da idéia, achei super criativa. Fica o vídeo para conferirem.



George H. S. Ruchlejmer
@george_hsr
"Sua ideia é IdeiaNossa.blogspot.com"

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Astronautas - O Amor Acabou!

A indicação musical dessa semana está chegando atrasada, mas espero que gostem!

Essa banda de rock independente da cena pernambucana é simplesmente sensacional. Ritmos e melodias simples, mas contagiantes. Sem falar das letras profundas...

Sem muito "blábláblá". Clique, baixe e curta!

Abraços!

@alvarodiogo "Compartilhe suas ideias"

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Astronautas - O Amor Acabou!


1. É Amigos
2. O Amor Acabou!
3. O Conto
4. Computadores Idiotas
5. Brazilia
6. Amores Eletrônicos
7. ...De Zero a 100
8. Mundo Cão
9. Tempo pra Acertar
10. Os Astronautas
11. Amém, Cidadão
12. Do Útero Até o Fim
13. A Era Moderna
14. Até Amanhã...

Clique aqui para download

domingo, 17 de abril de 2011

10 Regras para o Futebol de Rua

Nostalgia pura!

A leitura dessa crônica no Momento do Ócio do @Vtr_Bert me trouxe risadas e lembranças calorosas de uma infância nos campos de futebol imaginários das ruas de Taboão da Serra, mais precisamente no Jd. Santa Rosa.

Leia, divirta-se e relembre dos momentos do futebol de rua, do verdadeiro futebol arte!

@alvarodiogo "Compartilhe suas ideias"

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10 Regras para o Futebol de Rua

1. A BOLA

A bola pode ser qualquer coisa remotamente esférica. Até uma bola de futebol serve. No desespero, usa-se qualquer coisa que role, como uma pedra, uma lata vazia ou a merendeira do irmão menor.
2. O GOL

O gol pode ser feito com o que estiver à mão: tijolos, paralelepípedos, camisas emboladas, chinelos, os livros da escola e até o seu irmão menor.

3. O CAMPO

O campo pode ser só até o fio da calçada, calçada e rua, rua e a calçada do outro lado e, nos grandes clássicos, o quarteirão inteiro.

4. DURAÇÃO DO JOGO

O jogo normalmente vira 5 e termina 10, pode durar até a mãe do dono da bola chamar ou escurecer. Nos jogos noturnos, até alguém da vizinhança ameaçar chamar a polícia.

5. FORMAÇÃO DOS TIMES

Varia de 3 a 70 jogadores de cada lado. Ruim vai para o gol. Perneta joga na ponta, esquerda ou a direita, dependendo da perna que faltar. De óculos é meia-armador, para evitar os choques. Gordo é beque.

6. O JUIZ

Não tem juiz.

7. AS INTERRUPÇÕES

No futebol de rua, a partida só pode ser paralisada em 3 eventualidades:
Se a bola entrar por uma janela. Neste caso os jogadores devem esperar 10 minutos pela devolução voluntária da bola. Se isso não ocorrer, os jogadores devem designar voluntários para bater na porta da casa e solicitar a devolução, primeiro com bons modos e depois com ameaças de depredação.
Quando passar na rua qualquer garota gostosa.
Quando passarem veículos pesados. De ônibus para cima. Bicicletas e Fusquinhas podem ser chutados junto com a bola e, se entrar, é Gol.

8. AS SUBSTITUIÇÕES

São permitidas substituições nos casos de:
Um jogador ser carregado para casa pela orelha para fazer lição.
Jogador que arrancou o tampão do dedão do pé. Porém, nestes casos, o mesmo acaba voltando à partida após utilizar aquela água santa da torneira do quintal de alguém.
Em caso de atropelamento.


9. AS PENALIDADES

A única falta prevista nas regras do futebol de rua é atirar o adversário dentro do bueiro.
Os casos de litígio serão resolvidos na porrada, prevalece o mais forte e quem pegar uma pedra antes.

10. A JUSTIÇA ESPORTIVA

Os casos de litígio serão resolvidos na porrada.

QUEM NÃO JOGOU, PERDEU UM DOS MELHORES MOMENTOS DA VIDA.

Crônica de Luis Fernando Verissimo: Crônicas 6, sétimo volume da coleção “Para Gostar de Ler”

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Moedas Sociais e os Bancos Comunitários ainda estão num vácuo jurídico e legal

Moedas Sociais e os Bancos Comunitários ainda estão num vácuo jurídico e legal

Em entrevista, o técnico do Instituto Pólis Adriano Borges Costa explica o que são os bancos comunitários e os principais desafios destas experiências hoje

O que é uma moeda social?

A moeda social possui duas principais funções dentro de uma comunidade. Uma econômica, e outra cultural, ligada à identidade local.

Primeiramente, a moeda social é um circulante local, ou seja uma moeda que só vale para aquela região. O objetivo dela é estimular e fortalecer a economia local, os pequenos comércios: fazer com que em uma região, onde não há muito dinheiro (dinheiro mesmo, de papel, moeda mesmo), exista um objeto de meio de troca para possibilitar ou facilitar as trocas.

Um exemplo: tem uma pessoa nesta comunidade que faz pão, tem uma estrutura simples e ela consegue produzir uma quantidade razoável de pães por dia, mas de forma artesanal, não industrial. Na rural, há um produtor, que vive na subsistência, mas cuja produção consegue gerar uma sobra além do seu consumo familiar. Ambos possuem sobras das suas produções, e ambos também gostariam de ter a parte que sobrou do outro, e no entanto os dois não comercializam e não fazem essa troca (o excedente de hortaliças e o excedente de pães). Eles não trocam
justamente porque não tem dinheiro naquela comunidade, falta o meio de troca, falta dinamismo na economia local. Era essa a função inicial do dinheiro: potencializar as trocas de produtos, de forma que os produtos possam ser mais úteis.

Então a moeda social entra para isso: para estimular esse tipo de troca que não acontece justamente porque há uma escassez de moeda naquela comunidade. Ela estimula o comércio local, estimula que as pessoas compram e vendam na sua própria região. Ela estimula que alí se crie circuitos curtos de comercialização, produção e consumo e deixe de ser uma economia
exclusivamente dependente de outras regiões.

