--- Frase de Agora! ---
"A água é para os escolhidos
Mas como podemos esperar que sejamos nós..
... eu e você?"

Máquina do Tempo: Vaga Viva do Coletivo Ideia Nossa. A única vaga viva do lado de cá da ponte =) Vaga Viva do Ideia Nossa

Destaque da Semana: Onde está o sol que estava aqui?
Ladrões de sol, crise hídrica e êxodo rural

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

VAMPIROS DE ENERGIA

O vampiro pode estar ao seu lado: 10 formas para identificá-lo

Todos nós os conhecemos! Sabemos como são! Como se vestem! E como agem! E seus propósitos: sugar o sangue de suas vítimas, pois só assim eles sobrevivem. De quem estamos falando??? É claro que dos "Vampiros dos filmes", o Conde Drácula e seus amigos, seres errantes de capa preta e grandes dentes, ávidos por sangue (ou energia vital), e que andam pelas sombras em busca de suas vítimas que, na maioria das vezes, não percebem sua presença ou atuação maléfica, mesmo que estejam muito próximos.
Aí, o filme termina e os Vampiros desaparecem, certo!?!?

Errado!!!!

Existe um tipo de vampiro que é de carne e osso, e que convivemos diariamente.

Estamos falando dos "Vampiros de Energia".

Os Vampiros de Energia são pessoas de nosso relacionamento diário.
Pode ser nosso irmão(a), marido/esposa, empregado, familiar, amigo de trabalho. vizinhos, gerente do banco, ou seja qualquer pessoa de nosso convívio, que esta roubando nossas energias, para se abastecer.
Eles roubam energia vital, comum no universo, mas que eles não conseguem receber.

Mas, por que estas pessoas sugam nossa energia, afinal?
Bem, em primeiro lugar a maioria dos Vampiros de Energia atuam inconscientemente, sugando a energia de suas vítimas, sem saber o que estão fazendo.

O vampirismo ocorre porque as pessoas não conseguem absorver as energias das fontes naturais (cósmicas, telúricas, etc), tão abundantes, e ficam desequilibradas energeticamente.
Quando as pessoas bloqueiam o recebimento destas energias naturais (ou vitais), elas precisam encontrar outras fontes de energia mais próxima, que nada mais são do que as outras pessoas, ou seja, você.
Na verdade, quase todos nós, num momento ou outro de nossas vidas, quando nos encontramos em um estado de desequilíbrio, acabamos nos tornando Vampiros de Energia alheia.

Tipos de vampiros:

Mas, como identificar estas pessoas, ou estes vampiros?
Em estudos feitos, foram identificados os seguintes tipos de vampiros (você provavelmente conhece mais de um):
Vampiro Cobrador
Vampiro Crítico
Vampiro Adulador
Vampiro Reclamador
Vampiro Inquiridor
Vampiro Lamentoso
Vampiro Pegajoso
Vampiro Grilo-Falante
Vampiro Hipocondríaco
Vampiro Encrenqueiro

Quais as principais características deles? Como combatê-los???

a) Vampiro Cobrador: Cobra sempre, de tudo e todos. Quando nos encontramos com ele, já vem cobrando o porque não lhe telefonamos ou visitamos. Se você vestir a carapuça e se sentir culpado, estará abrindo as portas.
O melhor a fazer é usar de sua própria arma, ou seja, cobrar de volta e perguntar porque ele não liga ou aparece. Deixe-o confuso, não o deixe retrucar e se retire rapidamente.

b) Vampiro Crítico: é aquele que critica a tudo e a todos, e o pior que é só critica negativa e destrutiva. Vê a vida somente pelo lado sombrio. A maledicência tende a criar na vítima um estado de alma escuro e pesado e abrirá seu sistema para que a energia seja sugada.
Diga "não" às suas críticas. Nunca concorde com ele. A vida não é tão negra assim. Não entre nesta vibração. O melhor é cair fora e cortar até todo o tipo de contato.

c) Vampiro Adulador: é o famoso "puxa-saco". Adula o ego da vítima, cobrindo-a de lisonjas e elogios falsos, tentando seduzir pela adulação. Muito cuidado para não dar ouvidos ao adulador, pois ele simplesmente espera que o orgulho da vítima abra as portas da aura para sugar a energia.

d) Vampiro Reclamador: é aquele tipo que reclama de tudo, de todos, da vida do governo, do tempo, etc. Opõe-se a tudo, exige, reivindica, protesta sem parar. E o mais engraçado é que nem sempre dispõe de argumentos sólidos e válidos para justificar seus protestos.
Melhor tática é deixá-lo falando sozinho.

e) Vampiro Inquiridor: sua língua é uma metralhadora. Dispara perguntas sobre tudo, e não dá tempo para que a vítima responda, pois já dispara mais uma rajada de perguntas. Na verdade, ele não quer respostas e, sim, apenas desestabilizar o equilíbrio mental da vítima, perturbando seu fluxo normal de pensamentos.
Para sair de suas garras, não ocupe sua mente à procura de respostas. Para cortar seu ataque, reaja fazendo-lhe uma pergunta bem pessoal e contundente, e procure se afastar assim que possível.

f) Vampiro Lamentoso: são os lamentadores profissionais, que anos a fio choram sua desgraças. Para sugar a energia da vítima, ataca pelo lado emocional e afetivo. Chora, lamenta-se e faz de tudo para despertar pena. È sempre o coitado, a vítima.
Só há um jeito de tratar com este tipo de vampiro, é cortando suas asas. Corte suas lamentações dizendo que não gosta de queixas, ainda mais que não elas não resolvem situação alguma.

g) Vampiro Pegajoso: investe contra as portas da sensualidade e sexualidade da vítima. Aproxima-se como se quisesse lambê-la com os olhos, com as mãos, com a língua. Parece um polvo querendo envolver a pessoa com seus tentáculos. Se você não escapar rápido, ele irá sugar sua energia em qualquer uma das possibilidades:
Seja conseguindo seduzi-lo com seu jogo pegajoso, seja provocando náuseas e repulsa. Em ambos os casos você estará desestabilizado, e, portanto, vulnerável.
Saia o mais rápido possível. Invente uma desculpa e fuja rapidamente.

h) Vampiro Grilo-Falante: a porta de entrada que ele quer arrombar é o seu ouvido. Fala, absoluto, durante horas, enquanto mantém a atenção da vítima ocupada, suga sua energia vital. Para livrar-se, invente uma desculpa, levante-se e vá embora.

i) Vampiro Hipocondríaco: cada dia aparece com uma doença nova. Adora colecionar bula de remédios. Desse jeito chama a atenção dos outros, despertando preocupação e cuidados. Enquanto descreve os
pormenores de seus males e conta seus infindáveis sofrimentos, rouba a energia do ouvinte, que depois sente-se péssimo.

j) Vampiro Encrenqueiro: para ele, o mundo é um campo de batalha onde as coisas só são resolvidas na base do tapa. Quer que a vítima compre a sua briga, provocando nela um estado raivoso, irado e agressivo. Esse é um dos métodos mais eficientes para desestabilizar a vítima e roubar-lhe a energia.
Não dê campo para agressividade, procure manter a calma e corte laços com este vampiro.

Bem, agora que você já conhece como agem os Vampiros de Energia, vá a caça deles, ou melhor, saia fora deles o mais rápido possível .
Mas, não esqueça de verificar se você, sem querer, é obvio, não é um destes tipos de Vampiro...


*Vera Caballero (Orientadora Metafísica e Professora de Bioenergias e
Proteção Psíquica)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Ligações perigosas

Relações promíscuas entre celebridades e traficantes revelam a chocante conivência com o poder paralelo

Quando desembarcar no Brasil para a próxima partida da Seleção Brasileira contra o Chile, em Brasília, no dia 4 de setembro, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, o camisa 9 da Seleção Brasileira e do Real Madrid, Ronaldo Nazário, o Fenômeno, receberá um convite no mínimo constrangedor para um atleta que é exemplo para jovens em todo o mundo. Será intimado por policiais do Serviço de Repressão a Entorpecentes de Niterói para dizer o que sabe de uma das maiores quadrilhas de venda de drogas no Estado, que fornecia ecstasy em boates, festas, pela internet e pelo telefone – o delivery do tráfico.

O bando foi desmontado há um mês na chamada Operação Oceânica, levando à prisão dez garotos de classe média alta do Rio de Janeiro, Niterói e Região dos Lagos. Em meio a horas de escutas telefônicas, obtidas com autorização judicial, ISTOÉ teve acesso a conversas interceptadas no final de junho em que três deles discutem como se tornar fornecedor do craque e descrevem uma festa na casa de um amigo de Ronaldo, que teria ocorrido no dia 22 de junho, onde um seleto grupo de convidados estaria consumindo drogas.
Site da Polícia Civil do Rio de Janeiro / Guilherme Pinto/Ag. O Globo / Reprodução de foto obtida no Orkut
Muy amigos: Bem-te-vi, chefe do tráfico da Rocinha, e Thiago e Amon (com Ronaldo), presos por tráfico. Diálogos comprometedores que envolvem famosos como o jogador

– Ontem eu fui lá conhecer o Ronaldo e tudo – conta Amon de Magalhães Lemos, 19 anos, numa conversa gravada no dia 23 de junho. Na época, Ronaldo, que pedira para não jogar a Copa das Confederações, curtia suas férias no Rio ao lado da ex-namorada, a modelo Lívia Lemos, e de seu irmão Amon.

