--- Frase de Agora! ---
"A água é para os escolhidos
Mas como podemos esperar que sejamos nós..
... eu e você?"

Máquina do Tempo: Vaga Viva do Coletivo Ideia Nossa. A única vaga viva do lado de cá da ponte =) Vaga Viva do Ideia Nossa

Destaque da Semana: Onde está o sol que estava aqui?
Ladrões de sol, crise hídrica e êxodo rural

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Eu não esqueci!

Disseram que o tal de Presidente, junto com o tal Ministro do Planejamento (tal Paulo Bernardo rss ) definiram no tal dia 22/10/2009, o novo e ridículo tal valor do salário Mínimo. Serão validos a partir de janeiro (recebimento em fevereiro) os míseros tais R$510,00.

Apesar da proposta inicial de aumento do salário fosse para R$507,00, Lula e Bernardo decidiram aumentar para R$510,00 até para facilitar a vida dos aposentados na hora do saque do benefício. Este novo valor do benefício custará ao governo cerca de 4,6 bilhões a mais nas contas da Previdência. Espero mesmo que esses 510 dêem pra reparar os danos dessas enchentes; Sorte ou não eu consigo tirar mais que essa víscera salarial, mas ainda estou na expectativa de ver isso aí subir, quem sabe o meu sobe junto? Mas não deixo de ficar indignada com esse tal de salário mínimo!

O salário mínimo é tão pequenininho que cabe até no meu bolso. é por isso que ele é chamado de mínimo que quer dizer que menor não tem. Meu pai diz que o salário mínimo é um dinheiro que não serve pra nada, mas na televisão o moço disse que só pode ser isso mesmo, e está acabado. Meu pai quase quebrou a televisão depois que o moço falou. Meu pai anda chamando o salário mínimo de um outro nome, mas eu não vou dizer aqui, porque outro dia eu disse esse nome no recreio e a professora me deixou de castigo. O salário mínimo deve ser muito engraçado porque quando falaram que ele tinha aumentado, lá em casa todo mundo deu risada. Meu pai disse que uma vez um homem que era presidente falou que se ganhasse salário mínimo dava um tiro na cabeça, mas eu acho que ele estava brincando, porque quem ganha salário mínimo não tem dinheiro pra comprar revólver. O meu pai não ganha salário mínimo mas com o que ele ganha também não dá pra comprar muitos revólveres a não ser de brinquedo e só de vez em quando. O meu avô é aposentado. Ele não faz nada mas parece que já fez. Ouvi dizer que o salário mínimo não aumentou mais por causa dele. Eu não sabia que o meu avô era tão importante. Minha avó não é aposentada. Também, ela é muito velhinha, não dá pra ser mais nada. Lá em casa falaram que com esse salário mínimo não vai dar mais pra comprar a cesta básica. Eu não sei muito bem o que é a cesta básica, mas parece que tem comida dentro. Se for, é só diminuir bastante o tamanho da cesta que aí cabe tudo.Ouvi meu tio desempregado dizendo que tem um livro chamado Constituição, onde está escrito que com o salário mínimo a pessoa tem que comer, morar numa casa, andar de condução, se vestir e uma porção de coisas. Coitado do meu tio. A falta de emprego está deixando ele doidinho.Quando eu crescer não vou querer salário mínimo, mesmo que seja o dobro. Parece que ele é tão pequeno que mesmo que seja o dobro do dobro ele continua mínimo. A minha mesada é muito pequena, mas inda bem que ninguém inventou a mesada mínima, porque com o que minha mãe me dá quase não dá pra comprar figurinha. Pronto. Isso é o que penso do tal salário mínimo. Espero que a professora dê uma boa nota porque ela é muito boazinha e merece ganhar muito mais do que todos os salários mínimos juntos. Só mais uma coisa: se eu fosse presidente da República mudava o salário mínimo para um salário bem grande e chamava ele de salário máximo. Por Jô Soares.