A outra função da moeda social, como falei, é a da identidade naquela região. Toda moeda social tem um nome vinculado a um elemento local. No Banco dos Cocais, por exemplo, a moeda se chama “cocal”, pois naquela região tem toda uma tradição das quebradeiras do coco. Todo o Banco é voltado pra identidade regional, e a moeda é a forma mais concreta desse simbolismo.

A que modelo econômico ela se contrapõe?

Tem um contraponto fundamental entre o sistema hegemônico e o que essas experiencias de bancos comunitários trazem de proposta: a prática financeira. A lógica hegemônica, dos grandes bancos, é captar a poupança da população em geral, e emprestar buscando as taxas de inadimplência mais baixas possíveis. O problema é que essa lógica faz com que as pessoas que conseguem empréstimos sejam justamente as pessoas que não precisam deste empréstimo, pois possuem garantias para oferecer, estudos técnicos e mostram que já, previamente, podem pagar este empréstimo. E quem precisa de empréstimo? Aquele que já tem recurso?

Outro ponto: essa lógica da moeda de circulação livre gera concentração da presença de moedas em algumas regiões.
Explico: Temos uma moeda nacional que circula livremente por todas as regiões do país e isso faz com que haja uma concentração de moeda pela concentração econômica, que faz com que a produção se concentre em localizações que possuem infraestrutura e condições privilegiadas de produção. Isto concentra a economia em determinadas regiões e acaba com as pequenas produções locais. – Temos no Brasil regiões onde se concentra a produção e grandes áreas praticamente sem produção comercial, que vivem de subsistência. Isto se reflete na situação de moedas: a moeda chega nestas regiões com definhamento econômico por sistemas de transferência de renda e voltam automaticamente para as regiões de concentração econômica, através de consumo de produtos e serviços. Isso acontece também por meio dos créditos, pois os bancos tem suas estruturas de captação de poupança nestas pequenas cidades, mas os empréstimos são sempre feitos para pessoas ou empresas que estão nas grandes cidades e que têm condições prévias de pagar.

Como os bancos comunitários se contrapõem à isso?

Os bancos comunitários fazem contraponto à isso a medida em que fazem pequenos empréstimos baseados em sistemas de avaliação que usam formas de verificação da capacidade de pagamento baseado na reputação que o sujeito tem na comunidade. Não consultam o SPS ou o SERASA. O sistema de verificação é baseado na conversa com a comunidade. Isso faz com que um mundo de pessoas tenham acesso ao crédito que no sistema bancário não tem porque não tem garantias, não tem bens para dar de garantia, não tem emprego, não tem fiador...
O banco comunitário por sua vez, prevê que o crédito seja pago, porque disso depende a sua sustentabilidade financeira, no entanto faz uma análise qualitativa da capacidade do sujeito de pagar estes empréstimos e não exige taxas absurdas de retorno e excluem a maioria da população.

Além disso, os bancos comunitários levam os serviços bancários a comunidades indígenas, a pequenas cidades, às periferias das grandes cidades onde não existem bancos comerciais. Os bancos comerciais não chegam lá porque não é viável economicamente montar uma agencia, um gerente, com todas as regalias que os bancos criam em suas agencias.

Como são as políticas públicas neste campo?

Não existem políticas públicas para os bancos comunitários. Os bancos comunitários aproveitam, “na tangente”, algumas políticas públicas que foram criadas. Uma delas é o bolsa família, uma vez que muitas pessoas hoje podem sacar seus benefícios nos bancos comunitários, não precisando sair de suas comunidades. Uma outra é a Política Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado, que destina recursos para microcréditos, mas que não foi feita para bancos comunitários, é um modelo mais comercial, mas os bancos comunitários souberam aproveitar essa política e acessar estes recursos. Além disso, há os projetos ligados à economia solidária, no entanto não existe uma política pública voltada para os bancos comunitários. Os bancos comunitários não tem uma figura jurídica própria, uma regulamentação específica. As moedas sociais foram reconhecidas pelo banco central como uma forma legal, no entanto não possui uma regulamentação específica, então hoje os bancos comunitários estão num vácuo jurídico e legal de atuação. Existe uma lei elaborada pela Luiza Erundina que está em tramitação, desde 2007, que busca regulamentar os bancos comunitários. No entanto está parada, não foi aprovada.

Qual é o novo paradigma que se propõe?

O principal paradigma que é quebrado pelos bancos comunitários, e pela economia solidária como um todo, é o paradigma da maximização de retorno sobre o capital. Através do microcrédito, por exemplo, não se busca maximizar o retorno sobre este capital emprestado. Só de quebrar este pressuposto conceitual e prático estamos incluindo uma série de pessoas que estavam excluídas daquele sistema de créditos.

A segunda quebra é reconhecer a importância, a capacidade que existe em iniciativa que surgem em pequenas comunidades e como isso pode tornar o sistema mais eficiente, de produção, de consumo, de crédito. É olhar para a comunidade e ver que alí, iniciativas que surgem “de baixo para cima”, a partir de atores no local, podem ser mais eficientes em termos de produtividade sistêmica dos resultados, ao invés de iniciativas que são “de cima para baixo”, comerciais, em larga escalada, padronizadas e executadas e implantadas em uma tacada só.

Na lógica da economia solidária, iniciativas comunitárias tem legitimidade para atuar no local, tem acúmulo, respeito e capacidade de mobilização que a gente pode chamar, apesar da contradição que tem no nome, de “capital comunitário”.

Confira a publicação Novos Paradigmas de Produção e Consumo - Experiencias Inovadoras organizada por Adriano Borges Costa e Leandro Morais

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Em defesa da tarifa zero, direito social ao transporte público urbano

Leitura extensa, mas fundamental para compreender o direito de ir e vir e os impactos que uma sociedade pautada no transporte individual causam.

Extraído do In Transitu e publicado originalmente no Tarifa Zero.

Boa leitura!

@alvarodiogo "Por uma vida sem catracas!"