– Ontem foi irado, mané – relata Amon.
– Foi pra onde? – pergunta seu comparsa, Thiago de Vasconcelos Tauil, 23 anos, um dos principais distribuidores de ecstasy do Estado.
– Nós fomos na casa de um amigo dele. Tava lá ele (Ronaldo), o Gabriel Pensador, o caralho... – lista Amon, referindo-se ao cantor que tem entre seus sucessos o hit O cachimbo da paz”, no qual aborda o uso da maconha.
A conversa passa a girar sobre o consumo de drogas.
– Ele gosta muito, ele gosta muito – insiste Thiago, falando do músico.
– Todo mundo gosta – responde Amon.
– É, né? Ronaldo também? – pergunta Thiago.
– Todo mundo! – garante Amon.
– Ah...!!! – comemora o parceiro.
Thiago então liga para outro traficante do grupo, André Kohler Archiles, 26 anos. E comemora a aproximação de Amon com Ronaldinho.
– (Amon) Falou que o canal agora pros caras lá é a gente.

Presos por tráfico de drogas e associação com o tráfico, Amon, Thiago e André botaram lenha numa fogueira que nos últimos dias não parou de queimar. “Um grupo de traficantes aparece se associando para se tornar fornecedores de um jogador. Um deles conta que estava numa festa onde todos consumiam entorpecentes. Quero que o Ronaldo esclareça o que é verdade nisso tudo”, informou o delegado Luiz Marcelo Fontoura Xavier, titular da Entorpecentes de Niterói e responsável pelas investigações que derrubaram Amon e companhia. O cantor Gabriel o Pensador também será ouvido no inquérito.
Fotos: Hélcio Nagamine
A lei contra-ataca: os policiais Marina
e Xavier, ações eficientes e alerta contra quem ajuda a legitimar o tráfico

A Polícia Civil do Rio divulgou nos últimos dias grampos telefônicos de outra investigação, chamada de Papa-Léguas, que flagrou um dos reis do morro, o traficante Bem-Te-Vi, envolvendo celebridades que desfrutariam de sua intimidade. Em algumas dessas conversas, o traficante se refere a um jogador a quem chama de R9 – nome da marca com que Ronaldinho batizou sua linha de produtos na Nike, entre outros empreendimentos. Num dos diálogos, Bem-Te-Vi corre para arrumar 30 garrafas de lança-perfume para R9. Em outro, gravado na manhã do dia 27 de dezembro, o traficante é acordado para um encontro com seu “compadre” famoso, que o esperava em um shopping da cidade.

– O amigo aqui tá falando que só quer te dar um abraço e uns presentes e sair fora para não tumultuar o bagulho – avisa um traficante.

O encontro é frustrado, mas os presentes são entregues – camisas da Seleção Brasileira e tênis Nike que viriam a ser distribuídos numa festa na Rocinha. Bem-Te-Vi, nome de guerra de Erismar Rodrigues Moreira, é o chefe do tráfico na Rocinha, favela de 150 mil habitantes entre a Gávea e São Conrado – o maior escoadouro de drogas para o consumidor da zona sul carioca. Vaidoso, gosta de promover peladas com jogadores conhecidos, a quem presenteia com balas de fuzil. “Essas celebridades se deixam usar como verdadeiros promoters do tráfico”, condena o chefe de Polícia Civil do Rio, delegado Álvaro Lins. Tantos nomes têm aparecido – e, dizem, muitos ainda podem vir – que Lins determinou que seja aberta uma investigação independente, já batizada de Celebridades, para apurar o uso, por traficantes, de artistas, cantores e jogadores de futebol em bailes funk e partidas de futebol “beneficentes” para aumentar a capacidade de venda de drogas na favela.

Na maioria dos casos, não há crime – diferentemente do que aconteceu com o ex-goleiro Edinho, filho de Pelé, e com o pagodeiro Marcelo Pires Vieira, o Belo, ambos gravados em conversas que comprovavam seu envolvimento com traficantes. Álvaro Lins garante que se ficar demonstrado que alguma celebridade contribuiu, ainda que indiretamente, para o tráfico, será enquadrada por associação. Na maioria das vezes, porém, a questão não é criminal, mas moral. “Essas pessoas estão legitimando o poder paralelo”, avalia a inspetora Marina Maggesi, chefe do setor de investigações da Polinter.
Reproduções
Futebol e fuzil: Romário (à esq.), flagrado pela polícia numa câmera
de celular em uma pelada cercada
por homens armados

Muitos contatos entre jogadores do Rio e o traficante Bem-Te-Vi foram intermediados pelo advogado Marcelo Santoro, irmão da modelo Mônica Santoro e ex-cunhado do jogador Romário. Santoro será ouvido pela polícia nos próximos dias. Ele apresentou Bem-Te-Vi ao goleiro da Seleção Brasileira e da Inter de Milão, Julio César. No dia 11 de junho, o goleiro dá uma demonstração de como, para muita gente hoje no Rio, é melhor chamar o bandido do que a polícia. Ao relatar um crime para o traficante, ouve um conselho.

– Quando for assim, tem que entrar pro morro, vem pro morro (...) que aqui é tranqüilo, que aí já pega logo e passa fogo – diz Bem-Te-Vi.

Na quarta-feira 17, o jogador Jorginho, camisa 10 da Seleção Brasileira de beach soccer, tentou explicar na polícia por que, na noite de 9 de janeiro, esteve na festa de aniversário de um dos “gerentes” de Bem-Te-Vi. Criou uma nova máxima carioca: diz que convive com o traficante, mas jura que não é seu amigo. Entra para a galeria de uma cidade partida onde pessoas clamam pela paz sem abrir mão de consumir sua droga e reclamam da inoperância da polícia sem se importar em se aproximar do bandido. Essas relações perigosas entre a sociedade e traficantes, mesmo que nenhum crime seja cometido, mostram como é fácil driblar a barreira entre a convivência e a conivência com o poder paralelo.

O atacante Romário, do Vasco, é citado em gravações que envolvem dois traficantes: Bem-Te-Vi, da Rocinha, e Edmilson Ferreira dos Santos, o Sassá, chefe do tráfico no Complexo da Maré – hoje o maior revendedor de drogas para bocas-de-fumo do Rio. Um taxista, que fora até a Rocinha entregar três fuzis de Sassá para Bem-Te-Vi, conta ter visto Romário numa festa promovida por traficantes no dia 19 de maio.
Alan Rodrigues
Bom exemplo: o ex-jogador Badeco
e a Cooperativa Craques de Sempre. Palestras educativas na periferia


– Mermão, tinha que ver a festinha que tava lá, parceiro! – surpreendeu-se o taxista.
– Romário e o caramba, né? – retruca Tadeu Nascimento Silva, o Bola, gerente do tráfico de drogas na Vila dos Pinheiros, que faz parte da Maré.
– Tava Romário e vários amigos lá, pesadão, várias gatas, várias louras.

Na polícia, onde depôs na quinta-feira 18, Romário acrescentou um detalhe insólito à pelada na Rocinha – e ao seu currículo. Campeão mundial em 1994, Romário afirmou que o traficante Bem-Te-Vi não apenas esteve presente na pelada “beneficente”, como jogou por dez minutos no seu time. Romário não mencionou na polícia, mas participou de pelo menos uma outra pelada com traficantes do mesmo grupo. Inquérito policial informa que o craque foi a estrela de uma partida no dia 16 de junho em um campo na Vila dos Pinheiros, cercado por homens armados com fuzis. A pelada foi registrada pela câmera de um telefone celular. Quem talvez melhor resuma o problema é um ex-jogador, hoje dedicado a outros campos. “Cada vez que um jogador dá um mau exemplo, muitos meninos o seguem”, lamenta Ivan Manoel de Oliveira, o Badeco. Ex-jogador da Portuguesa, Badeco preside a Cooperativa Craques de Sempre, que, em parceria com a polícia paulista, realiza palestras alertando crianças da periferia de São Paulo sobre o risco do uso de drogas. Enfim, um bom exemplo.


Grampos da “Operação Oceânica”

Diálogos citando Ronaldo Fenômeno e Gabriel o Pensador
Dia 23 de junho de 2005. Conversa entre os traficantes de ecstasy Amon de Magalhães Lemos e Thiago de Vasconcelos Tauil:
Amon – Alô.
Thiago – Qual é, quem fala? Amon?
Amon – Qual é Thiagão?
Thiago – Caralho, cadê você, meu filho?
Amon – Tranqüilão, família?
Thiago – Onde é que você tá?
Amon – Tô aqui no Rio, na casa da minha irmã (Lívia Lemos, ex-namorada de Ronaldo, com quem voltara a sair).
Thiago – Você vem pra Niterói?
Amon – Não sei, qual é a boa?
Thiago – Ah, Amonzinho, amanhã é feriado aqui, brother, o Saco (Saco de São Francisco, área de concentração de bares em Niterói) vai bombar hoje, vem que tem.
Amon – É, né?
Thiago – Pô, quero te ver, leque (gíria para moleque), vem pra cá.
Amon – É nós, leque, de repente eu vá mesmo, não sei, porque ontem eu fui lá conhecer o Ronaldo e tudo e aí de repente hoje eu vá sair com eles, mas não sei.
Thiago – Ah, é? Se você quiser sair com o Ronaldinho...(inaudível)... com ele não, mas seus amigos tão é aqui, né brother?(…) Então, vai sair com o cara (Ronaldo) meu irmão, tá maluco? Vai... (inaudível)... Tá louco?
Amon – Ontem foi irado, mané.
Thiago – Foi pra onde?
Amon – Nós fomos na casa de um amigo dele. Tava lá ele, o Gabriel Pensador, o caralho...
Thiago – Gabriel Pensador dormiu lá em casa no Hawaí, se cruzar com ele de novo pode falar.
Amon – Gente boa à vera ele.
Thiago – Ficou lá em casa no Hawaí.
Amon – Fumamos o maior ...(inaudível)...
Thiago – Ele gosta muito, ele gosta muito.
Amon – Todo mundo gosta.
Thiago – É, né? Ronaldo também?
Amon – Todo mundo.
Thiago – Ah...!!!
Amon – Ah, mulato, deixa nas internas.
Thiago – Só a gente.
Amon – Aqui...
Thiago – Fala.
Amon – ... As pepitas... Sabe quem tem pepita (gíria para ecstasy)?
Thiago – Eu tenho, eu tenho...
Amon – Garoto!
Thiago – ... eu tenho muita coisa.


