--- Frase de Agora! ---
"A água é para os escolhidos
Mas como podemos esperar que sejamos nós..
... eu e você?"

Máquina do Tempo: Vaga Viva do Coletivo Ideia Nossa. A única vaga viva do lado de cá da ponte =) Vaga Viva do Ideia Nossa

Destaque da Semana: Onde está o sol que estava aqui?
Ladrões de sol, crise hídrica e êxodo rural

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Camila e a cadelinha espoleta

Camila e a cadelinha espoleta
Por Rafaela Drielli Bueno Bucieri*

Camila nasceu e construiu sua vida aos poucos. Cresceu, formou-se na faculdade, casou e teve filhos.

Espoleta, uma yorkishire, nasceu em um criadouro e recebeu esse nome pois era de uma doçura peculiar e animação incontrolável.

Camila entediada da vida monótona de casamento e filhos resolveu comprar um animal.

Espoleta ao ver pessoas logo se animou, e foi a escolhida pois era a mais animada da turma.

Espoleta cresceu, engordou, e logo ficou muito espoleta.

Camila trabalhou, criou os filhos, e percebeu que cuidar de Espoleta depois de crescida dava muito trabalho.

Espoleta era feliz e mansa com a família e as crianças.

Camila ficava irritada com as brincadeiras barulhentas e bagunceiras de Espoleta.

Os anos se passaram e Espoleta não mudava, continuava uma serelepe.

Camila, muito centrada, um dia perdeu a calma, e espancou Espoleta na frente da filha até a morte.

Agora eu me pergunto, onde começa o erro nessa história? A partir do momento que aquela mulher comprou esse animal em um pet shop, Espoleta foi condenada a ser COISA. Porque são coisas aquilo que podemos comprar e vender, e depois de fazer o uso que queremos, descartar. A postura está errada desde o principio, e sim, eu sinto nas entranhas que o meu animal não é coisa, é vida! São vidas inocentes, que precisam de amor e cuidados. Não podemos mais coisificar os nossos animais de companhia!

Quando sentimos nas entranhas que algo está errado, quando dói, corrói, e nos trás um grande sentimento de indignação, simplesmente não pode estar certo, e passar batido. No caso da enfermeira que espancou até a morte um ser completamente inocente e indefeso em GO, eu digo que sinto em minhas entranhas o quanto isso é errado em vários níveis, e o quanto não deve passar despercebido pela justiça. Sim, o povo está clamando por justiça, pois está doendo em cada um que viu aquelas imagens, saber que esse alguém está indo “dormir feliz, pois não dá em nada” (palavras da autora do crime).

Precisamos de leis mais duras quanto aos crimes de maus-tratos aos animais que, aliás, é amplamente cometido em nosso país. Porém a ética antropocêntrica na qual estamos inseridos limita seriamente uma relação harmoniosa entre nós e a vida animal.

Agora no calor do momento, com tantos casos terríveis vindo á tona, como o do Lobo que foi arrastado por um carro, ou do Titã que foi enterrado vivo pelo seu responsável, devemos nos levantar, e dar voz aqueles que não podem falar! Vamos falar pelo Lobo, Titã, e Espoleta (como foi apelidada a pequena York). Devemos controlar nossa revolta e converte-la em resultados para que esses seres que dependem de nós possam ser ouvidos.

‎"Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo."
- Mahatma Gandhi




*Rafaela Drielli Bueno Bucieri tem 20 anos, é estudante de medicina veterinária na FMU, formada no curso técnico de gestão ambiental pela ETESP e engajada atualmente na luta pelos direitos animais

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Plantas venenosas

Dezembro. É sempre um saco conseguir presente de Natal que agrade todo mundo. Quem tem família grande então, é uma dor de cabeça. Pior ainda é ter que se preocupar com os aniversariantes de dezembro. Eles normalmente ganham só um presente, ou de Natal, ou de aniversário.

Minha mãe é uma dessas pessoas. E minha tia é uma daquelas que tem um péssimo gosto pra presentes. Eu até considero minha mãe sortuda nesse aspecto, pois ela só tem que lidar com um presente ruim ao ano. Este ano, minha tia resolveu dar presente de aniversário, um dos piores possíveis. Uma planta.

Agora, você deve estar confuso. Plantas não são ruins. Plantas são bonitinhas, não dão trabalho e são um excelente item de decoração. Se der sorte até tem um perfume gostoso. O problema é que quem dá planta de presente apenas comprou porque estava no mercado e não sabia mais o que escolher. Esta pessoa não se pergunta se o aniversariante tem animais de estimação e/ou crianças pequenas. E qual é o problema? Há varias plantas venenosas no mercado. Você com certeza já notou que criança coloca tudo na boca. Animais são atraidos pelo olfato. Acredito que vocês entenderam agora onde quero chegar.

Trouxemos a planta para o apartamento e não deu nem 1 minuto que minhas gatas já estavam de olho na planta. Era uma dessas plantas de Natal, vermelhas, conhecidas como Flor do Natal/Bico de Papagaio/Poinsetia. Ela é toxica, causa alergia, diarreia, vomito, gastrite e estomatite animal. A sorte é que nós sabiamos que era venenosa, então deixamos a coitada de castigo do lado de fora. Eu liguei pra um amigo meu, que adora plantas, e perguntei se ele poderia ficar com ela. Ele aceitou e disse que quando tivesse tempo, passaria em casa para busca-la.

Acontece que aqui é inverno. A maxima hoje foi de 4 graus, minima de 1. Semana passada chegou a -3. Meu amigo não teve tempo de pegar a planta. Tres dias depois, eu olho pra planta e ela estava coberta de gelo. Eu sabia que tinha que trazer a planta pra dentro e ver se tinha algum jeito de mante-la viva. Liguei pro meu amigo e perguntei se elas resistem a condições infelizes como aquela. Ele falou que sim, elas duram bastante, só precisa estar fora do frio.

Passei o dia inteiro esperando ele vir, com a planta na minha frente. Ela conheceu minha sala, cozinha, quarto e meu banheiro. Não podia deixa-la um minuto fora do meu alcance. Até que eu tive que sair. Achei um livro que eu precisava muito por um preço muito bom. A livraria só tinha uma cópia. Mas e a planta?

Não tinha ninguém em casa. Não tinha quem vigiasse a planta ou minhas gatas. Deixei a planta no banheiro, fechei a porta e coloquei uma cadeira na frente, pra ter certeza de que elas não conseguissem entrar. Voltei correndo pra casa. Minha gata estava sentada em cima da cadeira, esperando pra entrar no banheiro. Tirei a planta do banheiro e deixei que elas entrassem. Esta foi a cara da Cacau depois de inspecionar o recinto.

Sim, ela é linda. Mas por favor, pense duas vezes antes de dar plantas pra alguém. Existem centenas de plantas venenosas no mercado, elas são mais comuns do que você imagina. Violetas, lírios, tulipas, azálea... podem ser fatais para os bichanos. Olhe bem para estes olhos esbugalhados.

Ela não gosta de veterinário, ela tem medo. Seja mais consciente. Pergunte na floricultura quais plantas são nocivas à saúde das crianças e animais. A planta que eu tive acabou morrendo, não pude dar a atenção necessária.

Segue aqui alguns links com listas de plantas toxicas e os sintomas de intoxicação.
http://www.becodosgatos.com.br/plantas.htm
http://aquisoentramgatos.blogspot.com/2009/04/plantas-venenosas-e-perigosas-para.html

sábado, 3 de setembro de 2011

Papel de Parede - Setembro 2011

Já está disponível no site do Instituto Nina Rosa para download gratuito e circulação livre, o papel de parede do mês de Setembro 2011.