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Em defesa da tarifa zero, direito social ao transporte público urbano

A bandeira da tarifa zero, gratuidade do transporte público coletivo urbano, deve ser vista como uma conquista social da maior envergadura, colocada no mesmo patamar dos demais “direitos sociais” garantidos na Constituição Federal. Não é pouca coisa. Em certa medida, uma “utopia”, no bom sentido do termo, dada a sua envergadura, alcance e dimensão social. Tão pouco é novidade, pois até mesmo praticada em outros rincões mundo afora, e no Brasil também, ainda que limitadamente ao final dos anos 1980, no governo Erundina na Prefeitura de São Paulo. O paralelo com o sistema SUS é procedente no que diz respeito à universalização e gratuidade a toda população, embora ressalvando as deficiências e limitações que o sistema apresenta e se aprofundam dia a dia no conturbado meio urbano, carente de bom planejamento e boa gestão da
coisa pública – corrupção, tráfico de influência, falta de transparência e participação. Também na educação fundamental, que deveria ser totalmente gratuita para a criançada, mas que, por motivos óbvios não é, também poderia se traçar esse paralelo. Lembro que já há uma articulação em marcha para apresentar uma PEC – Projeto de Emenda Constitucional, no Congresso, para aprovar a inserção do “transporte público urbano”, como “direito social”, coisa que a Constituição de 88 não assegurou ao lado das demais conquistas sociais. Mais adiante é possível compreender melhor porque isso não aconteceu naquela época.

10 – No contexto do capitalismo selvavem
A proposta da tarifa zero no transporte público coletivo urbano arranca uma conquista social do capitalismo, selvagem como o conhecemos na exploração do trabalho, da natureza, de qualquer coisa inerte e viva sobre a face da terra. Ela é, portanto, uma proposta de caráter socializante, que colocará à disposição de todas as pessoas o direito de ir e vir, no contexto da mobilidade social, coisa que hoje está longe do alcance da grande maioria das pessoas em nossa sociedade. Não é, todavia, uma proposta de cunhosocialista, modo de produção e regime que está no horizonte, quiçá longínquo, e que implica na superação do capitalismo enquanto modo de produção e sistema de dominação político-cultural. É bastante óbvio supor que num sistema socialista haverá transporte público gratuito, entre outras gratuidades a toda população, na “vida sem catracas”, coisas que o capitalismo não pode oferecer, e não as consuma sequer nos chamados países ditos “ricos”. Quem imagina, portanto, que apenas num regime socialista poderá haver tarifa zero se engana – ela está totalmente ao alcance num país de duro capitalismo selvagem como o nosso. O que a fará existir, de fato, é o resultado do cabo de forças políticas que arrancará do sistema mais essa conquista social, assim como o foi a gratuidade da educação fundamental e o SUS na saúde pública.

9 – Um cabo de guerra permanente
Lutar por um “não aumento da tarifa”, ou por qualquer “menor aumento”, é um cabo de guerra no contexto do capitalismo que extorque, sob o regime de concessão, um sobre-lucro da população. A operação por parte das empresas transportadoras conta, normalmente, com o total apoio do poder público, ator fundamental no cenário e que age com evidente cumplicidade orgânica e política com as mesmas. O cabo de guerra é permanente e sempre necessário para evitar ainda maior exploração da população, mas não altera, contudo, o modo de operação do sistema de transporte. Tampouco aponta para a universalização do mesmo. Entre muitos outros exemplos desses “cabos de guerra”, lembro a intervenção no sistema de transporte público levado a cabo na administração da Frente Popular em Porto Alegre, no início de 1989, em função na negativa dos empresários em manter as tarifas congeladas, razão pela qual promoveram um lock-out no transporte, fator que “obrigou” a intervenção nas empresas. Esse cabo de guerra foi vencido depois de três dias de absoluto caos na cidade, muita tensão e disputa na opinião pública, manutenção das tarifas originais e a retomada dos serviços por parte das empresas privadas de ônibus. À época eu exercia a vereança na bancada da Frente Popular, me envolvi diretamente nas ações de resistência popular e defendi a intervenção do poder público nas empresas privadas com toda energia. Mas o sistema não mudou em sua estrutura, apenas melhorou em alguns itens ao longo dos anos que se seguiram. As melhorias são sempre bem vindas, mas o povo continua pagando tarifa individual para cada viagem que realiza, assim como em todo lugar no Brasil.

8 – Condicionamentos culturais realimentados
Por que você acha normal que deva haver postos de saúde, hospitais e equipes médicas multidisciplinares de plantão 24 horas por dia? E tudo gratuito? E porque você acha normal que o transporte público coletivo seja cobrado individualmente a cada viagem e não seja “de graça”, como é o atendimento do SUS? O seu direito de ir e vir, de desfrutar da cidade, não é equivalente em valor do seu direito à saúde, à educação, entre outros serviços prestados pelo Estado? Embora seus direitos sejam “individuais”, o serviço não o é – ele é coletivo, fator que estabelece as rotas, os horários, os equipamentos e todas as regras para que ele funcione dignamente com esse propósito – atender coletivamente a sociedade. Prega a cultura hegemônica que o ônibus deveria chegar à porta de sua casa de minuto a minuto, coisa totalmente ilógica, irreal e com o único propósito de denegrir a imagem do transporte coletivo. É um argumento claramente falacioso, fartamente utilizado pela indústria automobilística na promoção do “império do transporte individual”, motivo pelo qual vende o carro, a motocicleta. Esse “modo individual”, ainda que cada vez mais limitado em função dos seus custos ecológicos e sociais, pode chegar à porta da sua casa e ser utilizado no minuto em que você o desejar, trazendo-lhe a sensação da virtual “disponibilidade permanente”, prazer e outros sentimentos a ele associados. A indústria automobilística já há muito tempo luta justamente contra o fantasma das severas limitações impostas à circulação de automóveis nas grandes cidades e, em função desse parâmetro, miniaturiza os modelos, constrói sob condições cada vez mais econômicas, pois disputa ferozmente a população “no mercado da mobilidade”, especialmente diante dos sistemas de transporte coletivos, seja prestados pelo Estado, sejam prestados por empresas privadas. O transporte coletivo, portanto, compreende regras socialmente negociadas, padronização, constância, fiscalização governamental e dos usuários, entre outros quesitos, que lhe empresta a credibilidade enquanto alternativa de qualidade no “ir e vir”. São dois sistemas que partem de pressupostos e motivações completamente distintas. Quando o equilíbrio entre os diversos modais de transporte é quebrado, fazendo a equação pender para o lado do transporte individual de passageiros, surgem os inexoráveis congestionamentos de trânsito e conseqüente poluição atmosférica – chaga das metrópoles em todo mundo.