Entrevista com chefe de polícia

O chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, falou a ISTOÉ sobre os grampos em telefones de traficantes, do morro e do asfalto, captando diálogos e citações de celebridades.

ISTOÉ – Como explicar a convivência entre traficantes e celebridades?
Álvaro Lins – Há interesses dos dois lados. O interesse do traficante está em atraí-las para legitimar o tráfico, apresentá-lo como não tão violento e atrair mais consumidores. São como essas festas no interior, onde o carro de som corre as ruas anunciando a presença de um convidado famoso. Estando ali, ele transforma o que poderia ser visto como algo perigoso em uma atividade normal. É essa imagem que eles tentam construir com seus bailes funk ou partidas de futebol supostamente beneficentes. Por outro lado, a celebridade quer acesso a bandidos que em tese teriam poder. É o caso do Julio César, que assiste a um roubo e o denuncia para o bandido. Essas celebridades podem estar buscando o acesso fácil, rápido e sem intermediários à droga.

ISTOÉ – Qual o exemplo que isso passa para o resto da sociedade?
Lins – O resultado é o pior possível. Essas pessoas são referência para adolescentes e crianças que vêem seus ídolos convivendo com bandidos. O que pensa um menino de uma favela quando vê Romário jogando bola com o chefe do tráfico? Que o tráfico não é uma profissão tão reprovável. Imagine um pai de família que tem uma filha adolescente que quer ir a um baile funk de uma favela dominada pelo tráfico. Ele vai dizer que é um lugar perigoso, que há o consumo de drogas, assédio sexual, bandidos armados. E a filha vai responder: mas tem modelo que vai, tem jogador de futebol que vai. O Romário vai. A (Daniella) Cicarelli vai.

ISTOÉ – O sr. vê algum paralelo com a influência que os bicheiros já exerceram?
Lins – Como ocorreu com os bicheiros, estamos caminhando para uma aceitação social do narcotráfico. E isso tem que ser repelido. As gravações mostram jogadores disputando para falar com o chefe do tráfico na Rocinha. Quando a sociedade reverencia o traficante, até por ser amigo do ídolo do esporte ou das artes, estamos perdidos. Eu nunca vi o Ronaldinho ou o Julio César pedirem para falar comigo, quererem estar próximos do chefe da polícia. Mas eles preferem ser amigos de chefes do tráfico. É uma inversão de valores.

ISTOÉ – Qual a diferença entre essas gravações, envolvendo Ronaldo,
Romário e Julio César, e aquelas que levaram à prisão do cantor Belo e
do Edinho, filho do Pelé?
Lins – É diferente, mas a associação para o tráfico de drogas é um crime aberto. Estamos investigando até que ponto essas celebridades têm consciência de que sua amizade com traficantes ou sua presença no morro aumentam a venda de drogas. Se um cantor de pagode é contratado pelo tráfico para fazer um show onde vão ser vendidas drogas, será enquadrado por associação ao tráfico. Se a presença de uma celebridade atrair compradores de drogas, também pode ser indiciada.

ISTOÉ – Como o sr. viu a declaração do cantor Marcelo D2 de que confia
mais nos bandidos do que na polícia do Rio?
Lins – Eu tenho vergonha de ver uma empresa como a TIM colocar o Marcelo D2 como exemplo na campanha do Dia dos Pais. Ele carrega no nome seu objetivo – D2 significa, na linguagem do meio, fumar um baseado. É triste você ver isso se tornar referência para o Dia dos Pais no Brasil.


Eles se Defendem

Sobre o seu relacionamento com traficantes de drogas, Ronaldo
reafirmou, através de sua assessoria, “que não tem nenhuma ligação com ninguém desse meio”. O jogador não sabe de onde veio essa notícia e comenta que muita gente usa indevidamente o nome de outras pessoas em benefício próprio. “Ele está muito tranqüilo em relação a isso”, disse a ISTOÉ o assessor de imprensa Paulo Julio Clement. A assessoria do cantor Gabriel o Pensador foi contactada na manhã de sexta-feira 19, mas até o fechamento da edição não havia respondido. O atacante Romário depôs na quinta-feira 18 e alegou que esteve na Rocinha para disputar uma pelada beneficente. O goleiro Julio César, que conversou ao telefone com Bem-Te-Vi, se defende. “A gente fica com medo de não atender”, questiona. O jogador de beach soccer Jorginho também alegou que faz “trabalhos sociais” na favela.

Fonte: Revista IstoÉ de 24/08/2005

---------------------------------------------------------------

Vocês ja viram aquela cena de escola onde o mais rexonchudo e grande chega no menor para impor moral, e mostrar quem é que manda no pedaço? ... então, foi isso que me pareceu este artigo da revista IstoÉ. Nâo sei se vocês perceberam, mas viram o tamanho das acusações, e materiais contra as celebridades, e viram o tamanho das respostas deles? Será mesmo que foi somente isso que eles falaram?

As cabeças formadas desse país estão destruindo os alienados ingênuos.
Vejamos então, um pouco mais de respostas, pelo menos da minha celebridade favorita dentre os envolvidos.

Fala Sério!



Fala sério, me fazendo de palhaço
Fazendo estardalhaço
De onde vem o dinheiro do mensalão?
Olha a nuvem de fumaça desviando a atenção

Tem culpa eu, seu delegado?
Tem culpa eu?
Tem culpa eu, seu deputado?
Tem culpa eu?
Tem culpa eu, seu senador?
Tem culpa eu?
Tem culpa eu, presidente?
Por favor!

Por que divulgar uma conversa sem valor?
Por quê?
Pra tentar calar a voz do pensador?
Por quê?
Pra tentar pegar uma capa de revista?
Por quê?
Pra dizer que a culpa é toda dos artistas?
Por quê?

Ah não, artista não. É maconheiro!
Sustenta o traficante que sustenta o mundo inteiro
Se eu fosse um maconheiro que comprasse um camarão,
Será que o meu dinheiro ia parar no mensalão?

Não sei, só sei que eu não preciso dizer nada
Se eu fumo, se eu bebo... tremenda palhaçada!
Falei sobre a maconha há mais de 6 anos atrás
Compra o disco, delegado, toca o Cachimbo da Paz
Ou então pode comprar o CD pirata
Tem sempre alí na esquina, pode ser mais vantajoso,
Mas cuidado pra não ser pego em flagrante
Posar de vagabundo sustentando criminoso.

Todos nós sustentamos criminosos,
Eu confesso que sustento,
Sustento, mas não gosto.
Mas não é nada disso que você tá pensando
Eu tô falando dos bandidos que recebem meus impostos.
Alimentam, se alimentam da miséria,
Mas quem vai na favela é o craque ou o artista
A foto do corrupto já deu muita matéria
A foto do famoso vende muito mais revista.
É...político no crime já não é mais novidade
Prefiro uma fofoca diferente
Mesmo se não for crime de verdade,
Mas é celebridade. Diz que é crime pra ficar mais atraente,
Mas quem é que alimenta a miséria que oprime
E empurra o favelado pro lado do crime?

Alguns vão ser cantores, alguns vão jogar bola,
Mas muitos sem escola acabam na pistola.
Morrendo, matando, o mundo se acabando
E tanta gente de braços cruzados.
Parece que ta tudo combinado
O que eu sei vocês já sabem
Espero que eu tenha colaborado.

-------------
E pra quem ainda duvida de que existem esses trabalhos, eu pesquisei e descobri que alem do trabalho dele na rocinha, ele tem um projeto chamado "pensando junto" ... que não difere muito do Idéia nossa, se você parar pra analisar.

confiram:



É isso aew gente, vamos comentar!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Undertow Parte II


Do outro lado da cidade seus pais corriam. Dentro do carro dois enfermeiros da Clínica Reformatória de Delinquentes Juvenis. Estavam a chorar.
As luzes dos homens já reinavam na cidade, o sol se punha por completo.
A mãe, no banco do passageiro chorava incessantemente, e tentava se controlar tomando meia dúzia de calmantes, sem efeito. O padastro dirigia o mais rápido possível dentro do limite de velocidade, estava visivelmente abatido, mas parecia uma criança sorridente perto de sua mulher. Os enfermeiros estavam preocupados e levavam consigo uma camisa de força e alguns tranqüilizantes numa maleta de couro rachado, ambos eram novos na CRDJ e nunca tinham pegado caso tão complicado.
- Ai...
O padastro suspirava e levava uma das mãos à cabeça, e no semblante rugas de preocupação que logo deram lugar para um riso no canto da boca.
- Eu sabia que tinhamos esquecido algo, lembrou-se o que era querido?
Trepidava, mas tentava manter a calma na voz suave que um dia já encantara multidões nos teatros no centro da cidade.
- Não, não lembrei de nada, só não aguento mais essa situação.
Ríspido e sem tirar os olhos da estrada o homem de meia idade, corpulento e de cabelos esvoaçados dirigia, agora já não com tanta pressa, agora já não tão desesperadamente. Seus olhos denunciavam algo, mas todos no carro estavam presos em suas próprias teias e sua gargalhada seca e pra dentro nem foi percebida.