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Vegana - Abate Humanitário

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Empresas e Sustentabilidade – parte 1

As empresas e a democracia 2.0
Por: Júlio Resende Duarte

No século passado, as empresas foram as instituições mais poderosas e se sobrepuseram aos governos, às religiões e às instituições de ensino. Elas foram eficientes em entregar às sociedades produtos e serviços que melhoraram a qualidade de vida de muita gente. Por outro lado, ajudaram a diminuir a qualidade de vida de outros, utilizando mão de obra escrava, explorando excessivamente recursos naturais, tomando conta da grande mídia para vender sua crescente produção, fazendo lobby nos governos e entregando aos consumidores produtos que fazem mal.

Hoje, está se tornando cada vez mais fácil descobrir os erros cometidos pelas empresas. A internet é uma ferramenta essencial para o consumo consciente, pois traz um nível de transparência nunca visto antes na história da humanidade. Ainda no século XX, as empresas conseguiam esconder suas mazelas, mas agora qualquer ex-funcionário pode ter um blog e contar maus tratos, qualquer cidadão pode filmar e postar no You Tudo uma saída de esgoto ilegal de uma indústria, etc. A sociedade, aos poucos, começa a equilibrar as forças. As empresas estão ficando desnudas pela democracia 2.0 e deverão, portanto, ficar em dia com suas práticas. A responsabilidade socioambiental não deve mais ser encarada apenas como uma filantropia. As práticas das empresas devem ser repensadas e reestruturadas para que todos os envolvidos (funcionários, fornecedores, sociedade, comunidade, meio ambiente e clientes) sejam beneficiados. Hoje, responsabilidade socioambiental efetiva é um pioneirismo que gera vantagem competitiva, mas no futuro será questão de sobrevivência.

O vídeo que segue é mais uma resposta desta sociedade sustentável em formação. Veja um pouco sobre a história dos eletrônicos com Anne Leonard.



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A história dos Cosméticos

Em uma sociedade que se preocupa tanto com a beleza, a gente nem pensa sobre os produtos que compramos. Vamos com aquilo que nos é familiar, que nos bombardeiam durante o comercial da novela (eca) e assumimos que eles nunca tentariam vender algo tóxico e prejudicial a saúde, né? Pois estamos enganados.


Agora sim dá pra entender as doenças desta geração. Cancer, problemas neurológicos, infertilidade... Consigo pensar em umas 10 pessoas que tem/tiveram alguma delas, sem contar eu mesma. O que mudou neste meio tempo? Além do aquecimento global, a midia nos convence de que não somos perfeitos, muito menos felizes. Pra alcançar perfeição, temos que atingir o padrão de beleza que a nossa sociedade estipula, gastando rios de dinheiro com produtos que nos trazem "estilo". Pra ter estilo preciso danificar a minha saúde? Preciso maltratar animais? Não!

Comecei a pesquisar pela internet por produtos naturais, sem produtos tóxicos e sem testes em animais. Foi dificil, mas consegui algumas marcas no Brasil que são veganas! Sim, veganas. Não tem nenhum sacrificio animal e nenhum produto animal. Eis aqui alguns sites que encontrei:

Provegan - Sendo vegano no planeta terra
Lista de cosméticos não testados em animais
http://www.provegan.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=236:marcas-de-cosmeticos-nao-testados-em-animais&catid=57:cosmeticos&Itemid=151

Skin Deep Cosmetics Database (ingles)
Escreva o nome de grandes marcas multinacionais (Avon, Pantene, Calvin Klein, Victoria Secrets, Palmolive, Nivea...) e veja o nivel de toxinas nos produtos
http://www.ewg.org/skindeep/

"Ser vegano não é somente deixar de comer coisas derivadas de animais. É se preocupar com o mundo, com o meio ambiente e até com as pessoas".

Outras referencias:
Vegetarianismo: nada de carne - Revista Star
http://www.kalenafoods.com.br/noticias-completas_lista.asp?id=77

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Oração Carioca


É com a trilha sonora de Gil e Caetano que volto a escrever neste recanto querido!

Primeiramente, perdoe-nos por mais um sumiço. Eu e o Ge estamos meio sem tempo (pra variar), mas fato é que o blog está passando por mais uma transformação e aos poucos iremos retomando as atividades por aqui.

Eu sempre torci um pouco o nariz quando o assunto era Rio de Janeiro, talvez por causa do bombardeio da mídia paulista em relação à violência carioca ou pela fama marrenta que os cariocas carregam , mas morria de vontade de viajar Brasil a fora e o Rio sempre aparecia no final da lista.

Depois de um tempo fui ganhando simpatia com esta cidade maravilhosa. Primeiro veio a canção no CD da Cia Mulungo que é emocionante de arrepiar! Conversa vai e conversa vem com alguns amigos que conhecem a cidade e a simpatia vai aumentando. E o desfecho final que me fez colocar a cidade no topo de minhas futuras viagens é o registro de nosso amigo e colaborador Alex Josias.

O registro completo pode ser conferido aqui.

Mas logo abaixo fiz uma seleção de fotos para acompanhar os versos do poema "Oração Carioca" reproduzido na peça "Filhos do Brasil" de Oswaldo Montenegro e Cia Mulungo.

Por hoje é só e espero vê-los em breve!

Boa leitura!

@alvarodiogo "O Rio de Janeiro continua lindo..."

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Oração Carioca

Alguém passa na rua
Eu rio alegre e abano
Da praia vejo nuvens
Parindo um aeroplano
A sombra é a mãe do fresco
O sol é todo o ano
Guerrilhas morro acima
Amores cá no plano
Eu sou um andarilho
Errante, pisciano
Cidade, acha teu trilho
Meu Rio, eu te amo
Eu nunca fui pró Bush
Nem anti-americano
E ando na Lagoa
Pra Copa, salvo engano
Tem tudo ali: mistura
Demônios e ser humano
São putas e dondocas
Meu Rio, eu te amo
Te estraçalharam os dentes
Com a fúria de algum cano
Revólver da pobreza
Descaso ou mero engano
Que os teus 40º
Derretam o mal insano
Que a arte te proteja
Meu Rio, eu te amo
Que todo meu cansaço
De ti é leviano
Você é mãe e filho
Meu Rio, eu te amo
Se o mar é o nosso deus
Você é o Vaticano
Com o teu surfista zen
Qual monge tibetano
De costas pra você
Olhando o oceano
Eu choro e ninguém vê
Meu Rio, eu te amo

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Papel de Parede - Agosto 2011

Já está disponível no site do Instituto Nina Rosa para download gratuito e circulação livre, o papel de parede do mês de Agosto 2011.
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Vegana - Compras

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Não é estupro se for na Globo

Por João Márcio


Há alguns meses a arroba mais influente do Twitter, como Rafinha Bastos gosta de ser chamado, foi duramente criticado por fazer uma piada sobre estupro dizendo que “mulher feia quando é estuprada deveria agradecer”. Além dos ataques no Twitter, o Ministério Público decidiu investigá-lo por conta da piadinha desrespeitosa e de péssimo gosto. Nada mais justo. Estupro ou qualquer outro tipo de abuso sexual é algo nojento e criminoso. Além disso, uma “piada” como essa fere a dignidade de quem já passou por essa situação e dos seus familiares. Eu tenho um caso de estupro na família e me sinto ofendido quando vejo alguém banalizando algo tão grave.


Paralelo a tudo isso, a nova sensação do sempre engraçadíssimo e inovador Zorra Total [/ironia] conta da história de uma transexual e sua amiga feia que andam em um metrô lotado e suas desventuras cotidianas. Tudo isso em meio a um bordão que se popularizou rapidamente: Ai, como eu tô bandida!





