7 – A sedutora propaganda do carro
A indústria automobilística incrementou como nunca suas estratégias para seduzir as pessoas nas últimas décadas. Esse “objeto de desejo” está no plano do amor. Nesse jogo do vale tudo, usa o apelo sexual, aventureiro, nobre, despojado, esportivo, e todo um imenso leque de parâmetros idiossincráticos e culturais para que a pessoa se sinta na “obrigação moral” de comprar um automóvel, sem o qual ela não será bem vista na “sociedade do automóvel”. Já quanto ao modelo, é óbvio que ele terá que se adequar ao poder de compra do consumidor, razão pela qual se produzem carros para pobres assim como para bilionários. Faz sentido produzir, em época de economia de energia e de materiais, automóveis seriados com motores de 1000 cavalos de potência? Alguns destes custando vários milhões? Antes de dar algum lucro, acima de tudo eles são ícones de marcas, de poder, de status, da indústria e de quem os compra. A “Fórmula 1” é produto direto dessa macabra estratégia que confunde esporte com tecnologia. Ainda se vale do “greenwash” – maquiagem verde, trabalhando o apelo ecológico nos automóveis, de forma a torná-los “mais verdes” – hoje quase virtualmente recicláveis, “ambientalmente corretos”. E isso seduz milhões de pessoas que consomem e surfam na “onda verde tecnológica” em todos os setores. Toda a ampla cultura que gira em torno do automóvel, desde os brinquedos de criança, passando pelos clubes de marcas, corridas, exposições, concursos, e todo tipo de iniciativas associadas, emprestam à nossa sociedade industrial moderna uma marca única na história recente, com traço totalmente distinto se comparada às nações indígenas ou a povos que ainda resistem bravamente à sanha da indústria automotiva e os setores a ela associados. O complexo “das auto” vale-se de uma miríade de milionárias e sofisticadas pesquisas de opinião (market share) para aprimorar e lançar novos produtos, ao mesmo tempo que consolida valores culturais na contramarcha da igualdade e respeito de gêneros, das culturas locais, de estilos de vida anti-consumistas e frugais. Como é possível, em pleno século XXI, num mundo que clama por igualdade entre gêneros, na era dos “direitos humanos”, ver tanta exploração sexual da mulher, figura onipresente nas feiras automotivas de toda ordem, banalizada e usada como adorno nos produtos ali expostos? Isso é tido como “normal”, “aceitável”, “tolerável” em nossa sociedade machista. Desde o “calendário da Pirelli”, onipresente nas borracharias, até o honorável presente dos pais aos filhos que passaram em algum vestibular, deificam o automóvel. A estratégia de expansão e sobrevivência da indústria automotiva, calcada no binômio marketing e mídia, atua como um dos mais eficientes atores do “soft power”, estratégia política que prioriza a cultura e o estilo de vida como forma de dominação e controle político sobre a população. Quem ama automóvel, adora o capitalismo, o sistema que lhe deu “vida”. Se você é um autêntico anti-capitalista, vá de ônibus, a pé ou de bike. Automóvel é o maior ícone do capitalismo.


6 – Subsídios diretos e indiretos para o sistema carro
Colocando o automóvel em sua cadeia produtiva se tem a real dimensão do seu “poder” dentro da nossa sociedade de consumo moderna. Aço, plástico, borracha, madeira, fibras, óleo, petróleo. Muito petróleo. Para extrair, elaborar e distribuir tudo isso, antes mesmo de se ter um automóvel, energia. Muita energia. O peso do modal automóvel no sistema produtivo capitalista é enorme, fator do seu rápido desenvolvimento e recuperação no pós-guerra, assim como fator de aceleração da globalização nas décadas recentes. Cabe lembrar que a dependência energética ao petróleo aprofundou-se na medida em que a indústria automobilística cresceu e tomou o planeta. Os países árabes e os demais grandes produtores de petróleo estão umbilicalmente enredados com o sistema econômico global, pano de fundo para um complicado cenário político dominado por longevas ditaduras de todo tipo e perfil, invariavelmente ligadas às grandes petroleiras. Não é possível dissociar a indústria automotiva do capitalismo selvagem e global como o conhecemos hoje – impregnado de tecnologia, poluído, mortífero. Nas grandes cidades, seu peso é ainda mais sentido, na forma da ocupação dos espaços urbanos, competindo com demandas sociais por espaços de lazer, cultura, esporte e toda uma série de atividades necessárias a uma boa qualidade de vida no meio urbano. No Brasil, porém, o modal rodoviário superou a maioria dos países mundo afora na deformação de sua matriz de transporte. Na cena brasileira conquistou absoluta hegemonia diante dos modais ferroviário e aquaviário, que, em comparação a outros países, superam-no largamente em volumes transportados. Aqui o processo cunhou de “rodoviarista” a diretriz que efetivou o predomínio do caminhão e do automóvel sobre o trem e o navio. De outra parte, os subsídios diretos e indiretos ao modal automóvel são imensos, e por vezes maquiados, para que possam ser absorvidos politicamente pela sociedade. Na vasta indústria metal-mecânica, química e siderúrgica, base do insumo para a indústria automobilística, há uma injeção bilionária de aportes por parte dos bancos públicos de fomento econômico – BNDES, BB e CEF, além dos seus similares estaduais e regionais, para ficarmos somente em um exemplo. É um subsídio indireto à indústria automobilística paga por todo povo, embora fruído por uma pequena parcela. Quando se constrói mais um viaduto está se tirando dinheiro de outro lugar, como para uma escola, um centro de saúde, ou outro investimento que, por suas características próprias, atenderá as pessoas diretamente visando seu crescimento enquanto cidadãos – desenvolvimento humano, ao passo que o viaduto normalmente só propicia maior velocidade de tráfego. No contexto das “isenções fiscais” ocorrem verdadeiras aberrações do ponto de vista das prioridades de investimentos públicos, forma de injeção direta de dinheiro público no lucro das montadoras, quando, por exemplo, se abre mão de décadas de impostos, como soe acontecer em todos os cantos do Brasil, a título de criação de empregos. A roda do complexo “das auto” gira mais acelerada, produz mais traquitanas, requer mais estradas e viadutos, clama por mais energia, processo visivelmente insustentável. Logo no início da revolução sandinista na Nicarágua, a administração municipal da capital Manágua adotou uma espécie de “colaboração espontânea” de tarifa de ônibus, suspendendo as tarifas normais até então praticadas no sistema privado da “era Somoza”, política que tinha como principal objetivo o estímulo ao uso do ônibus por parte da população, para garantir que a roda da combalida economia girasse. Ao mesmo tempo, garantia combustível ao sistema público mediante total subsídio, uma vez que faltava combustível ao país – todo importado à época. Lá, num país muito mais pobre do que o Brasil, o sistema de transporte público funcionava efetivamente como se estivesse vigindo uma espécie de tarifa zero, embora não com esse nome. E o modo de produção naquela pobre Nicarágua estava longe de ser algo parecido com o socialismo.