---------------------------------------------------------------------------------------------------

O garoto entrava em pânico, o sol partira sem ele, estava envolto ao breu e a noite lhe causava arrepios. Não enxergava nada.
Estava prestes a lutar, a esquecer de todos os problemas e buscar por soluções, não seria covarde de deixar esse mundo horrível, antes de partir teria que mudar o mínimo possível, queria fazer sua parte, não queria mais fugir, interpretava a situação com outros olhos.
Ele não abria mais suas feridas, agora passava a mão levemente sobre elas tentando estancar o sangue. Precisava ver sua face novamente, sentia-se mudado, como se os últimos raios de sol o tivesse enfeitiçado.
Sentia-se tonto e precisava respirar, aquele forte odor inalado estava enfraquecendo-o mais e mais. Estava deslocado, não sabia pra que lado era a porta que dava ao quintal. Achou-se ao pé da mesa da cozinha e tateando sobre sua superfície encontrou um isqueiro...

---------------------------------------------------------------------------------------------------

A um quarteirão da casa ouviu-se uma explosão, houve uma troca de olhares e um grito agudo mergulhado em desespero:
- O gás!!! Esquecemos o gás ligado!
...
Seu maior pecado foi ser um adolescente que conseguiu abrir os olhos, primeiro para o problema e depois para a solução, mas já era tarde, sua presença não importava mais, ninguém parou sua rotina alienada de casa-trabalho-compras para tentar compreendê-lo. E ele queimou com tudo, ele vôou dentro das chamas purificadoras, evitou sua queda naquela noite de veludo negro-piche e libertou-se dessa sociedade medíocre, agora ele não precisa mais nadar contra a corrente, simplesmente voa livre por aí seguindo os raios de sol e ajudando a aquecer algumas almas desorientadas...

Índios IV - Reservas no País

Eu também me perguntei o que o Marechal Rondon estaria fazendo com o Roosevelt. O.o
Bom antes da parte quatro deixo a letra de uma música brilhante da Língua de Trapo, não consegui encontrar vídeos dela, se alguém achar eu agradeço. ^^

Língua de Trapo - Xingu Blues

Tiveram a manha de me emancipar
Sabe como é, eu era índio no Pará
Aí pintou toda aquela transação
Era Funai, Fazenda e demarcação
A nossa tribo Ubajara se alterou
Nosso cacique comprou um televisor
Até o pajé, que curtia misticimo
Se converteu, de cara, pro catolicismo
Xingu, Xingu, Xingu
O índio já tomou
E agora até trocou
O tupi pelo I love you
Xingu, Xingu, Xingu
O índio já tomou
E agora até trocou
A Iracema pela lady Zu
A minha irmã
foi trabalhar na Zona
Franca de Manaus,
no comércio de japona
Peri, meu mano, é campeão de fliperama
Meu pai é revendedor dos produtos da
Brahma
E se não fosse
o milagre brasileiro
Os meus parentes inda eram seringueiros
E eu não seria presidente da Brazil United
Corporation
Bauxita and Steel
Xingu...

-----

Reservas no país

Há 488 terras indígenas reconhecidas e demarcadas pela Funai, em 2005. Juntas, elas somam 105.673.003 hectares, que representa 12,41% do total do território brasileiro. Outras 123 terras ainda estavam em processo de identificação e demarcação em 2005. Suas possíveis superfícies não estão somadas ao total indicado. Existem ainda referências a terras presumivelmente ocupadas por índios que estão por ser pesquisadas, para definir se são ou não indígenas. Segundo o relatório Povos Indígenas no Brasil (2001/2005), lançado no final de 2006 pelo Instituto Socioambiental (ISA), existem 225 etnias no país. A área das terras indígenas já demarcadas é equivalente aos territórios da França e da Grã-Bretanha somados. Nelas vivem cerca de 500 mil índios, do total de 730 mil que habitam o Brasil. Os outros 230 mil índios vivem nas cidades. Na maior metrópole do país, São Paulo, existe a terra Guarani Aldeia Jaraguá, com apenas dois hectares de extensão.

O Estado brasileiro, por meio da Funai, usa o critério tradicional para demarcar estas terras. No futuro, há um plano na Funai de transformá-las em “propriedade coletiva” de cada tribo.


A Amazônia abriga 60% da população indígena do Brasil. A maior parte das terras indígenas, ou 98,61% delas, concentra-se na Amazônia Legal: são 417 áreas, 108.081.442 hectares, representando 20,67% do território amazônico. Destas reservas, 76% das áreas têm reconhecimento legal em diversos graus (terras delimitadas, homologadas ou registradas).

O que sobra, ou 1,39% das terras indígenas, está espalhado pelas regiões Nordeste, Sudeste, Sul e Estado do Mato Grosso do Sul. Essa concentração na Amazônia se relaciona com a forma de ocupação do Brasil pelos portugueses, desde 1500, que se concentrou no litoral do país. Nesta faixa aconteceram os confrontos mais violentos com os índios. Isso causou diminuição da população indígena e a desocupação de suas terras, que acabaram como propriedade privada.

Como é feita a demarcação

A Funai nomeia um antropólogo com qualificação reconhecida para elaborar estudo de identificação em prazo determinado. Este estudo fundamenta o trabalho do grupo técnico especializado, que realiza estudos complementares sociológicos, jurídicos, cartográficos, etnológicos e ambientais. Também é feito o levantamento fundiário para delimitar a terra indígena.

Depois de concluídos os estudos, o grupo apresenta relatório circunstanciado à Funai, que contém dados específicos listados na Portaria nº 14, de 09/01/96, com a caracterização da terra indígena a ser demarcada. O relatório segue para aprovação pelo presidente da Funai, que tem prazo de 15 dias para publicar o seu resumo no Diário Oficial da União (DOU). Há um prazo de 90 dias após a publicação do relatório para que qualquer interessado, inclusive Estados e municípios, manifeste-se sobre a criação da reserva.

Qualquer um que se opuser tem que apresentar ao órgão indigenista suas razões, acompanhadas de todas as provas, para pedir indenização ou demonstrar que o relatório que fundamenta a criação da reserva apresenta algum erro.

Depois disso a Funai encaminha o processo ao ministro da Justiça, que pode aceitar a criação da área ou negá-la com uma decisão fundamentada. Se a reserva for aprovada pelo ministro, com a declaração de seus limites, a Funai faz a sua demarcação física, enquanto o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) realiza o reassentamento de eventuais ocupantes não-índios. Por fim, o procedimento de demarcação deve ser submetido ao presidente da República para homologação por decreto. A terra demarcada e homologada é registrada, em até 30 dias, no cartório de imóveis do seu município e no Serviço de Patrimônio da União (SPU).

Cogumelo, mas nem tanto II

Sem palavras!
Fui hoje no Portland Art Museum e me deparei com isso na sessão de fotografia e achei estranho...

Por que tem cerâmica (bem bizarra) no meio das fotos? E que são essas manchas pretas?
Dei uns 10 passos pra traz e entendi.


Era o cogumelo mas nem tanto olhando pra mim. The Gift, Richard Notkin
Essa obra mexeu tanto comigo... fiquei com tanta vontade de mostrar pra vocês, que assim que cheguei em casa comecei a procurar. Por algum acaso, encontrei um mais intrigante ainda.



All nations have their moments of folishness - Todas as nações tem seus momentos de idiotices. Ainda vou pra California, só pra encará-lo frente a frente... e observar todos os seus defeitos, como este detalhe aqui, que a mídia não fala


Sabe lá se é verdade... mas não duvido, o atual governador de Louisiana era um dos cabeças do KKK, porque não o (ex) Dear Mr. President?

Pra terminar, Maná!
Música que não está no Unplugged, provavelmente será nova pra todo mundo. Nunca tinha prestado atenção nela (detalhe que eu tenho no iPod e ja ouvi várias vezes) mas como diria um amigo meu... você ouve ou escuta uma música? Segundo o dicionário, ouvir é perceber sons... escutar é prestar atenção auditiva.


Queima o céu
A rotina foi nos tragando
Foi enchendo de vazios
Fomos afogando a palavra
E explodindo em puras bagunças

Eu lhe desejo sorte, amor
Eu já vou para o esquecimento
Só peço a Deus
Que te dê alivio

Queima
Queima o céu e a dor
Queima meu espírito
Queima o amor e a luz
Queima o céu, amor

Sai o álcool
Sai um demonio
Um inferno, manicômio
Gritos, violência, pratos quebrados
Como a loucura cega

Só te peço amor
Que nunca te abandones
Só peço a DEUS
Que te dê alivio

Sangra o céu e a luz
Sangra meu espírito
Queima o amor e a luz
Queima o céu, amor

Sangra o céu e a luz
Sangra meu espírito
Queima e as queimaduras claras
Queima o céu, amor

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Direito à Cidade

Há um tempo já penso em como fundar uma comunidade própria, uma sociedade nova, uma civilização diferente, regida por valores diferentes, uma cidade menos manchada de sangue.
É, parece ser um sonho de maluco, porém conversando com o Hideo vi que eu não era o único que pensava nessas coisas, comentamos até de irmos pra algum lugar afastado e fazermos uma cidadela. Mas creio eu que fazendo isso estaríamos indo contra o estado, a igreja e o capital e se por ventura ficassemos em um número pequeno ninguém daria bola pra gente, chamariam a nós de malucos e ficaria por isso mesmo, mas se o grupo crescesse e conseguissimos criar um novo meio de viver, uma nova religião, um novo modelo sócio-econômico acho que aconteceria algo semelhante a Canudos.
Apesar do Conselheiro ter sido meio desmiolado e suas reinvindicações terem fundo religioso, ele conseguiu mobilizar uma grande massa que era contra a instauração de uma república no Brasil, e tentou criar sua própria cidade não regida pelas novas leis que a república vinha implantando, e o que aconteceu? O exército brasileiro assassinou todos os rebelados, numa das maiores atrocidades da nossa história.
Vale a pena lembrar do sonho de Raulzito em querer criar uma sociedade alternativa, pois bem, quem mais além de mim, Hideo, Antonio Conselheiro e Raul Seixas já parou pra pensar em se libertar desse nosso meio de vida? David Harley. E aí vai a palestra, na íntegra, sobre direito à cidade.