O roteiro do quadro não muda: Janete encontra Valéria, elas comentam sobre a cirurgia de mudança de sexo de Valéria, fazem uma brincadeira de “você gosta?” – “gosto” até o infinito que irrita o telespectador e a personagem, Valéria dá meia dúzia de patadas e apelidos em Janete e, por fim, alguém abusa sexualmente de Janete no vagão lotado. Neste momento Valéria, muito debochada, diz pra amiga aproveitar o momento porque não é sempre que uma mulher como ela tem esse tipo de sorte. Ou seja, em meio a todas as claques e clichês que imperam no programa de sábado, ensinamos semanalmente que a mulher não deve reagir ou se ofender caso seja sexualmente abusada, e caso venha a sofrer um estupro, deve se sentir sortuda, pois nenhum homem gostaria de se envolver com uma mulher feia. Percebam que é exatamente a mesma piada que saiu da boca de Rafinha Bastos e foi absurdamente pisoteada. Porém na Globo sua projeção é outra, torna-se benéfico. Ignora-se o fato do desrespeito a dignidade. O pior de tudo: tal quadro alcança hoje 25 pontos no Ibope. Todo sábado a noite o mesmo roteiro ensina às mesmas pessoas que estupros e abusos sexuais são bençãos, e não devem ser denunciados.


Fica a pergunta: Qual a diferença do estupro de Rafinha Bastos e do estupro de Valéria e Janete? Nenhuma, salvo o poder de penetração da mensagem. Enquanto Rafinha atende a um público mais “elitizado” socio-culturalmente (afinal, ele é defensor do tal ‘humor inteligente’, apesar dos quilos de preconceito), o Zorra Total vai de encontro com um povo que provavelmente não teve acesso a informação e que utiliza na maioria das vezes a televisão como seu quadro negro involuntário. Os quadros subsequentes colocam a mulher como unicamente uma fêmea, um objeto sexual, ridicularizam o fato Presidência do Brasil estar nas mãos de uma mulher e passam uma hora semanal fazendo o retrógrado humor da mulher de pouca roupa, erotizando o telespectador. Esse é o mesmo programa que ensina que estupro é o novo ‘casar e ter filhos’. É um humor machista e misógino. Eu sinceramente não acho a menor graça dessa bandidagem da Valéria.


Aos que não sabem: hoje no Brasil, 43% das mulheres brasileiras sofrem violência doméstica; uma mulher é violentada a cada 12 segundos; a cada duas horas uma mulher é assassinada. E você vai continuar rindo disso?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

As tragédias urbanas: desconhecimento, ignorancia ou cinismo?

As tragédias urbanas: desconhecimento, ignorância ou cinismo?

Por paradoxal que possa parecer, a proposta de Reforma Urbana – e a terra urbana, sua questão central- desapareceu da cena política após a criação do Ministério das Cidades
Por Erminia Maricato, via Caros Amigos

Expansão urbana e piscinão, São Paulo
Foto Nelson Kon

Todos os anos, no período das chuvas, as tragédias das enchentes e desmoronamentos se repetem. Os mesmos especialistas, hidrólogos, geólogos, urbanistas repetem as soluções técnicas para enfrentar o problema. A mídia repete a ausência do planejamento e da prevenção aliada à falta de responsabilidade e “vontade política” dos governos (muitos dos jornalistas como os colunistas globais, donos da verdade, se esquecem de que pregaram o corte dos gastos públicos e das políticas sociais durante duas décadas). As autoridades repetem as mesmas desculpas: foram muitos anos de falta de controle sobre a ocupação do solo (como se atualmente esse controle estivesse sendo exercido), mas “fizemos e estamos fazendo...”. Todos repetem a responsabilidade dos que ocupam irregularmente as encostas e as várzeas dos rios como se estivessem ali por vontade livre e não por falta de opção.

Tragédias decorrentes de causas naturais são inevitáveis e irão se ampliar com o aquecimento global que atualmente é um fato indiscutível. Um serviço de alerta de alto padrão pode minimizar problemas como mostram exemplos de sociedades menos desiguais e que controlam, relativamente, a ocupação do território. Mesmo no Brasil há soluções técnicas viáveis mesmo se considerarmos essa herança histórica de ocupação informal do solo. Mas não há solução enquanto a máquina de fazer enchentes e desmoronamentos – o processo de urbanização - não for desligada.

Desligar essa máquina e reorientar o processo de urbanização no Brasil implica contrariar interesses poderosos que dirigem o atual modelo que exclui grande parte da população da cidade formal. A imensa cobertura midiática dos acontecimentos silenciou sobre os principais fatores que impedem a interrupção da recorrência e da ampliação dessas tragédias anuais. Vamos tentar dar “nomes aos bois”.

A principal causa dessas tragédias é do conhecimento até do mundo mineral: a falta de controle sobre o uso e a ocupação adequada do solo. Parece algo simples, mas é profundamente complexo, pois controlar a ocupação da terra quando grande parte da população é expulsa do campo ou atraída para as cidades, mas não cabe nela, é impossível.

Controlar a ocupação da terra quando esta é a mola central e monopólio de um mercado socialmente excludente (restrito para poucos, apesar da ampliação recente promovida pelos programas do Governo Federal) viciado em ganhos especulativos desenfreados, é inviável. Os trabalhadores migrantes e seus descendentes, não encontram alternativa de assentamento urbano senão por meio da ocupação ilegal da terra e construção precária, sem observância de qualquer lei e sem qualquer conhecimento técnico de estabilidade das construções. A escala dessa produção ilegal da cidade pelos pobres (i.e. maioria da população brasileira) raramente é mencionada.

Nas capitais mais ricas estamos falando de um quarto a um terço da população - SP, BH, POA -, metade no RJ e mais do que isso nas capitais nordestinas. Nos municípios periféricos das Regiões Metropolitanas essa proporção pode ultrapassar 70% até 90%. Áreas vulneráveis, sobre as quais incide legislação ambiental, desprezadas (de modo geral) pelo mercado imobiliário são as áreas que “sobram” para os que não cabem nas cidades formais, e nem mesmo nos edifícios vazios dos velhos centros urbanos cujos números são tão significativos que dariam para abrigar grande parte do déficit habitacional de cada cidade.

Mas, quando um grupo de sem teto ocupa um edifício ocioso que frequentemente acumula dívida de milhões de reais de IPTU, no centro da cidade formal , ação do judiciário, quando provocada, não se faz esperar: a liminar é rápida ainda que esses edifícios estejam bem longe de cumprir a função social prevista na Constituição Federal e no Estatuto da Cidade. Enquanto isso, aproximadamente milhões de pessoas, sim milhões, ocupam as áreas de proteção ambiental: Áreas de Proteção aos Mananciais, várzeas de rios, beira de córregos, mangues, dunas, encostadas que são desmatadas, etc. Não faltam leis avançadas e detalhadas. Também não faltam Planos Diretores.

Quando se fala em solo urbano ou terra urbana é necessária uma ressalva: não se trata de terra nua, mas de terra urbanizada. A localização da terra ou do imóvel edificado é o que conta. Há uma luta surda e ferrenha pelas melhores localizações, assim como pela orientação dos investimentos públicos que causam aumento dos preços e valorização dos imóveis em determinadas áreas da cidade.

A terra urbana (ou rural) é um ativo da importância do capital e do trabalho. Distribuir renda não basta. É preciso distribuir terra urbana (ou rural) para combater a escandalosa desigualdade social no Brasil.

Quando voltou do exílio, Celso Furtado chamou atenção para a necessidade de distribuir ativos como forma de combater a desigualdade social. São eles, terra e educação. Na era da globalização a terra vem assumindo uma importância estratégica. Conglomerados transnacionais e até mesmo Estados Nacionais disputam as terras agriculturáveis nos países mais pobres do mundo todo. No Brasil ela se encontra sobre intensa disputa no campo ou na cidade.

Infelizmente o Governo Lula ignorou essa questão crucial e a política urbana se reduziu a um grande número de obras, necessárias, porém insuficientes. É verdade que a maior responsabilidade sobre a terra, no âmbito urbano, é municipal ou estadual (quando se trata de metrópoles). Mas é preciso entender porque um programa como o Minha Casa Minha Vida, inspirado em propostas empresariais, causou um impacto espetacular no preço de imóveis e terrenos em 2010.