5 – O implacável e eficiente lobby da indústria automotiva
Na disputa pelos investimentos públicos a indústria automotiva se vale de um forte e eficientíssimo lobby político, quase imbatível nos dias atuais, especialmente no Brasil, cuja estrutura político/institucional do Estado é altamente vulnerável a ele; e impregnado pela visão do desenvolvimentismo material vulgar, produto dos padrões culturais impostos pelo estilo de vida consumista reinante nos países “ricos”. No Congresso Nacional, por exemplo, acordos partidários para a ocupação dos cargos nas Comissões Permanentes da Câmara Federal e do Senado, colocam alguns deputados e senadores “chaves”, cujas campanhas eleitorais recebem apoio dos setores empresariais ligados à indústria automotiva e seus associados, como transportadoras, construtoras de obras civis, distribuidoras de veículos, consórcios e seguradoras, dentre muitos outros, no comando de comissões estratégicas, como a Comissão de Viação e Transportes, por exemplo, agora presidida pelo Deputado Rodrigo Garcia (DEM- SP). Toda legislação, todos os investimentos destinados ao setor, regulamentações e outros interesses, passam por esta comissão e tem no deputado um lobista no lugar apropriado para costurá-los entre seus pares. No grande cenário de uma “matriz de dominação política”, a ocupação desses cargos, dentre outros na estrutura do Estado, é de vital importância para o setor. A exemplo de outros setores empresariais, como o do cigarro e de bebidas, por exemplo, assim é feito, funciona muito bem e produz ótimos dividendos aos mesmos. Não por acaso, são os setores que mais resistem ao “financiamento público de campanhas eleitorais”, pois isso lhes tira poder sobre seus candidatos.

4 - O SUS do transporte coletivo urbano
Da mesma forma como o SUS foi justificado para que fosse criado, propiciando atendimento universal e gratuito a toda população, um sistema de transporte coletivo urbano se justifica pelos mesmos critérios, e, assim como acontece com a saúde, você poderá optar por utilizar ou não utilizar o sistema público gratuito. A clínica privada convive com o SUS e com ele disputa permanentemente a população adoentada. Por isso, trabalha para que o SUS degenere e baixe sua qualidade de atendimento. Quem teria seus interesses contrariados com um sistema de tarifa zero? Certamente as empresas privadas no ramo do transporte de passageiros, a indústria automobilística e todos os seus associados, que, via de regra, hoje se beneficiam com o sistema tal qual o conhecemos – sob o regime de concessão para a exploração da iniciativa privada. É bom lembrar, em complemento ao que já foi colocado anteriormente, que o lobby das empresas de ônibus privadas é um dos mais eficazes articuladores políticos, patrono de incontáveis personagens da vida política e gerador de negócios escusos na sua orgânica e visceral relação com o poder público em suas três esferas administrativas – municipal, estadual e federal. Esse fator, por si só, será um dos maiores entraves para implantar um sistema de tarifa zero, pois o empresariado se aferra ao regime de concessão pública dos serviços, caracterizados por sua longuíssima duração no afã de perpetuar seu rentável negócio. A contratação direta de frotas por parte do poder público dispensaria o regime de concessão atualmente empregado, o que não inviabiliza o negócio do transporte coletivo de passageiros, apenas o reposiciona no mercado. Daí o porquê da necessidade de aprovar a PEC no Artigo 6º da Constituição – dar solidez e status de “direito social” ao transporte público coletivo urbano, e, com isso, fortalecer a injeção direta de recursos públicos no sistema de transporte. De outra parte, se todos poderão usar, quem paga a conta de um sistema que oferece transporte gratuito? Haveria várias formas de se fazer isso: criação de um fundo público específico; destinação orçamentária em detrimento de outras destinações já existentes – invertendo prioridades, entre outras possibilidades. Quanto a prioridades, ao invés de um novo viaduto ou de novo recapeamento asfáltico, por vezes claramente dispensável, recurso para o custeio direto do sistema de transporte público.

3 – O olhar ecológico aponta para a tarifa zero

Há, dentre todos os argumentos a favor da implantação do sistema de tarifa zero, um que ganha cada vez mais força e consistência: o fator “ecológico” dessa medida. Sob o ponto de vista do uso mais racional da energia, incrementar o uso do transporte coletivo nas cidades é claramente mais adequado do que incrementar o uso do automóvel e quaisquer outros tipos de automotores individuais. Fazer com que uma boa fatia dos usuários dos modais individuais migrem para o sistema coletivo fará com que diminuam os enormes e onipresentes congestionamentos no trânsito urbano, dispensará áreas para estacionamentos e, o melhor de tudo, freará a expansão alucinada do sistema viário que não para de crescer e chegar aos mais isolados rincões – fator de inexoravelmente realimentação da expansão urbana. Estamos falando em ofertar um bom transporte público para quem hoje utiliza o individual. Esse fator é ainda mais premente quando numa situação como a que vive Florianópolis, cidade confinada numa ilha oceânica, de espaço limitado, onde a expansão urbana conflita cotidianamente com a natureza que se pretende preservada, seja por via da pressão política, seja por via da legislação ambiental. O processo do Plano Diretor Participativo evidenciou que na atual gestão municipal a política que vigora é a do não-planejamento urbano, ao procrastinar a revisão do Plano Diretor indefinidamente, sem qualquer regime de moratória construtiva, ao tambor de uma farsa participativa, e que consumou ao longo dos últimos anos o mais aviltante processo de especulação imobiliária que a cidade já vivenciou. Administração para os especuladores imobiliários. No caso específico de Florianópolis, de urbe policêntrica, o atual preço da tarifa é alto, tendo em vista vários deslocamentos do usuário do ônibus ao longo do dia, fator que inibe concretamente a fruição da cidade por parte da população de menor renda e penaliza principalmente a juventude desempregada. Se a implantação de um sistema tarifa zero resultar concretamente em aumentar a mobilidade para essa população e, ao mesmo tempo, reduzir o número de viagens de automóveis na cidade, ele já produziu um enorme ganho social e ecológico para fruição de todas as pessoas – ganho de caráter universal, portanto. Por outro lado, o poder público pode incrementar em muito o uso de combustíveis mais apropriados quando ele contrata as frotas, estabelecendo critérios e parâmetros técnicos para os veículos, com vistas à diminuição da poluição atmosférica, fator importante nas grandes cidades e diretamente vinculado aos índices de saúde pública e de desenvolvimento humano. Adentramos na era do biodiesel e dos ônibus elétricos.