-----

No dia 29 de janeiro o geógrafo David Harvey fez a palestra inaugural do seminário "Lutas pela reforma urbana: o direito à cidade como alternativa ao neoliberalismo", organizado pelo Fórum Nacional de Reforma Urbana. Leia abaixo a transcrição de sua palestra, na íntegra. A tradução foi feita por Fernando Alves Gomes.

Para Harvey, "o direito à cidade significa o direito de todos nós criarmos cidades que satisfaçam as necessidades humanas, as nossas necessidades. O direito à cidade não é o direito de ter as migalhas que caem da mesa dos ricos. Todos devemos ter os mesmos direitos de construir os diferentes tipos de cidades que nós queremos que existam". O geógrafo já havia defendido esta idéia no texto "A liberdade da cidade", que abriu o terceiro número da revista Urbânia, lançada em 2008 pela Editora Pressa.

Palestra:

Para mim, é um imenso prazer estar aqui, mas em primeiro lugar eu gostaria de me desculpar por falar em inglês, que é a língua do imperialismo internacional. Eu espero que o que eu vá dizer seja suficientemente antiimperialista para que vocês me perdoem por isso.

Eu estou muito grato pelo convite que me fizeram, porque eu aprendo muito com os movimentos sociais. Eu vim aqui para aprender e para ouvir, e, portanto, eu já considero esta uma grande experiência educacional, pois, como disse Karl Marx certa vez, sempre há a grande questão acerca de quem vai educar os educadores.

Eu tenho trabalhado já há algum tempo com a idéia de um direito à cidade. Eu entendo que o direito à cidade significa o direito de todos nós a criarmos cidades que satisfaçam as necessidades humanas, as nossas necessidades. O direito à cidade não é o direito de ter - e eu vou usar uma expressão do inglês - as migalhas que caem da mesa dos ricos. Todos devemos ter os mesmos direitos de construir os diferentes tipos de cidades que nós queremos que existam.

O direito à cidade não é simplesmente o direito ao que já existe na cidade, mas o direito de transformar a cidade em algo radicalmente diferente. Quando eu olho para a história, vejo que as cidades foram regidas pelo capital, mais que pelas pessoas. Assim, nessa luta pelo direito à cidade haverá também uma luta contra o capital.

Eu quero agora falar um pouco sobre a história da relação entre o capital e a construção de cidades, fazendo uma pergunta: Por que o capital consegue exercer tantos direitos sobre a cidade? E por que as forças populares são relativamente fracas contra aquele poder? Eu também gostaria de falar sobre como, na verdade, a forma com que o capital opera nas cidades é uma de suas fraquezas. Assim, eu acredito que, dessa vez, a luta pelo direito à cidade está no centro da luta contra o capital. Nós estamos vivendo agora, como todos sabem, uma crise financeira do capitalismo. Se nós olharmos para a história recente, nós descobriremos que ao longo dos últimos 30 anos houve muitas crises financeiras. Alguém fez os cálculos e disse que desde 1970 houve 378 crises financeiras no mundo. Entre 1945 e 1970 houve apenas 56 crises financeiras. Portanto, o capital tem produzido muitas crises financeiras nos últimos 30 ou 40 anos. E o que é interessante é que muitas dessas crises financeiras têm origem na urbanização. No fim da década de 1980, a economia japonesa quebrou, e quebrou por conta da especulação da propriedade e da terra. Em 1987, nos Estados Unidos, houve uma enorme crise, na qual centenas de bancos foram à falência, e tudo se deveu à especulação sobre a habitação e o desenvolvimento de propriedade imobiliária. Nos anos de 1970 houve uma grande crise mundial nos mercados imobiliários. E eu poderia continuar indefinidamente, dando-lhes exemplos de crises financeiras com origens urbanas. Meu cálculo é que metade das crises financeiras dos últimos 30 anos teve origem na propriedade urbana. As origens dessa crise nos Estados Unidos estão em algo chamado crise das hipotecas sub prime. Mas eu chamo esta crise não de crise das hipotecas sub prime, e sim de crise urbana.

O que aconteceu foi que nos anos de 1990 surgiu o problema de um excedente de dinheiro sem destinação - o capitalismo é um sistema que sempre produz excedentes. Nós podemos pensar a coisa da seguinte forma: o capitalismo acorda certa manhã e vai ao mercado com certa quantidade de dinheiro e compra trabalho e meios de produção. Ele põe estes elementos para trabalhar e produz certo bem, para vendê-lo por mais dinheiro do que ele tinha no começo. Assim, no fim do dia o capitalista tem mais dinheiro do que ele tinha no começo do dia. E a grande pergunta é: o que é que ele faz com aquele extra que conseguiu? Bem, se ele fosse como você e eu, ele provavelmente sairia e se divertiria gastando o dinheiro. Mas o capitalismo não é assim. Há forças competitivas que o impelem a reinvestir parte de seu capital em novos desenvolvimentos. Na história do capitalismo, tem havido uma taxa de crescimento de 3% desde 1750. Uma taxa de crescimento de 3% significa que é preciso encontrar saídas para o capital. Desse modo, o capitalismo sempre se confronta com aquilo que eu chamo de problema da absorção do excedente do capital: onde eu posso encontrar uma saída lucrativa em que aplicar o meu capital? Em 1750, o mundo inteiro estava aberto para essa questão. E, àquela época, o valor total da economia global era de 135 bilhões de dólares em bens e serviços. Quando se chega a 1950, há 4 trilhões de dólares em circulação, e você tem que encontrar saídas para 3% de 4 trilhões. E quando se chega ao ano 2000, tem-se 42 trilhões de dólares em circulação. Hoje, provavelmente, este valor chega a cerca de 50 trilhões. Em 25 anos, a uma taxa de crescimento de 3%, ele será de 100 trilhões. Isso significa que há uma crescente dificuldade em encontrar saídas rentáveis para o excedente de capital.

Essa situação pode ser apresentada de outra forma. Quando o capitalismo era essencialmente o que acontecia em Manchester e em outros poucos lugares do mundo, uma taxa de crescimento de 3% não representava um problema. Agora nos temos que colocar uma taxa de 3% em tudo que acontece na China, no Leste e no Sudeste asiáticos, na Europa, em grande parte da América Latina e na América do Norte, e aí nós temos um imenso, gigantesco problema. Os capitalistas, quando têm dinheiro, têm também a escolha de como reinvesti-lo. Você pode investir em nova produção. Um dos argumentos para tornar os ricos ainda mais ricos é que eles reinvestirão na produção, e que isso gerará mais emprego e melhores padrões de vida para o povo. Mas desde 1970 eles têm investido cada vez menos em novas produções. Eles têm investido na compra de ativos, ações, direitos de propriedade, inclusive intelectual, e, é claro, em propriedade imobiliária. Portanto, desde 1970, cada vez mais dinheiro tem sido destinado a ativos financeiros, e quando a classe capitalista começa a comprar ativos, o valor destes aumenta. Assim eles começam a fazer dinheiro com o crescimento no valor de seus ativos.

Com isso, os preços da propriedade imobiliária aumentam mais e mais. E isso não torna uma cidade melhor, e sim a torna mais cara. Além disso, na medida em que eles querem construir condomínios de luxo e casas exclusivas, eles têm que empurrar os pobres para fora de suas terras - eles têm que tirar o nosso direito à cidade. Em Nova York, eu acho muito difícil viver em Manhattan, e vejam que eu sou um professor universitário razoavelmente bem pago. A massa da população que de fato trabalha na cidade não tem condições de viver na cidade porque o preço dos imóveis subiu exageradamente. Em outras palavras, o direito das pessoas à cidade foi subtraído. Às vezes ele é subtraído por meio de ações do Mercado, às vezes por meio de ações do governo, que expulsa as pessoas de onde elas vivem, às vezes ele é subtraído por meios ilegais, violentos, ateando- se fogo a um prédio. Houve um período em que parte de Nova York sofreu incêndio após incêndio.

O que isso faz é criar uma situação em que os ricos podem cada vez mais exercer seu domínio sobre toda a cidade, e eles têm que fazer isso, porque essa é a única forma de usar seu excedente de capital. E em algum momento, entretanto, há também incentivos para que esse processo de construção da cidade alcance as pessoas mais pobres. As instituições financeiras concedem empréstimos aos empreendedores imobiliários para que eles desenvolvam grandes áreas da cidade. Você tem os empreendedores que promovem o desenvolvimento, mas o problema é: para quem eles vendem os imóveis? Se a renda da classe trabalhadora estivesse crescendo, então talvez eles poderiam vendê-los para os trabalhadores. Mas desde os anos de 1970 as políticas do neoliberalismo têm implicado reduções salariais. Nos EUA, os salários reais não têm aumentado desde 1970, de tal modo que se tem uma situação em que os salários reais são constantes, mas os preços dos imóveis estão subindo. E de onde vem a demanda por habitação? A resposta consistia em conduzir as classes trabalhadoras a uma situação de débito. E o que nós vemos é que o débito com habitação nos EUA passou de cerca de 40.000 dólares por família para mais de 120.000 dólares por família nos últimos 20 anos. As instituições financeiras batem nas portas dos trabalhadores e dizem "Nós temos um bom negócio para você. Nós lhe emprestamos dinheiro e você pode ter sua casa própria. E não se preocupe se mais adiante você não conseguir pagar sua dívida, porque os preços dos imóveis estão subindo, então tudo está bem".