Fontes? http://www.tudoemfoco.com.br/ / Cronicas de Jô Soares. Indignada? a Buba

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Abecedário Extraordinário: Liberdade

Liberdade! Nossa... que assunto fácil este de falar (e difícil ao mesmo tempo), afinal liberdade pode ser tanta coisa. Pode ser a música das chicas que já falamos, o quadro merecedor de uma bela moldura da Maga, o livre arbítrio comentado nos dias de Be, a estrada nova e livre em uma viagem, uma pista livre em um passeio de bicicleta, a expressão punk, sair com os amigos, viajar para o exterior, em fim! Todos já corremos atrás de liberdades como estas, mas verdadeiramente o que vem em minha cabeça quando ouço liberdade é uma coisa diferente.
Quando lhe perguntam: "Você é livre?" Logo pensas em algo que possui ou gostaria de possuir, em algo que teve vontade um dia de fazer e nunca pode. Como Gabriel Pensador diria:
"A gente pensa que vive num lugar onde se fala o que pensa.
Mas eu não conheço esse lugar.
A gente pensa que é livre pra falar tudo que pensa mas a gente sempre pensa um pouco antes de falar!"
(clica aqui e escuta a música mew! =])

E tenho vontade de falar, mostrar pra todo mundo que devemos buscar nossa própria liberdade. Quero gritar pra todo mundo ouvir como nos tempos de metaleiro maluco: Eagle fly free, let people see ... just make it your own way! ([X] aí sim hein! [ ] que foi, ta com preguiça?)

Lembra se puder de ser livre, o sol já nasceu na estrada nova e tenho vontade de pisar no acelerador ao máximo, sentir o vento no rosto, a adrenalina no corpo, correr sem saber pra onde!

(aqui abro parênteses para refletir: alguns poderiam achar tudo isso mais uma liberdade materializada, uma vontade de coisas que se referem aos meus desejos atuais. Que seja, afinal quem disse que sua liberdade será a mesma do inicio ao fim de sua vida? Acredito que cada dia, cada hora, cada minuto seu sentimento de liberdade se realizaria por algo diferente! De forma diferente, conseguindo aquilo que desejamos , no momento em que desejamos!)

"Quero que a sorte me ajude nas batalhas que eu travo, mas do berço ao Ataúde vou manter minha atitude não importa a latitude ou longitude, povo que não tem virtude acaba por ser escravo. Nem centavo, nem milhão, nem o dobro, nem metade, nem a prata, nem o ouro, nem o euro, nem o dólar, nem fortuna, nem esmola, nada do que eu conheço paga o preço de viver sem liberdade (...)"

Mas como é bom falar de liberdade, "ahhhh liberdade! Desculpe eu vir assim sem avisar" gente, não lembro mais de quem era a vez de escrever aqui em nosso abcdário mas... o blog é livre! Então tomei a liberdade para falar sobre ela (ela quem? ahh.. vocês entenderam)!
(mais uma pra você exercitar o indicador ;])

Bem, fico por aqui... Esta letra de nosso abcdário fica em aberto para quem quiser falar mais, escrevi porque queria muito compartilhar todos estes link's com vocês, e a liberdade que hoje se manifesta em mim.

E não se esqueçam:
"Diz o que cê quer dizer, fala o que cê quer falar, faz o que cê quer fazer, pensa o que cê quer pensar!"

Próxima palavra: Mulher

George H. S. Ruchlejmer
"Sua ideia é IdeiaNossa.blogspot.com"

Eu também descobri que hoje ainda é dia de rock!

Hoje com a visita de meus primos, me veio a vontade de influenciá-los novamente (como há tempos não fazia), com meus amigos, meus livros, meus discos... E dentre os discos, o caro Zé Rodrix que está muito influente em minha vida e resolvi compartilhar. No blog Lágrima Psicodélica prestaram uma homenagem, ano passado, na época em que morreu este grande gênio do rock rural! Reposto aqui a singela homenagem, e seguido dela um comentário que reflete minhas percepções deste maravilhoso artista.

Sem Zé Rodrix, o rock ficou sem graça. Ficou triste. Em riste... A esperança tirou o óculos! É morto José Rodrix Trindade. Cantor, compositor, cigano, trovador, publicitário, escritor e ícone do rock rural do tamanho da paz.

Hoje ele deve estar numa casa de campo, por vontade própria e ainda vai dizer que está comprometido e assinou um papel. Hoje ele não vai precisar mais andar de 4uatro e engatinhar à beira do maior precipício. Pois, hoje ele ama seu vizinho como a si mesmo, mesmo com todo aquele barulho. A palavra hoje morreu... Que descance em berço forte.

Hoje ele pegou uma carona pra cidade mais próxima. Ele foi com Jesus numa moto porque tinha estrelas na cabeça e muita vontade de viajar. Mas já deve estar numa boa, compondo vários novos rocks rurais, plantando amigos, discos, livros, incensos e nada mais...