Financiar a construção de moradias sem tocar no estatuto da propriedade fundiária, sem regular ganhos especulativos ou implementar a função social da propriedade gerou uma transferência de renda para preço dos imóveis. E parte dos conjuntos habitacionais de baixa renda continua a ser construída fora das cidades, repetindo erros muito denunciados na prática do antigo BNH. Os prefeitos que não querem ou não conseguem aplicar a função social da propriedade enfrentam a dificuldade de comprar terrenos a preço de mercado, altamente inflado, para a produção de moradias sociais. Já os governadores, em sua absoluta maioria, ignoram a necessidade de políticas integradas nas metrópoles.

As demais forças que orientam o crescimento das cidades no Brasil estão muito ligadas à essa lógica da valorização imobiliária com exceção do automóvel que ocupa um lugar especial. Ao lado do capital imobiliário, as grandes empreiteiras de obras de infra-estrutura orientam o destino das cidades quando exercem pressão sobre os orçamentos públicos (via vereadores, deputados, senadores ou governantes) para garantir determinados projetos de que podem ser oferecidos ao governante de plantão como forma de “marcar” a gestão. As obras determinam o processo de urbanização mais do que leis e Planos Diretores, pois o que temos, em geral, são planos sem obras e obras sem planos. A política urbana se reduz à discussão sobre investimentos em obras e isso está vinculado à lógica do financiamento das campanhas a ponto de determinar as obras mais visíveis e aquelas que possam corresponder ao cronograma eleitoral.

As obras viárias são priorizadas pela sua visibilidade e, é claro, para viabilizar o primado do automóvel, outro dos principais motivos da completa falência das nossas cidades. Os males causados pela matriz de mobilidade baseada no rodoviarismo, ou mais exatamente pelos automóveis, são por demais conhecidos: o desprezo pelo transporte coletivo, ignorando o aumento das viagens a pé, o alto custo dos congestionamentos em horas paradas, em vidas ceifadas nos acidentes que apresentam números de guerra civil, em doenças respiratórias e cardíacas devido à poluição do ar, na contribuição para o aquecimento do planeta e o que nos interessa aqui, particularmente na impermeabilização do solo.

Parece incrível que em pleno século XXI foi aprovada e iniciada a ampliação da nefasta marginal do Rio Tietê (o governador Serra, candidato à presidência se enroscou no cronograma da obra que ainda levará muito tempo para ser terminada) um equívoco dos engenheiros urbanistas que se definiram pelo modelo rodoviarista para São Paulo e em conseqüência para todo o Brasil. (Ocupar margens dos rios quando estas deveriam dar vazão às cheias do período das chuvas é, como sabemos, contribuir com a insustentabilidade urbana).

Agora os carros e caminhões parados com seus escapamentos despejando poluentes na atmosfera ocupam oito pistas da marginal ao invés das 4 anteriores. Mas essa estratégia não é exclusividade de um partido. Governos de todos os partidos na cidade de São Paulo contribuíram para o deslocamento da centralidade fashion da cidade em direção ao sudoeste produzindo, com pontes, viadutos, obras de drenagem, trens, despejo de favelas, operação urbana e projetos paisagísticos uma nova fronteira de expansão para o capital imobiliário.

As obras de drenagem oferecem um exemplo dos erros de uma certa engenharia que ao invés de resolver, cria problemas. Durante décadas as empreiteiras se ocuparam em tamponar (“canalizar”) córregos e construir avenidas sobre eles, impermeabilizando o solo e permitindo que as águas escoassem mais rapidamente para as calhas dos rios. Agora, quando se trata de reter a água, surge a “moda” dos piscinões. Um mal necessário mas que não passa de paliativo já que o solo continua a ser impermeabilizado e a sua ocupação descontrolada.

Diante desse quadro espantoso, é surpreendente que a questão urbana tenha perdido a importância a ponto de ser quase nulo o seu destaque programas de governo de todos os partidos e estar ausente dos debates nas últimas campanhas eleitorais. Até mesmo a proposta de Reforma Urbana, reconstruída a partir da luta contra o Regime Militar, inspiradora da criação do Ministério das Cidades, que tinha como centralidade a questão fundiária, desapareceu da agenda política. Movimentos sociais estão mais ocupados com conquistas pontuais na área de habitação.

O Ministério das Cidades, criado para tirar das trevas a questão urbana brasileira, combatendo o analfabetismo urbanístico está nas mãos do PP (partido do ex-prefeito e governador Paulo Maluf e ex- presidente da Câmara Severino Cavalcanti) desde 2005. Algumas poucas gestões municipais “de um novo tipo” que surgiram nos anos 1980 e 1990, voltadas para a democratização das cidades, dos orçamentos, das licitações, do controle sobre o solo, ainda tentam remar contra a maré contrariando interesses particulares locais, mas elas são cada vez em menor número diante do crescimento do pragmatismo dos acordos políticos. A Copa e as Olimpíadas e as mega obras que as acompanharão ocupam a preocupação dos gestores urbanos que insistem em concentrar investimentos em novos cartões postais e novas áreas de valorização imobiliária até que a próxima temporada de chuvas traga a realidade de volta por alguns dias e a mídia insista na falta de planejamento e prevenção.

*Erminia Maricato é arquiteta, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, foi coordenadora do programa de pós-graduação (1998-2002), secretária de Habitação de São Paulo (1989-1992) e secretária-executiva do Ministério das Cidades (2003-2005).



segunda-feira, 18 de julho de 2011

Papel de Parede - Julho 2011

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Vegana - Circo

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Crise terminal do capitalismo?

Crise terminal do capitalismo?


Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adapatar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.

A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.

A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.

O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.

Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha, o desemprego atinge 20% no geral e 40% e entre os jovens. Em Portugual 12% no pais e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.

A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos paises periféricos. Hoje é global e atingiu os paises centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentitentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamene nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.

Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente, criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.

As ruas de vários paises europeus e árabes, os “indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhois gritam: “não é crise, é ladroagem”. Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumo-sacerdotes do capital globalizado e explorador.

Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da super-exploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas.

*Leonardo Boff é autor de Proteger a Terra-cuidar da vida: como evitar o fim do mundo, Record 2010.

sábado, 18 de junho de 2011

Sou fã. Sou pirata. Sou ladrão?


Pequena nota relâmpago de esclarecimento:

Caros amigos leitores!

O Blog Ideia Nossa está ao relento novamente e novamente os autores estão sem tempo para postar (¬¬ conta uma novidade). Sinto claramente mais uma metamorfose se aproximando, e acho que algumas coisas mudarão por aqui e assim como todos os textos postados aqui ao longo desses 3 anos mudaram a mim, aos autores e muitos leitores, há certas mudanças em nossas vidas que acabam mudando também a cara e o rumo do blog. Mas por enquanto deixo-os na curiosidade e vamos ao que interessa! Post novo! *.*

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Sou fã. Sou pirata. Sou ladrão?
Desabafo de um fã-pirata que não quer ser considerado ladrão por seus ídolos.
Sou fã.

Conheci Tuatha de Danann ainda no ensino médio. Uma amiga tinha o CD Trova di Danú, não gostava muito e acabou me "emprestando por definitivo". Já tinha ouvido alguma coisa na casa de amigos, mas ainda não tinha me inspirado para conhecer a fundo. Inspiração que veio com esse maravilhoso CD caindo nas minhas mãos.

A primeira coisa que fiz quando ouvi e gostei foi baixar a discografia na internet.

A segunda coisa que fiz - depois de já ter decorado todas as letras, viciado e viciado de tabela alguns amigos - foi ir ao show deles na EXPOMUSIC.

E adivinha? Consegui autografar meu CD e ainda fiquei trocando ideias com o Rodrigo e o Giovani, baterista e baixista respectivamente.