Assim, mais e mais pessoas de baixa renda foram levadas a contrair dívidas. Mas cerca de dois anos atrás, os preços dos imóveis começaram a cair. A distância entre o que os trabalhadores podiam pagar e o tamanho da dívida tornou-se grande demais. De repente houve uma onda de execuções de hipotecas em muitas cidades americanas. Mas como geralmente acontece com algo desse tipo, há um desenvolvimento geográfico desigual de tal onda. A primeira onda atingiu comunidades de baixíssima renda em muitas das cidades mais antigas dos Estados Unidos. Há um maravilhoso mapa que pode ser visto na página eletrônica da BBC das execuções hipotecárias na cidade de Cleveland. O que se vê é um mapa pontilhado das execuções, que é altamente concentrado em certas áreas da cidade. Há do lado deste um outro mapa, que mostra a distribuição da população afro-americana, e os dois mapas correspondem entre si. O que isso significa é que ocorreu um roubo à população afro-americana de baixa renda. Esta foi a maior perda de ativos de populações de baixa renda nos EUA de todos os tempos: dois milhões de pessoas perderam suas casas. E naquele mesmo momento o pagamento de bônus em Wall Street ultrapassava a casa dos 30 bilhões de dólares - que é o dinheiro extra pago aos banqueiros pelo seu trabalho. Assim, os 30 bilhões pagos em Wall Street foram efetivamente retirados das populações dos bairros de baixa renda. Fala-se sobre isso nos Estados Unidos como um "Katrina financeiro", porque, como vocês se lembram que o furacão Katrina atingiu particularmente Nova Orleans, e foi a população negra de baixa renda que foi deixada para trás, sendo que muitos morreram. Os ricos protegeram seu direito à cidade, mas os pobres essencialmente perderam o deles.

Na Flórida, na Califórnia e no Sudoeste americano, o padrão foi diferente. Ele se mostrou muito mais nas periferias das cidades. Lá, muito dinheiro estava sendo emprestado a grupos de construtoras e incorporadoras. Eles estavam construindo casas fora da cidade, 45km fora de Tuscon e de Los Angeles, e não conseguiam encontrar para quem vendê-las. Então eles buscaram a população branca que não gostava de viver perto de imigrantes e de negros nas cidades centrais. Isso levou a uma situação que se revelou há um ano, quando os altos preços da gasolina tornaram as coisas muito difíceis para aquelas comunidades. Muitas pessoas não conseguiam pagar suas dívidas, de modo que aconteceu uma onda de execuções hipotecárias que está se dando nos subúrbios, e atinge principalmente os brancos, em lugares como a Flórida, o Arizona e a Califórnia. Enquanto isso, o que Wall Street fez foi pegar todas aquelas hipotecas de risco e embrulhá- las em estranhos instrumentos financeiros. Eles pegavam todas as hipotecas de um determinado lugar e colocavam-nas num pacote, e então vendiam partes daquele pacote para outras pessoas. O resultado é que todo o mercado financeiro de hipotecas se globalizou, e o que se vê são pedaços de propriedade hipotecária sendo vendidas para pessoas na Noruega, na Alemanha, no Golfo e em qualquer lugar. Todos foram convencidos de que essas hipotecas e esses instrumentos financeiros eram tão seguros quanto casas. Acabou que eles não se mostraram seguros, e então sobreveio a grande crise, que segue sem parar. Meu argumento é que se essa crise é basicamente uma crise de urbanização, então a solução deve ser uma urbanização diferente, e é aí que a luta pelo direito à cidade se torna crucial, porque nós temos a oportunidade de fazer algo diferente.

Mas sempre me perguntam se essa crise é o fim do neoliberalismo. Minha resposta é "não", se se olha para o que está sendo proposto em Washington e em Londres. Um dos princípios básicos que foram estabelecidos na década de 70 é que o poder do Estado deve proteger as instituições financeiras a qualquer preço. Se há um conflito entre o bem estar das instituições financeiras e o bem estar do povo, opta-se pelo bem estar das instituições financeiras. Este é o princípio que foi desenvolvido na cidade de Nova York City em meados dos anos 70, e que foi definido internacionalmente pela primeira vez quando houve a ameaça de falência do México em 1982. Se o México tivesse ido à falência, isso teria destruído os bancos de investimentos de Nova York. Assim, o Banco Central dos Estados Unidos e o Fundo Monetário Internacional combinaram esforços para ajudar o México a não entrar em falência. Em outras palavras, eles emprestaram o dinheiro que o México precisava para pagar os banqueiros de Nova York. Mas, ao fazê-lo, eles impuseram austeridade à população mexicana. Ou seja, eles protegeram os bancos e destruíram as pessoas. Essa tem sido a prática padrão do FMI desde então. Agora, se olharmos para a resposta dada à crise pelos Estados Unidos e a Inglaterra, nós veremos que o que eles efetivamente fizeram foi salvar os bancos ? são 700 bilhões de dólares para os bancos nos EUA. Eles não fizeram absolutamente nada para proteger os proprietários de imóveis que perderam suas casas. Então, é este exatamente o mesmo princípio que agora vemos em funcionamento: proteger as instituições financeiras e foda-se o povo. O que nós deveríamos ter feito era pegar os 700 bilhões e criar um banco de re-desenvolvimento urbano, para salvarmos todas as comunidades que estavam sendo destruídas e reconstruir as cidades a partir das demandas populares. O interessante é que, se nós tivéssemos feito isso antes, muito da crise teria simplesmente desaparecido, porque não haveria a execução das hipotecas. Nesse meio tempo, nós precisamos organizar um movimento antidespejo - e temos visto isso acontecer em Boston e em algumas outras cidades. Mas, nesse momento da história nos EUA, há um sentimento de que a mobilização popular está restrita porque a eleição de Obama era a prioridade. Muitas pessoas esperam que Obama faça algo diferente, mas infelizmente os seus consultores econômicos são exatamente os mesmos que criaram o problema. Eu duvido que Obama venha a ser tão progressista quanto Lula. Eu acho que nós teremos que esperar um pouco antes que os movimentos sociais comecem a agir. Nós precisamos de um movimento nacional pela reforma urbana como o que vocês têm aqui. Nós temos que construir uma militância do mesmo tipo que vocês construíram aqui. Nós temos que, de fato, começar a exercer nosso direito à cidade. E em algum momento nós teremos que reverter o modo como as instituições financeiras são priorizadas em detrimento do povo. Nós temos que nos questionar o que é mais importante, o valor dos bancos ou o valor da humanidade. O sistema bancário deveria servir às pessoas, e não viver à custa das pessoas. A única forma que temos de, em algum momento, nos tornarmos capazes de exercer nosso direito à cidade é controlando o problema da absorção do excedente capitalista. Nós temos que socializar o excedente do capital. Nós temos que usá-lo para atender necessidades sociais. Nós temos que nos livrar do problema da acumulação constante dos 3%. Nós chegamos a um ponto em que uma taxa de crescimento constante de 3% irá impor custos ambientais tão imensos, irá exercer uma pressão tão grande sobre as questões sociais, que nós viveremos em perpétua crise financeira. Se nós sairmos dessa crise financeira do modo que eles querem, haverá uma outra crise financeira dentro de cinco anos. Chegamos a um ponto em que não podemos mais de aceitar o que disse Margaret Thatcher, que "não há alternativa", e que devemos dizer que deve haver uma alternativa. Deve haver uma alternativa para o capitalismo em geral. E nós podemos começar a nos aproximarmos dessa alternativa percebendo o direito à cidade como uma exigência popular internacional, e eu espero que possamos todos nos unir nessa missão.

Muito obrigado.

Tradução de Fernando Alves Gomes

Fonte: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2009/02/440802.shtml

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Agir primeiro, julgar depois, ser sempre BOM

Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois

Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois

Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois

Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois

-------------------------------------------------

A Arte de Ser Bom

Sê bom. Mas ao coração
Prudência e cautela ajunta.
Quem todo de mel se unta,
Os ursos o lamberão.

Mário Quintana

C3R38R0

3M UM D14 D3 V3R40, 3574V4 N4 PR414,
0853RV4ND0 DU45 CR14NC45
8R1NC4ND0 N4 4R314.
3L45 7R484LH4V4M MU170 C0N57RU1ND0
UM C4573L0 D3 4R314, C0M 70RR35,
P4554R3L45 3 P4554G3NS 1N73RN45.
QU4ND0 3574V4M QU453 4C484ND0,
V310 UM4 0ND4 3 D357RU1U 7UD0,
R3DU21ND0 0 C4573L0
4 UM M0N73 D3 4R314 3 35PUM4.
4CH31 QU3, D3P015 D3 74N70 35F0RC0 3 CU1D4D0,
45 CR14NC45 C41R14M N0 CH0R0,
C0RR3R4M P3L4 PR414, FUG1ND0 D4 4GU4,
R1ND0 D3 M405 D4D45 3 C0M3C4R4M
4 C0N57RU1R 0U7R0 C4573L0.
C0MPR33ND1 QU3 H4V14 4PR3ND1D0
UM4 GR4ND3 L1C40;
G4574M05 MU170 73MP0 D4 N0554 V1D4
C0N57RU1ND0 4LGUM4 C0154
3 M415 C3D0 0U M415 74RD3,
UM4 0ND4 P0D3R4 V1R 3 D357RU1R 7UD0
0 QU3 L3V4M05 74N70 73MP0 P4R4 C0N57RU1R.
M45 QU4ND0 1550 4C0N73C3R
50M3N73 4QU3L3 QU3 73M 45 M405 D3 4LGU3M
P4R4 53GUR4R, 53R4 C4P42 D3 50RR1R!
S0 0 QU3 P3RM4N3C3, 3 4 4M124D3, 0 4M0R 3 C4R1NH0.
0 R3570 3 F3170 D3 4R314.