2 – Integração de modais é vital
No contexto de políticas de transporte público urbano, é necessário olhar para a integração efetiva dos modais de transporte de passageiros, coisa que patina em nosso país: Casa - bicicleta – ônibus – metrô – a pé – barco – metrô – ônibus – bicicleta – casa, só para ficarmos num mero exemplo prático. A integração de modais de transporte no meio urbano está diretamente relacionada à eficiência de todos os sistemas coletivos e o grau de qualidade dessa integração é fator definidor para o abandono dos mesmos em favor da adesão de meios individuais de locomoção automotores – automóveis e motocicletas. Como é possível explicar que, do ponto de vista dos custos e da comodidade, parece ser mais interessante se locomover na Ilha de Santa Catarina com uma motocicleta do que com o sistema ônibus? E por qual razão não há verbas para implantar redes cicloviárias e bicicletários ao passo que há verbas abundantes para pavimentar rodovias e construir viadutos por todos os lados? Verbas existem, sua aplicação, porém, é resultado de uma disputa política permanente, via de regra pendendo para o lobby rodoviarista - poderoso exército de atores muito bem articulados em todas as esferas da administração pública. Florianópolis é um clássico exemplo onde esse cenário se evidencia.

1 – Dimensão metropolitana na gestão do transporte coletivo
Por fim, é imperioso lembrar a integração dos sistemas de transporte coletivos urbanos na esfera metropolitana, curso no qual também estamos bastante atrasados, aqui e acolá. Os inúmeros aglomerados urbanos dispersos em todo Brasil, com suas populações entre 400 mil a um milhão de habitantes, são próprios para estabelecer sistemas integrados de transporte, a exemplo de outros serviços públicos essenciais, como saneamento básico, por exemplo. Nesse cenário, o regime de tarifa zero também ajuda a consolidar essa dimensão da gestão pública. Diante das verdadeiras aberrações administrativas que vivenciamos hoje, a par da era digital, que produzem tantas deformações e conflitos tarifários, de horários e tudo mais, haveria certamente também um enorme ganho de eficiência e qualidade para a população envolvida nessas imensas regiões conurbadas Brasil afora. Não falta conhecimento para viabilizá-las, falta vontade política. E quando ela falta, tem que trocar os políticos que estão à rédea dos governos. Simples assim.

Por todos os argumentos acima colocados, a par das inúmeras ponderações complementares que o tema ensejará, estou convicto que a implantação da tarifa zero no transporte coletivo urbano de passageiros será um marco em nosso país, uma enorme conquista de caráter social, assim como o foram as demais conquistas arrancadas duramente ao longo das últimas décadas até o presente. Ela não cairá do céu, porém, mas resultará de um embate vigoroso contra o lobby automotivo e seus associados históricos.

Tarifa zero é mais um passo no longo caminho para uma vida sem catracas.

Florianópolis, abril de 2011

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Herbie Hancock - Possibilities

A dica de download de hoje vai para os amantes de jazz!

Herbie Hancock é uma lenda viva do jazz e um dos seus últimos trabalhos foi além de todas as possibilidades! Com um time mais que gabaritado que vai de John Mayer à Christina Aguilera e de Santana à Sting temos esse álbum maravilhoso como resultado.

Até mais!

@alvarodiogo "Compartilhe suas ideias"

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Herbie Hancock - Possibilities

1. Stitched Up feat. John Mayer
2. Safiatou feat. Santana and Angelique Kidjo
3. A Song For You feat. Christina Aguilera
4. I Do It For Your Love feat. Paul Simon
5. Hush, Hush, Hush feat. Annie Lennox
6. Sister Moon featuring Sting
7. When Love Comes To Town feat. Jonny Lang and Joss Stone
8. Don't Explain feat. Damien Rice and Lisa Hannigan
9. I Just Called To Say I Love You feat. Raul Midón
10. Gelo Na Montanha feat. Trey Anastasio

Clique aqui para download.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Operação Cata-Bagulho no Taboão!

Saudações Taboanenses!

Aos meus vizinhos taboanenses e talvez alguns Paulistas também tenho uma boa notícia. A operação cata-bagulho voltou a ativa depois de meses de muito serviço para Defesa Civil (pelo que deu a entneder). Dia 9 (neste sábado mais conhecido como amanhã) acontece nos bairros e ruas: Avenida Intercontinental, Jd. Kuabara, Jd. Cânner, Morro dos Mineiros, Vila Pazzini, Jd. Virginia, Jd. Frei Galvão, Sta. Rosa, Ouro Preto, Jd. Mte Alegre, Pq.Assunção, Pq.das Hortênsias e a rua das Camélias (fonte).

Ontem liguei na Defesa Civil (199) para confirmar o fato, além disso a poucos instantes passou na minha rua um carro anunciando o mesmo fato, então não há dúvidas, aproveita aquele ânimo de sábado de manhã (que animo?) e mãos à obra!



Como faz?

Basta você deixar na calçada os bagulhos que tem à descartar daquele quartinho apertado da bagunça que todos temos em casa. Passarão as entre 8h e 11h da manhã do dia 9 para recolhimento.

O que posso jogar fora?

Ta aí uma pergunta importante, não recolherão entulhos, se é o que imaginaram. Serão recolhidos: televisores, computadores, geladeiras, guarda-roupas, camas, armários, fogões, estantes, máquinas de lavar, colchões e coisas do gênero.

O cordenador da Defesa Civil de Taboão, Carlos Senna orienta que os moradores deixem sobre a calçada todos utensílios domésticos em desuso, par aserem recolhidos pelo caminhão da prefeitura. (jornaldanet)

Cuidado, não coloquem os bagulhos tão cedo nas ruas pois a coleta de lixo passa de sexta-feira a noite, portanto talvez haja enganos sobre levar os bagulhos para o destino incorreto.