Pois bem, sempre curti o som da banda (até hoje tenho uma camisa do "The delirium has just began"), sempre baixei o som da banda e sempre o divulguei para todo mundo e nunca vi nada de errado nisso. Ficava feliz em divulgar uma banda de metal nacional com a qualidade dos caras de Varginha Rock City.

Não gostei quando a banda parecia chegar ao fim com a saída do mentor Bruno Maia, mas fiquei feliz quando saiu seu CD solo e logo tratei de fazer o download para conhecer. E muito bem, me apaixonei pelo som mais folk e menos metal que seu trabalho anterior no Tuatha de Danann.

Sou pirata.

Faço 21 anos este mês e tenho meia dúzia de CDs originais no meu quarto, onde a maioria absoluta deles ganhei de presente. Cresci na transição para as mídias digitais e sei que muita gente da minha idade comprou muitos CDs e compra até hoje, mas infelizmente nunca tive dinheiro para isso.

Toda a minha bagagem cultural deve-se aos downloads que fiz e faço. Ouso ainda afirmar que minha vida inteira seria diferente sem a internet, talvez sem o acesso à ela e sua dinâmica informativa nunca estaria bem informado e quem sabe nem passaria no vestibular.

Talvez daqui alguns anos falarei para minha filha de maneira nostálgica como era a época em que eu fazia downloads no Kazaa, no LimeWire, no Torrent, via Rapidshare e Megaupload, etc., da mesma forma que a geração da minha mãe sente saudades dos tempos do LP. Sim! Tenho certeza que logo, logo o formato digital mudará e se reinventará, eu só não tenho o feeling asimoviano para dar um palpite de como será.

E o que formatos digitais de músicas tem a ver com o Bruno Maia?

Sou ladrão?

Alguns meses atrás um fato ocorrido aqui no blog me deixou muito decepcionado.

Estava na ânsia de reviver o blog (mais uma vez) e os posts do marcador Dicas de Download era uma forma fácil e acessível de manter o blog atualizado. Então resolvi voltar a compartilhar as músicas que me acompanham no fone de ouvido diariamente.

Disponibilizei o álbum solo do Bruno Maia para download aqui e recebemos um comentário de um integrante da banda pedindo cordialmente para retirar o link, pois disponibilizar o CD prejudica a banda.

Bah! Os integrantes do Movimento Música Para Baixar estão se prejudicando? Músicos já consagrados na cena como Leoni, Móveis Coloniais de Acaju e Teatro Mágico entrariam nesse movimento para se prejudicarem? Ou a diferença está simplesmente na maneira de pensar de cada artista?

Retiramos o link para download em respeito a banda e retirei a banda do meu celular em respeito a mim mesmo. Nunca me interesso por nada só pela estética, e uma banda me conquista por inteiro não só com sua música, mas por suas posições ideológicas também.

Depois desse dia nunca mais ouvi o som deles e nunca mais indiquei para nenhum amigo e talvez nem indicarei mais. Quem quiser conhecer que compre o CD, não é mesmo? Aliás, você conhecia Tuatha de Danann e Bruno Maia?

Acho que não.

Eu também nunca conheceria se não fosse a internet.

Segundo Alex, integrante da banda, no próprio site oficial, "com um pouquinho de conhecimento na web é possível baixar o mesmo álbum". Eu não devo possuir conhecimento de web, pois não encontrei. Ficaria muito feliz se alguém da banda postasse o link nos comentários para mais pessoas conhecerem este maravilhoso trabalho.

Não crio esse post para satanizar a banda, nem para criar polêmicas desnecessárias.

Isso é apenas um desabafo e um convite para a discussão sobre direitos autorais e internet. Não me aprofundei nesse aspecto, ficando retido mais aos relatos pessoais, pois no final deste post há uma lista de links com ótimos textos sobre o assunto para quem se interessar e quiser se aprofundar e de quebra ainda fica o documentário "A Nova MPB: Música Para Baixar."


A pergunta que deixo para reflexão é a seguinte: Sou fã. Sou pirata. Sou ladrão?

@alvarodiogo "Compartilhe suas ideias"

Dicas de Leitura via @ftebet:
- Com Ciência: Música no ambiente digital: direitos autorais e novos modelos de negócio e distribuição
- SONIDO: O Fórum Nacional da Música (FNM) lançou um documento defendendo novo sistema de arrecadação e distribuição dos direitos autorais.Direito autoral para a música"
- Movimento Cultura Brasil: Teceria Via para o Direito Autoral
- Revista Trip: O Mistério do E-CAD
- Portal Vermelho: Sérgio Amadeu: Internet não se guia por critérios de mercado
- ECAD: Como receber direito autoral

sábado, 11 de junho de 2011

O que pensam os motoristas?

O que pensam os motoristas?

Núcleo do departamento de psicologia da Universidade Federal do Paraná se dedica a mapear o comportamento dos motoristas e aponta algumas tendências

Imagine a cena. Você está dirigindo seu carro e aparece uma bola quicando da calçada para a rua. Você, então, imagina que uma criança deve vir correndo atrás e freia imediatamente. Quanto tempo demora até que o carro pare? A maioria absoluta das pessoas responde que o carro para, quase, imediatamente. Certo?

Vamos pensar. Primeiro, estima-se que o tempo de processamento da informação para que você inicie a frenagem do veículo leva aproximadamente um segundo. Se você estiver andando a 80 km/h (ok, é uma velocidade exagerada, mas não duvide que muitos carros a atinjam em cidades grandes), esse segundo de demora para acionar o freio vai te fazer andar por mais 22 metros. Até o carro parar compleramente, ele ainda deve avançar mais 30 metros. Então, no total, o carro terá avançado por quase meia quadra. E pode, sim, atingir a criança que virá correndo atrás de sua bola.

Quer dizer, então, que as pessoas não têm real noção do perigo de dirigir um carro na cidade?

Exatamente!

Pelo menos é o que mapeia o Núcleo de Psicologia do Trânsito, da Universidade Federal do Paraná, coordenado pela psicóloca Iara Thielen. O departamento produz pesquisas que tentam compreender os fatores psicológicos do comportamento dos motoristas no trânsito. Em funcionamento desde 2007, o núcleo já conseguiu apontar algumas tendências que qualquer morador de cidade grande (ou qualquer pessoa tenha assistido o desenho do Pateta), intuitivamente, já sabe. A diferença é que, quando apresentados formalmente em estudos e artigos científicos, esses padrões de comportamento podem influenciar políticas públicas que restrinjam o uso do carro, por mostrar um de seus aspectos negativos pouco discutidos: o psicológico.

Conheça alguns dos padrões de comportamento desenvolvidos com o uso excessivo do carro:

1. O trânsito não é percebido como um fenômeno coletivo pelas pessoas.
Há um individualismo exacerbado por parte dos motoristas. “As pessoas sempre acreditam que o problema é dos outros, que correm feito loucos, enquanto que elas mesmas só exageram ‘um pouquinho’”, explica Iara. Essa é a mesma desculpa para comportamentos sociais ilegais, segundo ela. Em uma pesquisa com um grupo de pessoas que recorriam de suas multas, Iara se deparou com um infrator que tinha estacionado em local proibido e quis saber o motivo da revolta contra a multa. “Ele me disse que tinha estacionado lá em um domingo e que, por isso, não estava atrapalhando ninguém”, conta ela. “Isso é muito comum, pessoas que culpam o código de trânsito e que querem subvertê-lo para favorecer seus próprios interesses”, explica. O mesmo se dá para pessoas que param em cima da faixa: a culpa nunca é delas. É o farol que fechou e não deu tempo de seguir, por exemplo. Ou, pior, dizem não estar atrapalhando, que os pedestres podem, perfeitamente, contornar o carro.

As pesquisas também apontam que as formas de melhorar o trânsito apontadas por motoristas são mais fiscalização, mais radares para evitar o excesso de velocidade. “Ninguém nunca admite que precisa tirar o próprio pé um pouco do acelerador”, complementa. A função da fiscalização, para ela, é punir os mal educados, não educar.