Então caro cantor... Já que vai calar-se e ficar mudo, deixando só o silêncio... Abra as asas e pode voar... Boa viagem.
Fonte

Comentário de Delta9:
Quando se vai homenagear um artista, rasgar seda é bobagem! O que vale, mesmo, é sua obra. E aí está uma boa parte de sua obra... Para os muitos que não conhecem passarem a conhecer e admirar. E olha que não está aqui suas inumeráveis participações em álbuns de tantos outros músicos nacional e internacionalmente (só como exemplo, Fala, do Secos e Molhados, 1973, e permeando todo o álbum).
Grande parte dessa coletânea mostra o lirismo e bom-humor do cara. A gente não sabe de suas intimidades, de quem era o cara em sí, alhures à mídia; como ele abraçava os filhos, se chamava sua companheira de 'morzinho'; quantas dobras ele dava no papel higiênico; qual pé do tênis ele calçava primeiro; se gostava de babata com carne ou giló com frango. Essas pequenas intimidades que, em sua totalidade, nos completam, dele não sabemos. Seus altos voos literários não estão aqui.
Mas para quem visita esse blog só pra ter álbuns e ler um pouco da cultura musical roqueira psicodélica emblemática, acaba de ter uma ótima fonte do trabalho musical gravado e distribuído pelas gravadoras, e que atendia perfeitamente os diferentes nichos de mercado de diferentes épocas.
Zé foi um profissional da música. Evidente. E, quero crer, o mais importante: um grande homem, uma grande figura.
Rasgar seda não adianta. Apreciemos sua obra. Afinal a poesia do poeta é mais importante que seus trajes...

Aos amigos e familiares de Zé Rodrix, meus agradecimentos por tê-lo auxiliado em suas inspirações.

No blog também tem links para um enorme acervo dos caras (Sá, Rodrix e Guarabyra). Aproveitem também, uma das músicas, um pouco menos popular para quem esta conhecendo agora, mas tão boa quanto as do 'lado A'.





George H. S. Ruchlejmer
"Sua ideia é IdeiaNossa.blogspot.com"

domingo, 10 de janeiro de 2010

Mãos à obra?

Boa tarde rapaziada! ... Esses dias novos de 2010 tenho pensado em executar muitas ações que por tempos passaram só pelas nossas cabeças. E impetuoso do jeito que sou, vi uma reportagem hoje que me inspirou:

Cairo, 06/01/2010 – Em um dos bairros mais pobres e povoados do Cairo, Hussein Soliman e sua família vivem em um pequeno apartamento que é modelo de convivência com a energia limpa. Os dois paineis solares e a unidade de biogás no teto do edifício de Soliman, em Darb El-Ahmar, proporcionam água quente e gás ao seu apartamento de dois quartos, o que reduz a pegada de carbono e os custos energéticos de sua família. Os aparelhos de energia limpa, feitos em grande parte com material reciclado, deixaram “minhas contas de gás e eletricidade menores”, disse Soliman. Na verdade, redução de quase 50%.
Fonte: Agencia Envolverde

Penso comigo, um cidadão do Cairo, Egito! ... Imagine as condições que ele teve pra fazer, e nós com as informações e disposição na mão nem pesquisamos ainda. Ou alguém sabe fazer energia com produtos recicláveis aqui e eu não to sabendo? Pretendo pesquisar sobre estas práticas e pratica-las! Me acompanham?

George H. S. Ruchlejmer
"Sua ideia é IdeiaNossa.blogspot.com"

domingo, 3 de janeiro de 2010

Boris Cazoy é uma vergonha!

Sem muito o que acrescentar, o texto bem redigido do Miro já diz muito. Ah! E o vídeo foi tirado do Cloacla News.

Só acho que um processo no qual a pena seria o serviço comunitário em que teria que varrer as ruas seria a pena ideal.

Nunca fui muito com a cara dele mesmo. Agora tenho nojo, não só dele, mas de todo jornalixo que impera na grande mídia.

Leiam e assistam o vídeo e saberão do que falo. E por favor compartilhem.

*Sei que prometi um post sobre a Diplomacia Vegetariana, mas fica para o próximo post.

Álvaro Diogo "Compartilhe suas ideias"

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Boris Casoy é “uma vergonha”

Primeiro vídeo: ao encerrar o Jornal da Band da noite de 31 de dezembro de 2009, dois garis de São Paulo aparecem desejando feliz ano novo ao povo brasileiro. Na sequência, sem perceber o vazamento de áudio, o fascistóide Boris Casoy, âncora da TV Bandeirantes, faz um comentário asqueroso: “Que merda... Dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras... Dois lixeiros... O mais baixo da escala do trabalho”.