"A Defesa Civil agradece a todos pela participação, afinal a Defesa Civil somos todos nós”, afirma Senna.

George H. S. Ruchlejmer
@george_hsr
"Sua ideia é IdeiaNossa.blogspot.com"

terça-feira, 5 de abril de 2011

Energia nuclear é ambientalmente sustentável?

Energia nuclear é ambientalmente sustentável?

Os cidadãos permitiram que os governos assumissem responsabilidade excessiva na escolha das tecnologias. Isto precisa ser mais politicizado e contestado”, alerta o autor do livro Uranium Road, em entrevista à IHU On-Line, concedida por e-mail.

Na avaliação do economista sul-africano, além de não resolver os problemas da crise climática, os investimentos em usinas nucleares geram problemas futuros em relação aos resíduos radioativos e “criam dilemas relativos à segurança, impedem investimentos em opções mais limpas e seguras de energia renovável”.

Ele alerta ainda que a energia nuclear é perigosa em função da sua complexidade. “Quando algo dá errado, dá muito errado para milhões de pessoas. Ela mata, contamina, esteriliza áreas enormes para outro tipo de desenvolvimento. (…) Não sabemos como lidar com os resíduos de longa duração, já que temos de isolar do meio ambiente por um período de tempo muito mais longo do que a história da civilização humana”.

Para o pesquisador, o setor nuclear é altamente oneroso e “só faz sentido do ponto de vista financeiro quando é altamente subsidiado pelo Estado”. Com vistas ao que aconteceu no Japão, Fig sugere que os governos pensem na implantação de tecnologias menos destrutivas e descentralizadas. “Dar às pessoas empregos e controle em nível mais local significa que somos menos vulneráveis ao mau planejamento no nível central”.

David Fig, de nacionalidade sul-africana, é mestre em Relações Internacionais e doutor em Economia Internacional pela London School of Economics. Os seus livros mais recentes são Uranium Road: Questioning South Africa’s Nuclear Direction (Jacana, 2005) e Staking their Claims: Corporate Social and Environmental Responsibility in South Africa (UKZN Press, 2007).

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Quais são seus argumentos para não se investir em energia nuclear?

David Fig – A mais recente experiência japonesa mostra mais uma vez que essa forma de energia é, muitas vezes, complexa e perigosa demais em termos de manuseio, mesmo que pensemos que ela é segura. Quando algo dá errado, dá muito errado para milhões de pessoas. Ela mata, contamina, esteriliza áreas enormes para outro tipo de desenvolvimento. Não há dose segura de radiação. Não sabemos como lidar com os resíduos de longa duração, já que temos de isolar do meio ambiente por um período de tempo muito mais longo do que a história da civilização humana. Também é injusto deixar essa questão para que as gerações futuras a resolvam.

O setor nuclear é altamente dispendioso e, em geral, só faz sentido do ponto de vista financeiro quando é altamente subsidiada pelo Estado e quando o seguro de responsabilidade civil não é pago. O setor é notório por ultrapassar o custo e o cronograma de construção. Ele exige um gigantesco aparato de segurança, que acarreta um comprometimento de nossas democracias conquistadas a duras penas e abre as portas para abuso, tráfico e proliferação de armas.

Apesar do que afirma o setor, ele não é favorável em relação ao carbono: a mineração, usinagem, conversão para gás, enriquecimento, fabricação de combustíveis, reprocessamento, construção de reatores e desmantelamento implicam emissões intensivas de carbono. E, finalmente, desenvolvemos alternativas significativamente mais limpas; portanto, recorramos a elas para obter um futuro mais verde e mais limpo.

IHU On-Line – A explosão de usinas no Japão reacendeu o debate acerca da segurança das usinas nucleares. O senhor acredita que o mundo terá outra posição diante deste acontecimento?

David Fig – O mundo já está começando a reconsiderar a opção pelo urânio. A Alemanha está repensando a vida de seus reatores a longo prazo. Outros países a seguirão.

As dificuldades enfrentadas atualmente por vendedores de equipamentos nucleares vão aumentar. A experiência japonesa terá o efeito de um tsunami para o setor da indústria nuclear. É provável que o cancelamento de pedidos aumente à medida que a confiança global na opção nuclear diminuir.

IHU On-Line – Como o senhor reagiu diante do anúncio de vários países que pretendem repensar a política nuclear? Será que eles não tinham dimensão do que significa uma energia nuclear?

David Fig – A intensidade do desastre no Japão chegou até o público e provocou um reexame das políticas governamentais. É claro que os governos de direita e de centro conhecem os riscos da energia nuclear, mas são constantemente seduzidos pelo setor, que tem um lobby poderoso. Em meu país, a África do Sul, o CEO da Areva, a empresa nuclear francesa, tem assento no conselho para investimentos internacionais de nosso presidente. Nosso presidente, que esteve na França recentemente, assinou acordos para negócios de energia nuclear com aquele país. Nós já operamos dois reatores franceses, e nosso governo anunciou que pretende triplicar o número de usinas para ampliar a rede. Isto é altamente inapropriado, porque nossa concessionária pública recebeu a permissão de aumentar o preço da eletricidade em 200% ao longo de três anos. Precisamos servir nosso povo com tecnologias que ele próprio possa controlar – aumentando o número de empregos para instalação, conserto e manutenção em nível local –, em vez de criar apenas alguns poucos empregos de alto nível para engenheiros nucleares importados.

IHU On-Line – O que leva diversos países a optarem por uma política de energia nuclear?

David Fig – Servir ao interesse dos usuários de maior porte (mineração, fundição etc.), e não do povo como um todo. Ser corrompidos e seduzidos por noções de nacionalismo tecnológico. Pôr de lado uma gama de argumentos válidos em favor do uso de tecnologias mais simples e mais limpas. Beneficiar-se de transações nucleares (comissões e subornos). Alguns países, como a África do Sul da era do Apartheid, usaram a aquisição do setor de energia nuclear como disfarce para adquirir alguns dos outros passos na cadeia da produção de combustível nuclear (conversão, enriquecimento) a fim de fabricar armas nucleares.

IHU On-Line – O investimento em energia nuclear é uma tentativa de os países investirem também em armas nucleares?