2. Esse individualismo dá margem para uma noção de “propriedade do espaço público”
Os outros carros sempre são percebidos pelos motoristas como uma ameaça ao seu espaço. “Se um motorista está transitando e aparece outro em sua frente, ele logo pensa ‘como é que ele ousou ocupar meu espaço?’”, explica Iara. Todo motorista, segundo ela, pensa intuitivamente ter mais direito do que os outros e sempre encara um carro que tome sua dianteira como uma agressão. Por isso o comportamento tem se tornado tão violento. E há um componente físico que piora o quadro: o ponto cego do carro. Acontece muitas vezes de haverem “fechadas” não intencionais no trânsito. Mas, nesse ambiente de guerrilha, as reações sempre acabam sendo mais inflamadas do que o necessário.

3. Há uma hierarquia muito clara no trânsito – que define quem é “mais dono” e quem é “menos dono” do espaço público
Pedestres têm menos direitos que os ônibus, que têm menos direitos que os carros, que têm menos direitos que os carros caros. “Quanto maior o status, mais dona do espaço público a pessoa se sente”, diz Iara. Só que, no trânsito, as mesmas chances de ocupar o espaço são dadas a todos. E, como os veículos ficam atravancados no trânsito, a ocupação das ruas vira uma disputa violenta pelo espaço entre carros, ônibus e pedestres.

4. A noção de perigo é subestimada, em especial por quem é jovem
Sabe aquela história de “prefiro que o carro dê PT de uma vez, para ser ressarcido pelo seguro”? Pois bem, é um discurso muito comum, que não leva em conta as consequências do acidente que gerar essa Perda Total no veículo. O perigo de andar em alta velocidade é subestimado. “Excesso de velocidade é entendido pela maioria dos motoristas com ‘andar acima da minha capacidade de controlar a potência do veículo’”, explica Iara. “Essas opiniões individuais distorcem o sentido de segurança e do espírito social que é o trânsito”, complementa. “O cuidado com o outro é invisível porque eles acreditam que controlam absolutamente a situação e que podem parar o carro no instante em que quiserem”, adverte Iara.

5. O excesso de carros é visto por um problema pelos motoristas, que afirmam que não se deve vender mais carros… para os outros.
As cidades estão saturadas de veículos. Curitiba, por exemplo, possui a maior frota per capita do Brasil. São Paulo recebe mil novos veículos todos os dias. Claro que o trânsito vai piorar, é uma questão física: não há espaço para tantos carros. Até aí, segundo Iara, todo mundo concorda. O problema apontado por ela é quando se começa a discutir a solução. “Todo mundo diz que não se pode mais vender carros, mas absolutamente ninguém mostra a menor disponibilidade de se desfazer ou diminuir o uso do seu”, diz ela. “Não dá para viver sem carro na cidade, é impossível”, dizem os motoristas. “Ok, mas assim também fica impossível resolver tanto o problema do trânsito quanto esses padrões de comportamento que estão fazendo as cidades ficarem tão violentas”, diz a psicóloga.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Papel de Parede - Junho 2011

Já está disponível no site do Instituto Nina Rosa para download gratuito e circulação livre, o papel de parede do mês de Junho 2011.

Para baixar gratuitamente o papel de parede, clique abaixo na dimensão mais adequada ao seu monitor, salve a imagem como, clique nela com o botão direito do mouse e defina-a como papel de parede.

A reprodução é livre.

Dimensões:

Vegana - Almoço Vegano

domingo, 22 de maio de 2011

O AMOR VENCEU PARA MIM E PARA VOCÊ TAMBÉM

O AMOR VENCEU PARA MIM E PARA VOCÊ TAMBÉM
Por Wanderley Bressan*

A aprovação da união estável pelos ministros do Supremo Tribunal Federal por 10 votos a zero, pegou na sociedade como final de novela das oito. A intensa cobertura midiática em torno desta importante problemática, que durante anos o movimento LGBT tem pautado nas suas discussões, fez com que a sociedade, mesmo aqueles que nunca se interessaram pelo tema, estivesse esclarecida do que havia acontecido. O mesmo acontece nos últimos capítulos de novelas, por onde quer que você passe você escuta um comentário.
Este acontecimento aponta uma diretriz muito positiva para o movimento LGBT. Eu, pessoalmente, já defendia há algum tempo a teoria de que apesar do alto grau de preconceito que ainda está presente e enraizado na nossa sociedade a temática LGBT sempre aguçou, no mínimo, curiosidade nas pessoas, o que facilita muito o diálogo que o movimento LGBT se propõe a fazer com a sociedade afim de esclarecer as muitas dúvidas sobre a curiosa vida homosexual.

Em 1988, o Brasil, de forma até que inovadora para a época, aprovou a união estável para homem e mulher. Ainda, e especialmente, reconheceu o direito a igualdade entre os cidadãos, o respeito à dignidade, entre outros. À partir destas premissas, durante muito tempo os tribunais no Brasil receberam diversos pedidos de rconhecimento de uniões estáveis, comprovando claramente a imensa demanda existente no Brasil.

Wanderley Bressan na Parada do Orgulho LGBT de Taboão da Serra ao lado de drags da região.

A aprovação do STF representa um avanço fantástico para a luta pela conquista da plena cidadania LGBT, pois provoca a reflexão nos demais poderes politicos e na própria sociedade. Agora falando de humano para humano, esse direito que nos era negado, assim como centenas de outros que ainda são negados, se consolidava nas nossas vidas como uma dor social e humana indescritível. Por mais que tentássemos, baseados nos princípios de cidadania, estabelecer uma família, ter residência fixa, pagar nossos impostos, muitas vezes adotando crianças abandonadas por outras pessoas, e outras infinidades de tarefas afim de desenvolver o amor humano em uma sociedade, não éramos considerados como família. É, isto mesmo, por mais que tentássemos, o fato de amar diferente privava o direito se constituir como uma, o que nos colocava em uma situação de marginalidade extrema.

Aos que ainda hoje enxergam estes avanços com maus olhos, gostaria de propor uma reflexão. Vivemos ou não vivemos em uma sociedade democrática onde a liberdade deve ser respeitada e garantida? Por mais que tenhamos uma cultura religiosa, que considera a homossexualidade como pecado, esta mesma cultura religiosa não dissemina a salvação individual e o livre árbitrio? Partindo desta linha de pensamento, que mal é feito à sociedade o desejo de poder amar outra pessoa e usufruir dos mesmos direitos de qualquer cidadão sem correr o risco de ser marginalizado?

Aos que ainda se manteem nesta injusta e retrocessa linha de pensamento sugiro esta reflexão. A todos os outros, resta-nos comemorar essa grande vitória, a vitória do amor. Como presidente da ONG DIVERSITAS – Diversidade em Taboão da Serra, divido minha alegria com todos os LGBT's de Taboão da Serra, que de forma corajosa tem ido as ruas dialogar e provar que amar não é um problema, e que o amor faz bem à todos, contribuindo diretamente para que este e outros avanços que virão sejam conquistados.

*Wanderley Bressan, Graduado em Relações Públicas, Pós-graduando em Gestão Pública, é presidente da ONG Diversitas - Diversidade em Taboão da Serra.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Pequeno manual de verbetes LGBT para você jornalista lindo nunca mais falar O TRANSEXUAL ROBERTA CLOSE

Estes dias comecei a acompanhar o blog do João Márcio e achei este post extremamente informativo e esclarecedor :)
Beijos, queridos!
Maguita
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Pequeno manual de verbetes LGBT para você jornalista lindo nunca mais falar O TRANSEXUAL ROBERTA CLOSE
Olá lindas e lindos, hoje vou ensinar em poucas lições como redigir um texto sem ofender a comunidade LGBT e explicar o porque do uso destes termos. O objetivo desse post não é, em absoluto, ofender a classe jornalistica, mas elucidar algumas questões que ficam pendentes sobre os termos a serem utilizados. Assim como negros, judeus, mulheres e outras minorias pedem alterações de alguns termos para se sentirem contemplados (e hoje muitos deles foram aderidos), com o debate sobre os direitos LGBTs em polvorosa achei interessante pôr em pratos limpos algumas expressões para que nossos textos sejam mais coerentes com todos.