Segundo vídeo: na noite seguinte, o jornalista preconceituoso pede desculpas meio a contragosto: “Ontem durante o programa eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Eu peço profundas desculpas aos garis e a todos os telespectadores”. Numa entrevista à Folha, porém, Boris Casoy mostra que não se arrependeu da frase e do seu pensamento elitista, mas sim do vazamento. “Foi um erro. Vazou, era intervalo e supostamente os microfones estavam desligados”.

Do CCC à assessoria dos golpistas

Este fato lastimável, que lembra a antena parabólica do ex-ministro de FHC, Rubens Ricupero – outras centenas de comentários de colunistas elitistas da mídia hegemônica infelizmente nunca vieram ao ar –, revela como a imprensa brasileira “é uma vergonha”, para citar o bordão de Boris Casoy, com seu biquinho e seus cacoetes. O episódio também serve para desmascarar de vez este repugnante apresentador, que gosta de posar de jornalista crítico e independente.

A história de Boris Casoy é das mais sombrias. Ele sempre esteve vinculado a grupos de direita e manteve relações com políticos reacionários. Segundo artigo bombástico da revista Cruzeiro, em 1968, o então estudante do Mackenzie teria sido membro do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), o grupo fascista que promoveu inúmeros atos terroristas durante a ditadura militar. Casoy nega a sua militância, mas vários historiadores e personagens do período confirmam a denúncia.

Âncora da oposição de direita

Ainda de 1968, o direitista foi nomeado secretário de imprensa de Herbert Levy, então secretário de Agricultura do governo biônico de Abreu Sodré – em plena ditadura. Também foi assessor do ministro da Agricultura do general Garrastazu Médici na fase mais dura das torturas e mortes do regime militar. Em 1974, Casoy ingressou na Folha de S.Paulo e, numa ascensão meteórica, foi promovido a editor-chefe do jornal de Octávio Frias, outro partidário do setor “linha dura” dos generais golpistas. Como âncora de televisão, a sua carreira teve início no SBT, em 1988.

Na seqüência, Casoy foi apresentador do Jornal da Record durante oito anos, até ser demitido em dezembro de 2005. Ressentido, ele declarou à revista IstoÉ que “o governo pressionou a Record [para me demitir]... Foram várias pressões e a final foi do Zé Dirceu”. Na prática, a emissora não teve como sustentar seu discurso raivoso, que transformou o telejornal em palanque da oposição de direita, bombardeando sem piedade o presidente Lula no chamado “escândalo do mensalão”.

Nos bastidores da TV Bandeirantes

Em 2008, Casoy foi contratado pela TV Bandeirantes e manteve suas posições direitistas. Ele é um inimigo declarado dos movimentos grevistas e detesta o MST. Não esconde sua visão elitista contra as políticas sociais do governo Lula e alinha-se sempre com as posições imperialistas dos EUA nas questões da política externa. O vazamento do vídeo em que ofende os garis confirma seu arraigado preconceito contra os trabalhadores e tumultuou os bastidores da TV Bandeirantes.

Entidades sindicais e populares já analisam a possibilidade de ingressar com representação junto à Procuradoria Geral da República. Como ironiza Beto Almeida, presidente da TV Cidade Livre de Brasília, seria saudável o “Boris prestar serviços comunitários por um tempo, varrendo ruas, para ter a oportunidade de fazer algo de útil aos seus semelhantes”. Também é possível acionar o Ministério Público Federal, que tem a função de defender os direitos constitucionais do cidadão junto “aos concessionários e permissionários de serviço público” – como é o caso das TVs.

Na 1ª Conferência Nacional de Comunicação, realizada em dezembro, Walter Ceneviva, Antonio Teles e Frederico Nogueira, entre outros dirigentes da Rede Bandeirantes, participaram de forma democrática dos debates. Bem diferente da postura autoritária das emissoras afiliadas à Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), teleguiadas pela Rede Globo. Apesar das divergências, essa participação foi saudada pelos outros setores sociais presentes ao evento. Um dos pontos polêmicos foi sobre a chamada “liberdade de expressão”. A pergunta que fica é se a deprimente declaração de Boris Casoy faz parte deste “direito absoluto”, quase divino.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Mudança Veloz

Olá, camaradas!