Nosso cérebro é fascinante, não é mesmo?

Para Descontrair

O Verdadeiro F.D.P.

Fui a uma loja hoje de manhã e estive lá por uns 5 minutos. Quando eu saí, vi um marronzinho, com ar prepotente, preenchendo uma
multa. Corri até ele e soltei o famoso:
- Peraí, amigão, não faz isso não, dá uma chance!
Ele me ignorou e continuou escrevendo a multa. Então eu o chamei de babaca metido a polícia!
Ele me olhou, e sem dizer nada, deu uma olhada nos pneus do carro e começou a fazer outra multa.
Então eu falei: - Que merdinha de profissão a sua, hein?
Ele começou a escrever uma terceira multa!
Foram mais uns 5 minutos ali fora, discutindo ou melhor, tentando discutir. E quanto mais eu xingava, mais multas ele preenchia.
Depois que eu vi que aquilo não iria resolver nada, saí e fui pegar o meu carro que havia deixado no estacionamento, na outra quadra.
Sabe, o importante mesmo é ter tentado ajudar o próximo. Faça isso sempre que possível, pois você sentirá a alma lavada!

----------------------------------

Um policial do 190 atendeu o telefone e foi anotando o pedido de Socorro:

-POR FAVOR, MANDEM ALGUEM URGENTE, ENTROU UM GATO AQUI EM CASA!!!

- Mas como assim, um gato...?

-UM GATO!!! ELE INVADIU A MINHA CASA E ESTÁ VINDO NA MINHA DIREÇÃO!!!

- Mas como assim? Você quer dizer um ladrão?

- NÃO, IMBECIL! ESTOU FALANDO DE UM GATO MESMO, DESSES QUE FAZEM MIAU, PORRA!!

- Mas o que tem de mais um gato ir na sua direção...?

- ELE VAI ME MATAR, PUTA QUE PARIU!!! E VOCÊS SERÃO OS CULPADOS!!!

- Quem está falando!!!????

- O PAPAGAIO, CARALHO!!!

EU PERDOARIA DEUS...

Sabe aquela foto que tem uma criança negra, hipermagra, quase morrendo de fome e sendo observada de perto por um urubu? Aquela foto que deu prêmios ao fotógrafo e não sei se deu alguma esperança de salvação para a criança? Pois bem, eu perdoaria deus por aquilo se ele não fosse onisciente.
Vi no Discovery channel que existe um tipo de fungo que se aloja dentro da cabeça de algumas formigas. Lá eles vão crescendo e a formiga começa a ficar maluca, totalmente desnorteada. Daí as outras formigas percebem e afastam o mais que podem a colega infectada do formigueiro porque se ela permanecer no grupo todo o formigueiro será exterminado. Então o fungo atinge um crescimento tal que a cabeça da formiga é furada de dentro pra fora e o fungo sai “plantado” nela como tentáculos, só depois de algum tempo a formiga morre. Eu perdoaria deus por isso se ele não fosse onipotente.
Você sabia é claro, que existiu mais de um lugar chamado Campo de Extermínio onde durante a Segunda Guerra Mundial milhões de pessoas - homens, mulheres, velhos e crianças - foram torturados das mais diversas formas, humilhados das mais diversas e requintadas maneiras e mortos de uma forma tão organizada e eficiente que lembra verdadeiras linhas de montagem de matar pessoas. Pois bem, eu perdoaria deus por isso se ele não fosse onipresente.
Uma mãe passarinha se coloca na frente do veneno de uma cobra, afasta-se do lugar o mais que pode e depois até se deixa picar para desviar a serpente de seu ninho e salvar seus ovos ou filhotes. Um industrial alemão chamado Schindler, horrorizado com o que estava acontecendo em seu país, usou seu dinheiro, sua influência e sua capacidade de argumentação para salvar dezenas de judeus dos “chuveiros”. Uma ursa se fecha em uma caverna onde passa todo o inverno sem se alimentar e de onde sai quase morta na chegada da primavera porque esteve todo esse tempo amamentando, protegendo e aquecendo seus filhotes. Deus não faz nada disso, mesmo sendo bondoso, imortal, onipotente, onisciente e onipresente.
Alguém me dirá então que a passarinha foi guiada por deus para assim agir e salvar seus filhotes, que deus “usou” Schindler para salvar aqueles judeus da morte, que foi deus quem deu forças à ursa para que ela pudesse alimentar seus filhotes até que chegasse a primavera e eles estivessem crescidos o suficiente para sair da toca e conhecer o mundo. Dirão que “não se moverá uma folha em uma árvore se deus assim não quiser”... TUDO que acontece, acontece porque deus quer, dirão.
Deus quer então que muitos filhotes e ovos de passarinho sejam encontrados e mortos pelas serpentes, por que salvar apenas alguns? Deus queria que milhões de pessoas fossem mortas nas câmaras de gás nazistas, por que salvar apenas alguns poucos? Deus queria que ursa e filhotes fossem atacados e mortos por predadores ou caçadores assim que saíssem da caverna no comecinho da primavera. Por que então exigir tanto sacrifício da pobre mãe semimorta de desnutrição? Eu perdoaria deus por tudo isso se ele não fosse todo poderoso.
Sim, eu perdoaria deus pelos males que existem no mundo se ele não fosse tão poderoso quanto os religiosos dizem que ele é. Se ele tivesse criado o mundo estando sujeito às diversas leis que obrigam os seres vivos a se matarem e se devorarem num banho de sangue eterno, então eu o perdoaria.
Se eu pudesse saber que deus não estava presente em alguns lugares e em alguns momentos da história porque ele não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, eu o perdoaria. Se eu soubesse que ele não tem como conhecer o que vai na cabeça e no coração de todas as pessoas e não tem como conhecer o futuro próximo ou distante e por isso não interfere na vida de pessoas animais ou plantas de forma a evitar grandes catástrofes, eu o perdoaria.
Se de alguma forma eu pudesse saber que no caso de calamidades de grandes proporções, causadas pela natureza ou pelos homens, deus não consegue salvar mais do que algumas vidas mesmo querendo e desejando muito salvar a todos e até evitar que a catástrofe aconteça, aí, sem dúvida nenhuma, eu o perdoaria.
E se eu soubesse que deus não tem como evitar que nasçam seres vivos, humanos ou não, com defeitos graves como aleijões, deformações genéticas ou deficiências mentais e não tivesse nenhum poder para evitar a existência de doenças graves como o câncer, a aids ou a velhice, com certeza nesse caso eu o perdoaria.
Verdade, se deus não fosse aquele ser tão poderoso, grandioso e incrível que durante a vida toda tentaram me fazer crer que ele é, não só eu poderia perdoá-lo como ainda teria muita pena, muito carinho e muito, muitíssimo amor por ele.
Divina de Jesus Scarpim

Artigo retirado de: http://vida-cadela.blogspot.com/

Zeca Baleiro - Minha Tribo Sou Eu

Mais uma música ótima de temas que ja tratamos em La Rosa de los Vientos. Nossa religião, raça e consciencia vive em nós. Façamos nossa própria religião, raça e consciencia do nosso jeito.
(desculpe pelo vídeo que não é dos melhores, mas tem a música original no video.)



eu não sou cristão
eu não sou ateu
não sou japa não sou chicano
não sou europeu
eu não sou negão
eu não sou judeu
não sou do samba nem sou do rock
minha tribo sou eu

eu não sou playboy
eu não sou plebeu
não sou hippie hype skinhead
nazi fariseu
a terra se move
falou galileu
não sou maluco nem sou careta
minha tribo sou eu

ai ai ai ai ai
ié ié ié ié ié
pobre de quem não é cacique
nem nunca vai ser pajé

Cambalache

É, como eu to meio encostado nos post's aqui, com mil coisas na cabeça eu resolvi postar uma musica que escutava ontem depois de ver o album de fotos do meu caro prof de Português, colega leitor aqui (talvez nem tanto leitor mas... ), isso para desenferrujar um pouco, tenho uma série de post's na cabeça pra fazer. Espero que gostem... dalhe Raulzitow !! o/



Raul Seixas - Cambalache

Que o mundo foi e será uma porcaria eu já sei
Em 506 e em 2000 também
Que sempre houve ladrões, maquiavélicos e safados
Contentes e frustrados, valores, confusão
Mas que o século xx é uma praga de maldade e lixo
Já não há quem negue
Vivemos atolados na lameira
E no mesmo lodo todos manuseados
Hoje em dia dá no mesmo ser direito que traidor
Ignorante, sábio, besta, pretensioso, afanador
Tudo é igual, nada é melhor
É o mesmo um burro que um bom professor
Sem diferir, é sim senhor
Tanto no norte ou como no sul
Se um vive na impostura e outro afana em sua
Ambição
Dá no mesmo que seja padre, carvoeiro, rei de paus
Cara dura ou senador
Que falta de respeito, que afronta pra razão
Qualquer um é senhor, qualquer um é ladrão
Misturam-se beethoven, ringo star e napoleão
Pio ix e d. joão, john lennon e san martin
Como igual na frente da vitrine
Esses bagunceiros se misturam à vida
Feridos por um sabre já sem ponta
Por chorar a bíblia junto ao aquecedor

Século xx "cambalache", problemático e febril
O que não chora não mama
Quem não rouba é um imbecil
Já não dá mais, força que dá
Que lá no inferno nos vamos encontrar
Não penses mais, senta-te ao lado
Que a ninguém mais importa se nasceste honrado

Se é o mesmo que trabalha noite e dia como um boi
Se é o que vive na fartura, se é o que mata, se é o
Que cura
Ou mesmo fora-da-lei

----------------------------------

E agora outra versão do Caetano Meloso, digo, Veloso....do jeito que só ele sabe fazer... gostei também.