ORIENTAÇÃO SEXUAL, POR FAVOR.
Lindos, nunca usem o termo "opção sexual". Ofende profundamente o movimento LGBT. Uma vez que não fazemos escolhas sobre nosso desejo sexual (ou alguém se lembra quando escolheu ser hetero?), o termo “opção” torna-se pejorativo quando falamos sobre lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros. O termo correto para falar sobre sexualidade é “orientação sexual”, uma vez que desejo sexual nos orienta a essa ou aquela forma.

LGBT IS THE NEW GLS
Algumas pessoas ainda usam o termo “GLS”, datado da década de 70, quando não existia um questionamento mais profundo sobre os direitos homoafetivos. O termo LGBT contempla lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros. Outros preferem utilizar LGBTT para dar voz a travestis e transexuais separadamente e não @s aglomerando num grupo “transgênero”. A ordem L-G-B-T é em respeito ao movimento feminista, uma das bases do movimento LGBT, portanto, além de homenagear as mulheres que lutaram pelos seus direitos, a sigla L vem a frente por questões de visibilidade lésbica. E lembre-se: GLS pode ser usada apenas para fins comerciais, como lojas, hotéis, boates, bares e clubes chamados “gay friendly”. Em geral o termo tem caído em desuso, mas sua conotação hoje é muito mais comercial do que política.

HOMOSSEXUALIDADE SIM, HOMOSSEXUALISMO NUNCA.
Judeus lutaram por muito tempo para o desuso da palavra “judiar”, que era algo que tornava ofensivo para os praticantes de tal religião. O mesmo se aplica a expressão “homossexualismo”, que remete coisas terríveis aos LGBTs. O termo “homossexualismo” foi criado durante o nazismo para denotar que o comportamento pederasta era uma doença. Em 1990, quando a OMS retirou a homoafetividade do seu catálogo de doenças, entendendo que é uma expressão da sexualidade, passou-se a usar o termo “homossexualidade”, uma vez que todo ser humano tem uma sexualidade, sendo ela homo, hetero, bi, pan ou assexuada. Então, em respeito a todos os homossexuais que sofreram por conta do nazismo, abortou-se o sufixo “ismo” e adotou-se “homossexualidade”, ou “homoafetividade”, ou em outros casos, “homoerótico”.

TRAVESTIS E TRANSEXUAIS NÃO SÃO HOMOSSEXUAIS
Essa parte parece complicada, mas não é. A sexualidade humana não é dada pelo sexo biológico (aquele que você nasceu), mas pela identidade de gênero (como você se identifica sexualmente). Ou seja, se você nasceu homem, se identifica como homem e tem atração por mulheres, você é heterossexual. Se você é mulher, se identifica como mulher, mas sente atração sexual por outras mulheres, você é homossexual. No caso de uma travesti que nasceu homem, mas se identifica como mulher e tem atração por homens ela é considerada heterossexual. Como a identificação dela é feminina, então ela é hetero. Inclusive se você conversar com muitas travestis, elas não se identificam como gays, simplesmente por que não são. São mulheres que nasceram em corpos masculinos. Porém, se a travesti (nascida homem e com identidade de gênero feminina) se envolve afetivo/sexualmente com outra travesti ou uma mulher, aí sim ela é homossexual. Pode parecer impossível, mas sim, existem travestis e transexuais homossexuais.

O TRAVESTI E A TRAVESTI SÃO BEM DIFERENTES
Um ponto que fere profundamente o movimento transgenero é a questão do recorte de gênero, como elas e eles são tratad@s. Bem, se é uma travesti/transexual MTF (male to female, ou seja, nasceu homem e identifica-se como mulher), sempre a trataremos no feminino. A travesti Luisa Marilac, por exemplo. Ou a transexual Ariadna Arantes (para citar as mais recentes). Utilizamos o gênero masculino em casos de transgeneros FTM (female to male, tão logo, mulheres que se identificam como homens), como por exemplo o filho da cantora Cher. Por uma questão, primeiramente, de respeito, devemos utilizar o tratamento correto. É agressivo demais a uma travesti ser chamada pelo nome de registro e ser tratada o tempo todo no masculino. Causa constrangimento e tristeza.

HERMAFRODITAS NÃO EXISTEM
Muita gente exemplifica Roberta Close como hermafrodita. Péssima notícia: não existem hermafroditas na espécie humana. Para um animal ser considerado hermafrodita deve ter em sua estrutura tanto o sistema reprodutivo feminino quanto masculino. Exemplo disso são as minhocas. O mesmo se aplicaria a espécie humana. Até hoje não foi registrado nenhum caso parecido na literatura médica. O que existe em nossa espécie é a “intersexualidade”, ou seja, pessoas que nascem com os dois sexos, mas sem a capacidade reprodutiva de ambos. Normalmente são crianças com um micro-pênis e uma vulva formada. Porém não podemos determinar na hora do parto se é evidentemente um homem ou uma mulher, e registra-se a criança com um dos dois sexos e num futuro descobre-se, como no caso de Roberta Close, que houve um erro. A estrutura física, psicológica e emocional é toda voltada pro feminino e seu registo é masculino. Além disso, o micro-pênis (que em muitas vezes não é capaz de ficar ereto, devido aos hormonios femininos) incomoda profundamente a intersexual.

TRAVESTI É UMA COISA, TRANSEXUAL É OUTRA
Travestis e transexuais são diferentes. Travestis e transexuais têm em comum a inversão de identidade de gênero (sentem-se como o sexo oposto), mas apenas as transexuais tem ojeriza ao próprio órgão genital ou sofrem do distúrbio de identidade de gênero. Em geral as transexuais tem um processo de aceitação interna muito mais doloroso e para isso enfrentam todo o processo da mudança de sexo. As transexuais podem realizar a vaginoplastia para acabar com o pesadelo do corpo errado, enquanto as travestis não sentem-se incomodadas com o sexo que nasceram. Por conta dos problemas de aceitação, muitas transexuais cometem suicídio por se sentirem aprisionadas num corpo que não as pertence. A cirurgia de mudança de sexo feminino para masculino ainda é bastante experimental e de efeito meramente estético, enquanto a transexualização masculina para feminina é um procedimento relativamente comum e mantém estrutura complexa para que a transexual tenha prazer em suas relações futuras. Como qualquer outra cirurgia podem haver falhas e a operada não sentir mais prazer com a penetração, mas não é uma regra. Muitas transexuais sentem muito mais prazer após a cirurgia.

A PALAVRA É: HOMOFOBIA
A palavra está na moda, mas muita gente não sabe exatamente o que significa. Identifica-se como homofobia o tratamento hostil, agressivo, chulo, discriminatório, preconceituoso, antipático e/ou aversivo a homossexuais, bissexuais e transgêneros (esses, em alguns casos, pedindo o uso do termo transfobia, por não se sentirem contempladas no termo homofobia, como expliquei lá em cima sobre a identidade de gênero trans). Em suma, é o mesmo que o racismo, porém com LGBTs. Por isso o apelo ao fim da homofobia no Brasil e a aprovação de leis, como aquelas criadas em prol dos negros, para criminalização da homofobia. No Brasil a cada dois dias um homossexual é assassinado. Segundo levantamento feito em abril de 2011, 60% das empresas não gostariam de ter funcionários homossexuais em seu quadro. Em escolas de todo o país, mais da metade dos alunos dizem-se não ser favoravel a homossexuais e transgêneros dentro de salas de aulas. No Brasil mais de 90% dos transgêneros evadem das escolas por conta da transfobia. A homofobia, assim como o racismo, é uma forma de bullying ainda muito recorrente no Brasil. Não é considerado homofobia a pregação religiosa sobre a homossexualidade que algumas religiões praticam, porém, caso o discurso tenha cunho agressivo e incitação a violência, pode-se considerar homofobia. O projeto de lei complementar que criminaliza a homofobia no Brasil (PL 122), prevê que agressores de homossexuais poderão ser presos com penas de até 5 anos. O mesmo projeto de lei, revisitado recentemente, deixa bem claro que a liberdade religiosa não poderá ser afetada mediante tal projeto de lei.