David Fig – Não em todos os casos. Mas os países que estão perto do estágio nuclear precisam ser observados, especialmente quando investem em enriquecimento, conversão e peças de reprocessamento da cadeia do combustível. Isso torna possível desviar material para a produção de armas.

IHU On-Line – Qual é o ônus econômico desse modelo energético para a sociedade?

David Fig – 1) Grande investimento numa produção de energia muito centralizada;

2) dependência energética, especialmente em relação aos países fornecedores dos reatores nucleares (treinamento, peças, consertos, tecnologia);

3) investimento elevado no aparato de segurança para impedir a proliferação e o tráfico;

4) necessidade de uma capacidade regulatória considerável, com os custos daí decorrentes;

5) criação de poucos empregos de alto nível (com altos custos de formação em nível local ou no exterior), em contraposição às formas de energia renovável, em que os empregos e a formação custam menos e podem ser disseminados com mais eficácia por toda a sociedade, especialmente nas sociedades que necessitam de empregos;

6) custo do isolamento de resíduos de alto nível (por exemplo, barras de combustível) em relação ao meio ambiente por 244 mil anos e outros custos implicados no tratamento dos resíduos e da contaminação;

7) custos decorrentes da perda de oportunidades de optar por soluções de energia limpa.

IHU On-Line – Como o senhor vê a relação entre as usinas nucleares, que segundo os governos, são necessárias para alavancar o crescimento econômico e, por outro lado, a preocupação ambiental posta neste século?

David Fig – As usinas de energia nuclear não conseguem resolver a crise climática, criam problemas de longo prazo para a destinação de resíduos radioativos de alto nível, têm o potencial de contaminar suas regiões e o planeta de maneira mais ampla. Elas também criam dilemas relativos à segurança e impedem investimentos em opções mais limpas e seguras de energia renovável.

IHU On-Line – Quais os desafios de investir uma economia de baixo carbono na conjuntura atual?

David Fig – Persuadir as instâncias tomadoras de decisão de que a energia nuclear não é uma alternativa de baixo carbono e de que outras formas de energia – incluindo as renováveis – podem servir muito adequadamente para fornecer a demanda de carga básica. Qualquer outro tipo de apoio à energia nuclear se baseia em considerações ideológicas, e não lógicas. A energia nuclear não é de carbono tão baixo assim porque, embora não crie emissões de carbono no reator, a mineração e muitas das outras partes da cadeia do combustível são extremamente intensivas em termos de carbono.

IHU On-Line – O mundo inteiro investe em energia nuclear e agora, diante da crise no Japão, os países estão recuando. Como vê esse medo mundial?

David Fig – É uma reação lógica à inevitável rejeição política que sempre se segue a acidentes de vulto (como ocorreu depois de Chernobyl). Nós ainda não presenciamos todo o horror do desastre no Japão, em que provavelmente milhões de pessoas a mais ficarão expostas a altas doses de radiação.

IHU On-Line – Qual a segurança de uma usina nuclear?

David Fig – Os construtores só podem tomar certas medidas para garantir a segurança, mas um acidente que segue seu próprio curso é extremamente difícil de controlar.

IHU On-Line – Quais os principais riscos de contaminação por meio da usina nuclear? Sempre há risco de contaminação por radiação ou depende da distância da usina em relação à população?

David Fig – A distância é um dos fatores, mas ela pode ser superada pelo vento, pela propagação da radiação através da cadeia alimentar e por outras vias de exposição.

IHU On-Line – Seria o caso de o mundo pensar em alternativas como energias descentralizadas? Qual a viabilidade?

David Fig – Claro que sim. Alternativas para a energia nuclear e fóssil são vitais para nossa sobrevivência. Precisamos dotar não apenas algum controle central de reguladores eficientes, mas também permitir que diferentes modalidades de energia façam parte da rede ou matriz energética. Dar às pessoas empregos e controle em nível mais local significa que somos menos vulneráveis ao mau planejamento no nível central.

IHU On-Line – Alguns especialistas brasileiros argumentaram, num primeiro momento, que, no Brasil, as usinas não representavam o mesmo risco que as do Japão, pois no país não ocorrem terremotos e tsunami. É um argumento válido?

David Fig – Além das catástrofes naturais, não há reatores que estejam imunes ao erro humano, e o Brasil tampouco pode reivindicar tal imunidade. Os riscos talvez sejam diferentes, mas os resultados podem ser graves (Three Mile Island em 1979, Chernobyl em 1986, Tokaimura em 1999).

Por que simplesmente esperar que o Brasil seja acrescentado a essa lista? Cancelem o programa nuclear brasileiro agora. Por que contaminar uma dos mais belos e biodiversificados países na face da terra?

IHU On-Line – O mundo todo está apreensivo diante das explosões das usinas nucleares no Japão. Pensando na relação ser humano/técnica, é possível dizer que o homem criou um instrumento perigoso e agora não consegue controlá-lo?

David Fig – Os cidadãos permitiram que os governos assumissem responsabilidade excessiva na escolha das tecnologias. Isto precisa ser mais politicizado e contestado. Precisamos assegurar que tecnologias menos destrutivas sejam privilegiadas em relação às que têm a capacidade de contaminar o planeta. Seja na área da energia ou da agricultura, deveríamos ter diretrizes definidas de comum acordo para evitar que os governos escolham opções insustentáveis em nosso nome.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Tenacious D - The Pick of Destiny

A-há!

Não esqueci de postar o álbum de hoje, não!

O final de semana foi corrido com direito a visita técnica, show do Oswaldo Montenegro e projeto de abastecimento de água no Centro Cultural, mas cá estou eu preparando os posts da semana! ;)

Tenacious D é de longe o filme mais engraçado do Jack Black.

Hoje resolvi compartilhar não só a trilha sonora do álbum (que conta com participações do Dio e Dave Growl) como deixar um vídeo para aperitivo e algumas gargalhadas.

Enjoy!

Para visitar o site oficial do Tenacious D clique aqui.

@alvarodiogo "Compartilhe suas ideias"

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Tenacious D - The Pick of Destiny

1. Kickapoo
2. Classico
3. Baby
4. Destiny
5. History
6. The Government Totally Sucks
7. Master Exploder
8. The Divide
9. Papagenu (He's My Sassafrass)
10. Dude (I Totally Miss You)
11. Break In-City (Storm The Gate!)
12. Car Chase City
13. Beelzeboss (The Final Showdown)
14. POD
15. The Metal

Clique aqui para download.

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