Uma notícia boa nesse começo de ano!
Achei melhor postar algo com energias positivas do que seguir a onda da grande mídia e sensacionalizar em cima dos deslizamentos no Rio. Quanto à isso, torcemos para que tudo ocorra da melhor forma possível.

Bom, no final de 2009 assinei duas revistas junto com uma integrante da trupe Ideia Nossa, já conhecida de vocês, a Pri "Merengue". Assinamos a Revista dos Vegetarianos e a Revista FAPESP. Resolvi, então, compartilhar um pouco do que li nesse feriadão de fim de ano e deixarei na íntegra um artigo da coluna "Epidemiologia" da Revista FAPESP, e muito em breve posto um da Revista dos Vegetarianos sobre diplomacia Veg, que também vale a pena ser lido.

O que mais me chamou a atenção, depois da boa notícia, foi o fato dela estar contida em uma revista de um órgão ligado ao governo de São Paulo. Por que a surpresa? Bom, entramos em um ano eleitoral, e nosso [não tão] querido Governador José Serra está com um pé na disputa e sempre que possível utiliza de suas principais armas (Globo, Veja e Folha) para atacar o então presidente e consequentemente atingir sua possível candidata Dilma Roussef. Já essa notícia é uma grande arma à favor do modo de governar do Homem do Ano e mostra resultados muito satisfatórios.

Então, fiquemos com as duas boas notícias do ano: a queda da desnutrição em crianças do nordeste e a imparcialidade da Revista FAPESP que por ora não tem os dedinhos do governador à ditar manchetes e filtrar artigos.

Boa leitura!

Álvaro Diogo "Compartilhe suas ideias"

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Mudança veloz

Transferência de renda e acesso à educação são pilares da queda da desnutrição infantil no Nordeste

Fabrício Marques
Revista FAPESP - Edição Impressa 166 - Dezembro 2009

A desnutrição infantil no Nordeste pode desaparecer do mapa das mazelas brasileiras em menos de 10 anos caso o problema continue a diminuir com a velocidade observada nos últimos 10 anos. A conclusão é de um trabalho coor denado por Carlos Augusto Monteiro, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, e Ana Lucia Lovadino de Lima, pesquisadora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP e bolsista de pós-doutorado da FAPESP. O estudo, que deve ser publicado na edição de janeiro da Revista de Saúde Púlica, mostra que a prevalência da desnutrição foi reduzida em um terço entre 1986 e 1996, caindo de 33,9% para 22,2% das crianças nordestinas, e em quase três quartos de 1996 a 2006, despencando para 5,9%. “Essa velocidade é inédita. Nenhum outro estudo no mundo revelou uma queda da desnutrição tão grande nesse espaço de tempo”, diz Carlos Augusto Monteiro.

A queda da desnutrição no Brasil, em particular no Nordeste, já havia sido detectada em estudos anteriores do Nupens. O que o trabalho dos pesquisadores da USP trouxe como novidade foi a comparação dos fatores que levaram, nas últimas duas décadas, à redução nas taxas de retardo do crescimento infantil – os déficits de estatura são referências mais fidedignas para mensurar a desnutrição crônica até mesmo do que os déficits de peso. Essa análise só foi viável no Nordeste porque a região, que sistematicamente concentrava o problema da desnutrição infantil no país, dispunha de uma rica fonte de dados que permitia a comparação, no caso os inquéritos domiciliares de um programa internacional, a Pesquisa de Demografia e Saúde, feitos em 1986, 1996 e 2006.

Desnutrição de crianças caiu de 22,2% para 5,9% no Nordeste

O estudo foi além e buscou identificar as razões do declínio. Concluiu que fatores distintos derrubaram a desnutrição no Nordeste nos dois períodos. Enquanto entre 1986 e 1996 a melhoria na escolaridade materna e a disponibilidade de serviços de saneamento foram os fatores centrais, no segundo período o fenômeno está atrelado ao aumento do poder aquisitivo das famílias, impulsionado por programas de transferência de renda, como o bolsa-família ou o aumento do salário mínimo, e, novamente, a melhoria da escolaridade materna. “Para controlar o problema em 10 anos será preciso manter o aumento do poder aquisitivo dos mais pobres e assegurar investimentos públicos para completar a universalização do acesso a serviços essenciais de educação, saúde e saneamento”, diz Ana Lucia Lovadino.