Espero ter contribuído com todos para revisões e esclarecimentos. Acredito que muitos redatores e jornalistas usam os termos errados não por preconceito, mas por pura falta de conhecimento no assunto. Não é má vontade. É pura desorganização do movimento LGBT em deixar claras as questões que nos atingem. Qualquer dúvida, podem deixar comentários que vou atualizando o post.

Foto: minha :)

domingo, 8 de maio de 2011

Criança, entre livros e TV

Criança, entre livros e TV
Pro Frei Betto para o Correio da Cidadania

Foi o psicanalista José Ângelo Gaiarsa, um dos mestres de meu irmão Léo, também terapeuta, que me despertou para as obras de Glenn e Janet Doman, do Instituto de Desenvolvimento Humano de Filadélfia. O casal é especialista no aprimoramento do cérebro humano.
Os bichos homem e mulher nascem com cérebros incompletos. Graças ao aleitamento, em três meses as proteínas dão acabamento a este órgão que controla os nossos mínimos movimentos e faz o nosso organismo secretar substâncias químicas que asseguram o nosso bem-estar. Ele é a base de nossa mente e dele emana a nossa consciência. Todo o nosso conhecimento, consciente e inconsciente, fica arquivado no cérebro.
Ao nascer, nossa malha cerebral é tecida por cerca de 100 bilhões de neurônios. Aos seis anos, metade desses neurônios desaparecem como folhas que, no outono, se desprendem dos galhos. Por isso, a fase entre zero e 6 anos é chamada de "idade do gênio". Não há exagero na expressão, basta constatar que 90% de tudo que sabemos de importante à nossa condição humana foram aprendidos até os 6 anos: andar, falar, discernir relações de parentesco, distância e proporção; intuir situações de conforto ou risco, distinguir sabores etc.
Ninguém precisa insistir para que seu bebê se torne um novo Mozart que, aos 5 anos, já compunha. Mas é bom saber que a inteligência de uma pessoa pode ser ampliada desde a vida intra-uterina. Alimentos que a mãe ingere ou rejeita na fase da gestação tendem a influir, mais tarde, na preferência nutricional do filho. O mais importante, contudo, é suscitar as sinapses cerebrais. E um excelente recurso chama-se leitura.
Ler para o bebê acelera seu desenvolvimento cognitivo, ainda que se tenha a sensação de perda de tempo. Mas é importante fazê-lo interagindo com a criança: deixar que manipule o livro, desenhe e colora as figuras, complete a história e responda a indagações. Uma criança familiarizada desde cedo com livros terá, sem dúvida, linguagem mais enriquecida, mais facilidade de alfabetização e melhor desempenho escolar.
A vantagem da leitura sobre a TV é que, frente ao monitor, a criança permanece inteiramente receptiva, sem condições de interagir com o filme ou o desenho animado. De certa forma, a TV "rouba" a capacidade onírica dela, como se sonhasse por ela.
A leitura suscita a participação da criança, obedece ao ritmo dela e, sobretudo, fortalece os vínculos afetivos entre o leitor adulto e a criança ouvinte. Quem de nós não guarda afetuosa recordação de avós, pais e babás que nos contavam fantásticas histórias?
Enquanto a família e a escola querem fazer da criança uma cidadã, a TV tende a domesticá-la como consumista. O Instituto Alana, de São Paulo, do qual sou conselheiro, constatou que num período de 10 horas, das 8h às 18h de 1º de outubro de 2010, foram exibidos 1.077 comerciais voltados ao público infantil; média de 60 por hora ou 1 por minuto!
Foram anunciados 390 produtos, dos quais 295 brinquedos, 30 de vestuário, 25 de alimentos e 40 de mercadorias diversas. Média de preço: R$ 160! Ora, a criança é visada pelo mercado como consumista prioritária, seja por não possuir discernimento de valor e qualidade do produto, como também por ser capaz de envolver afetivamente o adulto na aquisição do objeto cobiçado.
Há no Congresso mais de 200 projetos de lei propondo restrições e até proibições de propaganda ao público infantil. Nada avança, pois o lobby do Lobo Mau insiste em não poupar Chapeuzinho Vermelho. E quando se fala em restrição ao uso da criança em anúncios (observe como se multiplica!) logo os atingidos em seus lucros fazem coro: "Censura!"
Concordo com Gabriel Priolli: só há um caminho razoável e democrático a seguir, o da regulação legal, aprovada pelo Legislativo, fiscalizada pelo Executivo e arbitrada pelo Judiciário. E isso nada tem a ver com censura, trata-se de proteger a saúde psíquica de nossas crianças.
O mais importante, contudo, é que pais e responsáveis iniciem a regulação dentro da própria casa. De que adianta reduzir publicidade se as crianças ficam expostas a programas de adultos nocivos à sua formação?
Erotização precoce, ambição consumista, obesidade excessiva e mais tempo frente à TV e ao computador que na escola, nos estudos e em brincadeiras com amigos são sintomas de que seu ou sua querido(a) filho(a) pode se tornar, amanhã, um amargo problema.
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Crianças: a alma do negócio

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Nina Simone - The best of

Nesta semana atrasou um pouquinho o album da semana, mas não esquecemos, Háa! Desta vez vou disponibilizar um album que vai mexer com a cabeça de vocês, vamos abrir a mente para o jazz music de qualidade e de conteúdo! Não, não são só um monte de notas jogadas no ar pra você viajarr. Nina Simone mostra muita garra no piano, na voz e em seu ativismo dos anos 60!


Espero que apreciem e abram a mente para este ótimo estilo.
Fica aqui uma prévia do talento dela.



Nina Simone - Ain't Got No / I Got Life

Ain't got no home, ain't got no shoes
Ain't got no money, ain't got no class
Ain't got no skirts, ain't got no sweaters
Ain't got no faith, ain't got no beard
Ain't got no mind

Ain't got no mother, ain't got no culture
Ain't got no friends, ain't got no schooling
Ain't got no name, ain't got no love
Ain't got no ticket, ain't got no token
Ain't got no God

What have I got?
Why am I alive anyway?
Yeah, what have I got?
Nobody can take away

I got my hair, I got my head
I got my brains, I got my ears
I got my eyes, I got my nose
I got my mouth, I got my smile

I got my tongue, I got my chin
I got my neck, I got my boobs
I got my heart, I got my soul
I got my back, I got my sex

I got my arms, I got my hands
I got my fingers, Got my legs
I got my feet, I got my toes
I got my liver, Got my blood

I've got life, I've got my freedom
I've got the life

I got a headache, and toothache,
And bad times too like you,
I got my hair, I got my head
I got my brains, I got my ears
I got my eyes, I got my nose
I got my mouth, I got my smile

I got my tongue, I got my chin
I got my neck, I got my boobies
I got my heart, I got my soul
I got my back, I got my sex

I got my arms, I got my hands
I got my fingers, Got my legs
I got my feet, I got my toes
I got my liver, Got my blood

I've got life, I've got my freedom
I've got life, I'm gonna keep it
I've got life, I'm gonna keep it

George H. S. Ruchlejmer
@george_hsr
"Sua ideia é IdeiaNossa.blogspot.com"
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