--- Frase de Agora! ---
"A água é para os escolhidos
Mas como podemos esperar que sejamos nós..
... eu e você?"

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Destaque da Semana: Onde está o sol que estava aqui?
Ladrões de sol, crise hídrica e êxodo rural

terça-feira, 21 de maio de 2013

Por que Yoga?

Texto: Carine Farias / Fotos: Pedro Abreu

Quem poderia imaginar que ensinamentos transmitidos há milhares de anos, no outro lado do planeta, em uma cultura tão distinta da nossa, pudessem nos ajudar, aqui e agora, a ter uma vida melhor: mais saudável, equilibrada e sustentável. Estes ensinamentos são a base do Yoga.

Aqui no ocidente, muitas pessoas relacionam Yoga com exercícios físicos de alongamentos intensos ou práticas complexas de meditação. Mas Yoga vai além de seu conhecido enfoque no corpo físico ou em meditações.

Comigo foi assim: comecei a praticar sem saber de toda sua profundidade filosófica. Para ser sincera, na primeira aula, estranhei muitas coisas e cheguei a pensar que Yoga não era para pessoas como eu: agitadas, sedentárias e sem nenhuma prática religiosa. Passada esta primeira impressão equivocada, fui me familiarizando com a prática das posturas, do relaxamento e dos exercícios de respiração.



Em pouco tempo, eu já sentia os efeitos positivos da prática: melhora no sono, maior consciência corporal, mais disposição e maior capacidade de concentração. Mas o que começou a mudar a minha vida, de fato, foi entrar em contato com os ensinamentos presentes na literatura do Yoga e do Vedanta.

São ensinamentos voltados pra o autoconhecimento e para o desenvolvimento nas dimensões física, energética e espiritual. Esses conhecimentos são atemporais e se aplicam a toda humanidade, independente de raça, época ou lugar, pois falam da porção essencial comum a todos os seres humanos.

Eu tive a sorte de praticar com uma professora muito comprometida e estudiosa dessa filosofia e ela nos transmitia estes conhecimentos ali nas práticas, entre uma postura e outra e ao longo do relaxamento e da meditação. Fui ficando cada vez mais fascinada pela profundidade destes ensinamentos que, ao meu ver, diziam mais da natureza humana do que a própria Psicologia que eu já vinha estudando ha anos. Estes ensinamentos me ajudaram muito a melhorar meu relacionamento comigo mesmo, com os outros e com o meio ambiente. (Gostei tanto que me formei instrutora!).

Isto porque a ética do Yoga é pautada em valores universais que guiam seu praticante no caminho do Dharma, ou do bem-comum. O estudo dos textos do Yoga conduzem a atitudes conscientes e comprometidas com o bem-estar de todos e com o desenvolvimento pessoal.

Não demorei para perceber que praticar Yoga com frequência me ajudava a manter o corpo físico forte, flexível e saudável, além de equilibrar o corpo energético e as emoções. Contribuiu também para aumentar a consciência corporal e a consciência da própria respiração, ajudando a manter a mente mais quieta e a atenção focada. Em pouco tempo, pude literalmente sentir na pele todos esses efeitos. Mudei inclusive minha alimentação, tornando-me vegetariana.

Mas o objetivo primordial do Yoga, que vai além disso tudo, é Moksha, normalmente traduzido como Libertação ou Iluminação. De forma simplista e reduzida, isto significa libertar-se dos condicionamentos e consequentemente do sofrimento. Segundo o Yoga, o sofrimento humano advém da ignorância de nos identificarmos com os papéis que desempenhamos (filho, mãe, funcionário, chefe, etc) e da busca incessante de felicidade e amor fora de nós, enquanto nos esquecemos ou ignoramos que a nossa essência é essa felicidade, amor e paz.

A prática de Yoga, portanto, serve também para nos lembrar disso: “já somos o que desejamos” “somos perfeitos assim” “temos exatamente o que precisamos para evoluir aqui e agora”. Tal prática é em si uma oportunidade de autoconhecimento, de contato com o próprio corpo, com a respiração e com as emoções e de colocar em prática os valores do Yoga. É por meio deste autoconhecimento que somos capazes de identificarmos nossos padrões mentais e de comportamento para então alterar aqueles que consideramos nocivos ao nosso desenvolvimento, nossa saúde, aos nossos relacionamentos, etc.


Qualquer pessoa pode (e deve) praticar Yoga independente de sua idade, crença ou condição física. Existe uma prática adequada para cada biotipo e para as diferentes expectativas: práticas intensas ou suaves, restaurativas, com mais movimento ou mais permanência, mais focadas no corpo físico ou no corpo energético, mais voltadas para idosos, crianças, gestantes, etc.