Os resultados da pesquisa mostram que medidas como a transferência direta de renda tiveram um reflexo instantâneo e significativo na redução das taxas de desnutrição. Segundo Carlos Augusto Monteiro, a focalização de recursos produziu efeitos sensíveis na questão da desnutrição. “Parece pouco, mas com R$ 100 por família vitimada pela miséria extrema o panorama da desnutrição muda radicalmente”, afirma. O crescimento econômico registrado nessa década serviu de estímulo, mas, diz Monteiro, momentos da história do país em que houve um desenvolvimento econômico bem superior, como o caso do milagre brasileiro dos anos 1970, não foram acompanhados por quedas da desnutrição no Nordeste como agora. De acordo com ele, a melhora da taxa de desnutrição no país desatrelou-se da evolução do Produto Interno Bruto (PIB). “O PIB do país sugeriria uma prevalência de desnutrição maior que a observada. O México, por exemplo, que tem um PIB próximo do nosso, tem taxa de desnutrição de 13 a 14%”, afirma.

Se tais evidências servem para avalizar a eficiência dos programas de renda mínima, há um outro dado que revela a importância de medidas de longo prazo na melhoria da qualidade de vida do Nordeste. A pesquisa sugere que uma causa importante da queda da desnutrição foi o aumento da escolaridade materna e a mudança dos “antecedentes reprodutivos” das mulheres, conceito que contempla fatores como a taxa de fecundidade, a idade da mãe e o intervalo entre o nascimento dos filhos. “Quanto mais filhos tem uma mulher, menos tempo tem para se dedicar a cada um deles, e a tendência é que dê prioridade para o mais novo, em prejuízo dos outros”, diz Monteiro. As mudanças de comportamento neste campo foram extraordinárias. A taxa de fecundidade no Nordeste, que era de 5,2 filhos por mulher em 1986, caiu para 3,1 em 1996 e 1,75 em 2006 – colocando-se ligeiramente abaixo até mesmo da média nacional, que é de 1,77 filho por mulher. “Essa mudança coincide com a universalização do acesso ao ensino fundamental que ocorreu nos anos 1990. Foi nessa década que as mães avaliadas na pesquisa de 2006 cursaram o ensino fundamental. Elas, ao contrário de gerações anteriores, tiveram menos filhos e conquistaram uma autonomia para cuidar delas próprias e das crianças”, afirma Monteiro.

Valor cultural - O pesquisador observa que essa tendência é um indicador de modernização da sociedade brasileira. “Significa que a maioria dos brasileiros adotou como padrão ter no máximo dois filhos. Trata-se de um valor cultural que se disseminou num país que é vasto, mas está interconectado. Se você for à África, à Índia e até a alguns países da América Latina, notará que eles pouco progrediram nisso e seguem tendo, em certos estratos, quatro ou cinco filhos por mulher. Por isso é tão impressionante que o Nordeste tenha se igualado, em 10 anos, à média brasileira”, diz.

O aperfeiçoamento dos serviços de saúde também é apontado como um fator decisivo, tanto pelo acesso das mulheres a informações fundamentais como pelo acompanhamento da saúde. Segundo Monteiro, o Programa de Saúde da Família, que leva agentes da saúde e médicos a regiões desassistidas, é a chave para compreender esse avanço. “Trata-se claramente de uma política compensatória, que busca acelerar o acesso à saúde de populações que demorariam muito a tê-lo”, afirma. Já outros indicadores melhoram num ritmo menos virtuoso. É o caso, por exemplo, das condições de saneamento. Entre 2001 e 2007, a proporção de domicílios no Nordeste conectados à rede de esgotos passou de 22% para 29,7%. No mesmo período, a cobertura da rede de água passou de 69,2% para 75,7%. “A melhoria das condições de saneamento não impediu que, em 2006, apenas um quarto das crianças da Região Nordeste residisse em domicílios servidos por redes públicas de abastecimento de água e coleta de esgoto”, afirmou Ana Lucia Lovadino. “Estudiosos das políticas sociais no Brasil têm chamado a atenção para a menor visibilidade e o menor atrativo político dos investimentos em saneamento básico e para a necessidade de priorizar este tema na agenda brasileira das políticas públicas”, afirma.


O projeto
Determinantes da tendência secular da desnutrição infantil na Região Nordeste do Brasil entre 1986 e 2006

Modalidade
Bolsa de pós-doutorado

Coordenador/bolsista
Carlos Augusto Monteiro/Ana Lucia Lovadino de Lima – USP

Investimento
R$ 161.206,30
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