Praticar Yoga é, sobretudo, olhar para dentro. Isso é muito importante neste mundo em que vivemos, pois somos levados a estar todo o tempo voltados para fora, onde há tanta informação por segundo que mal conseguimos registrar, onde há tanta competição e comparação que perdemos a capacidade de se colocar no lugar do outro e de ter compaixão, onde há tanta alienação de si mesmo, que não damos a devida importância para a nossa saúde, nossos relacionamentos e nosso ambiente.

O Yoga serve para nos despertar para uma vida melhor e mais consciente. E é esse também o objetivo do Idéia Nossa: trazer consciência e qualidade de vida para as pessoas. Por isso acredito nesta ligação, acredito que o Yoga possa chegar para somar e nos aproximar destes objetivos. Aliás um dos significados da palavra Yoga é união, e que esta seja duradoura...

terça-feira, 7 de maio de 2013

A comida foi rápida, a dor de barriga não

Por Rodrigo Martins

No meu tempo não era assim! Essa frase era usada corriqueiramente devido as rápidas mudanças que as coisas tomavam. Essas mudanças ocorrem em todos os "setores" da vida. Nossa comida agora é "food" e nem é necessário entrar em um restaurante, no carro mesmo e falando com uma máquina: prontinho, só comer! Mais "fast" que isso impossível.


Em casa o controle remoto dita as regras. Mesmo com uma TV e mais de 100 canais, apenas 3 são usados. Na balada não é diferente: "E aí, gata, suave?" e assim por diante...

Óbvio que a mudança faz parte da vida, nada é estático, porém pergunto-me: estamos evoluindo ou involuindo?

Os domingos eram sagrados. A união familiar em torno do macarrão com frango da vovó era mais que um ato de alimentação, era uma tradição irrevogável. As pessoas mais velhas ficavam em torno do fogão e cada um responsável por um item alimentar. Os de idade média, responsáveis por saladas e sobremesas, os mais novos por colocarem os pratos, talheres e copos. A louça era divida após a refeição, uns lavam outros secam e assim sucessivamente. Fato era que o ato unia sobre a casa toda a família  os diversos assuntos discutidos, as conversas paralelas, as brincadeiras de primos. Isso acrescentava na família um encorajador ato de união inexplicável, inclusive nas brigas: "Eu falo mal do meu irmão, mas não permito que ninguém o faça".

Os programas como "Faustão" e "Silvio Santos" foram criados neste pilar, o pilar em torno da TV após almoço. Eram programas familiares, com piadas prontas, sorrisos simples e sonhos realizados. A família unia-se em torno daTVv e impunham suas vontades: "quero assistir sertanejo", "quero ver Roberto Carlos", "roda, roda a esperança", "quem quer dinheiro" e por aí sucessivamente. Porém, as bundas venderam mais em banheiras e auditórios e enquanto a audiência aumentou, a união familiar diminuiu. Afinal as mulheres não se sentiam bem com seus maridos vendo mulheres com corpos esculturais enquanto elas possuíam corpos de seres "normais".

As noites festeiras nunca foram diferentes, a arte da conquista era de fato algo a se prezar, pois bem, as fofocas eram simples: "o João esta paquerando a Regina da rua 5". A arte da paquera era algo invejável. O tempo não era problema, levava-se um mês para convidar para sair, dois meses para beijar a mão e três meses para pedir em namoro. Durante esse período  admirava-se um ao outro, conhecia um ao outro, decidiam-se, casamento ou ou não.

Quando ouço: "não se fazem mais casais como meus pais ou avós, amor de verdade, em que um foi feito para o outro", fico me perguntando: não se pensam como se um fosse feito um para o outro, mas sim em que todos fossem feitos para todos. "Mesmo com todas as opções, eu escolhi meu amor de verdade".

A arte do respeito é escrupulosa e falha, os corpos expostos como objetos de desejos dificultam pessoas com corpos normais de competirem, afastando a originalidade de um simples corpo "desescultural".

As redes sociais que criam amizades e fatos "fast", quantos amigos foram até você no seu aniversário e quantos lhe felicitaram virtualmente, quantos virtualmente te cantam, te encantam, te enganam e quantos você cai? O "fast food" é passageiro, mas as dores de barriga duram muito mais...

Encontrar seres pensantes e admiráveis é cada dia mais raro. Uma vez que visitar um museu, ler um livro, ir ao teatro ou sonhar, simplesmente sonhar, está tornando-se um ato "vergonhoso" e "inatingível".

A reflexão é valida: "o mundo que deixaremos para nossos filhos, dependerá dos filhos que deixaremos para nosso mundo!". Valorizar o amor, o poder de dizer não, o ato de não aceitar o bombardeio midiático e exclusivamente buscar conhecimentos fora dos muros escolares são ações que mudarão os próximos, mas que não permitirão a perda dos velhos.

A importância de amar e respeitar o que se tem, é menos doloroso do que se sofrer pelo que se tinha, o valor de uma amizade não se mede pela presença de um ao lado do outro e sim na fidelidade da distância de um para o outro, e assim, só assim poderemos garantir que mudar é preciso, mas involuir é opcional.
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