Caetano Veloso - Cambalache

Abecedário ExtraOrdinário: Fome

Fome: nome que se dá à sensação fisiológica que o corpo percebe quando necessita de alimento para manter suas atividades inertes à vida.
Eu poderia colocar aqui textos kilométricos sobre a quantidade de pessoas que morrem por causa da fome no Brasil. Falar que anualmente pelo menos 5 milhões de crianças morrem no mundo, aproximadamente um óbito a cada 5 segundos. Falar que com US$ 25 milhões por ano, seria possível reduzir drasticamente a desnutrição nos 15 mais famintos países da África e da América Latina e salvar da fome pelo menos 900 mil crianças até 2015...
Números, números, números, chega de números! Cansei de ser um número! Sou mais que isso, mais que um mero número. Números são apenas um modo de acomodamento, você olha, por exemplo, 5 milhões de crianças morrem no mundo, qual será sua reação?
- Putz, que triste! Pena que não posso fazer nada ._.~
Alguns minutos depois você já esqueceu, está em algum restaurante caro, se empanturrando.
Mas se você trocar números por verbos - ações, você pode fazer alguma coisa sim. Quantas creches, orfanatos existem por São Paulo, pelo Brasil inteiro... certeza que você não pode fazer nada? Levar uma cesta básica, passar uma tarde com as crianças, roupas e brinquedos usados... custa? Não, pelo contrário... você sai ganhando. Ganha aquelas risadas gostosas que só uma criança dá =)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Do que o american way of life é capaz...

Desde o início do século XX, o american way of life (ou american dream) arrebata corações e mentes pelos quatro cantos do mundo.

Quem já não quis ser o mocinho (a) do filme? Dirigir este ou aquele automóvel bacana? Conquistar por meio de acirradas competições status social? Consumir, consumir, consumir?

Quando eu ainda era um pobre infante latino-americano almejava ser presenteado com o bonequinho do Rambo ou com um parque de carrinhos do Hotwheels. Sonhava em viver num subúrbio bonito, tranqüilo e arborizado. Numa casa confortável e ampla. Longe da violência da periferia da Zona Leste de São Paulo. E conquistar a linda garota loira da escola.

Para minha decepção infante, mas para minha salvação como homem, cedo descobri que o Rambo era uma estratégia fracassada de marketing do governo Estados Unidos para iludir o terceiro mundo. Que o Hotwheels era caro demais para o orçamento de uma família pobre. Que no subúrbio real que cresci as casas eram modestas, as ruas de terra e as árvores quando existentes eram arrancadas a fim de ampliar as casas abarrotadas de gente. Que os garotos legais da escola pública em que estudei se enterraram cedo nos vícios e no crime. E que a lindas garotas com treze ou quatorze anos já haviam engravidado. Percebi o quanto a mídia brasileira (que ainda importa e vende esses sonhos enlatados do Império do Norte) me iludiu!

E para quem ainda não acredita no poder do sonho americano incutido em nós, meros mortais, desde cedo, com o auxílio dos discípulos de Goebbels (os publicitários), reproduzo abaixo um vídeo que conheci ao visitar a página Manual do BigBoss, do parceiro e amigo Chefe.



Fonte: http://cartalatina.blogspot.com/

Racismo ou Estupidez?

Podia deixar passar batido, mas não vou não. Ou a gente começa a se preocupar agora ou depois será tarde demais.

Refiro-me ao caderno especial da Folha de S.Paulo de hoje sobre os melhores médicos do país.

Atentem para o trecho: “Neste caderno especial, apresentamos os perfis dos médicos que receberam a partir de 10% das citações dos próprios colegas. São todos homens; o mais novo tem apenas 40 anos e o mais velho, impressionantes 93 anos; seis são judeus e outros seis são de origem sírio-libanesa” (o grifo é meu).

Perceberam o absurdo do “judeus” e “sírio-libanesa”?

Não seriam brasileiros?

E desde quando ser “judeu” é uma questão racial e não religiosa?

Os nazistas é quem gostavam de tratar o judaísmo como uma questão racial e não religiosa.

Será que o estúpido que redigiu o texto é racista ou apenas estúpido?

E o que vem a ser “origem sírio-libanesa”? Onde fica esse país?

Lamentável, realmente lamentável que em pleno século 21 ainda haja quem trate o judaísmo como uma questão racial e ignore totalmente a geografia do Oriente Médio.

A FSP, como lídima representante da emprensa* deveria mostrar-se mais cuidadosa.

Fonte: http://blogdobourdoukan.blogspot.com/2009/02/racismo-ou-estupidez.html

-----

*Da Imprensa à Emprensa

Peço tolerância a vocês leitores pela palavra emprensa – inédita, creio eu, - mas ela se faz necessária, na medida em que o seu significado passa a exemplificar o comportamento midiático. Que mandou às favas qualquer relação com a Imprensa-media-mídia, passando a cultivar a mentira, a hipocrisia, o servilismo e a corrupção.

A Imprensa virou emprensa. E graças a esse comportamento as algemas mentais estão se partindo.

Ela já não consegue mais enganar.

Se é verdade que jamais houve, de fato, liberdade de imprensa, mas liberdade de empresa- isso era às ocultas, hoje é às escâncaras.

Nenhum interesse supera o interesse do patrão. É a regra do sistema.

E como o sistema traz dentro de si o vírus de sua própria destruição, somos testemunhas privilegiadas da travessia do Rubicão.

Ou alguém duvida?

Leitores e telespectadores migram aos milhares e milhões diariamente em busca de alternativas. E elas não faltam.

Na falta de leitores e telespectadores, resta à mídia recolher as migalhas que lhe proporcionam os recrames.

Quem vende mentiras não vende publicidade, vende recrames.

Das ofertas de prestações intermináveis.

Das empresas de agiotas e usurários.

Tudo produto do mesmo esgoto.

E, incrível, a mídia mentirosa, hipócrita e corrupta vive das benesses fornecidas até por uma de suas vítimas, o governo.

Não é um paradoxo?

Seria se aquele garboso não viesse a público para explicar que eles eram “governo e não poder”...

Mas como não são poder? Para que servem as eleições então?

Afirmar que vencer uma eleição não significa assumir o poder, é acreditar na eternidade do sistema.

E eu me recuso a crer que um sistema possa ser eterno!

A História está aí para provar isso.

Fonte: http://blogdobourdoukan.blogspot.com/2009/01/da-imprensa-emprensa-peo-tolerncia-vocs.html

Undertow Parte I


- Então é chegada a hora... Vamos embora! Não importa mais se você encontrou as respostas que precisava saber, agora eu já sei!
Atordoado o rapaz discutia com sua imagem distorcida no espelho. Pelo banheiro caixas de remédio e garrafas de whiskey, o cheiro do álcool e do vômito que escorria pelo vaso sanitário encontrava o fétido odor de uma adolescência em crise e juntos aumentavam mais e mais a vontade de gritar e de voar pra bem longe.
- Eu encontrei o caminho! Eu! Eu disse que EU encontrei o caminho sem sua ajuda imbecil, sem você pentelhando nos meus ouvidos, sem você pra me contar cretinices, eu aprendi a andar sozinho...
Sem mais lágrimas, o pranto seco ecoava pela casa vazia, sem vida. Batendo com a cabeça na parede escura de infiltrações, buscava forças para se levantar, mas não conseguia, só lhe restava gritar.
- Onde está todo mundo?! Eu quero sair!
Seus pais não sabiam o que fazer, ele estava mudado, há algumas semanas o dia-a-dia transformou-se numa rotina insuportável. Mas nunca tinham sido agredidos, então, aproveitando mais uma de suas crises agudas no banheiro, trancaram-no na casa e, ensaguentados, correram para buscar ajuda.
Com esforços notáveis e uma respiração cansada aproximou-se da janela.
- ...Eu voaria?
Alguns segundos de pausa poética e o rapaz se concentra no horizonte, o sol se punha.
- Os céus parecem me compreender... É mais um dia de nossas lindas e maravilhosas vidas indo pro lixo, e ele sangra. Aqui está tudo tão vermelho, mas o céu está mais, ele sangra mais... Ele sobreviverá?
Tocando levemente as feridas que já não sangravam tanto, ele olha ao redor, acho que não quer mais isso. Seus olhos pestanejam, é hora de durmir e acordar pra outro dia maravilhoso.

---------------------------------------------------------------------------------------------------

Deixando-se cair no chão ele avista um comprimido intacto, não se lembrava de ter tomado aquele, ele estava tão bonito, brilhante e convidativo. Esticou-se e pegou-o de dentro da privada recheada de vômito, levou à boca e procurou alguma garrafa ao redor, mas estavam vazias. Apoiou-se na pia, estava fraco e buscava água, escorregou e cortou-se numa gafarra quebrada, sua perna agora sangrava e o chão ganhava a segunda mão de sangue.
Não gritou. Ficou estático por um tempo, logo se levantou e investiu um soco furioso em um dos espelhos que ainda não estava quebrado.
- Aaah corra sol, corra e não me veja! Não veja o espelho de sua alma, se não tudo que presenciou irá gritar.
E se via no espelho, todo distorcido e via o reflexo avermelhado do sol obedecendo as suas ordens.
- Você sempre esteve aí e um dia se perderá, então que nos percamos juntos... Você me levaria além do horizonte e deixaria sentir seu calor? Aqui está tão frio...
O ambiente úmido e mal cheiroso não contribuía em nada. Apesar de tudo ele se sentia vivo, ele talvez acreditasse em seu coração agora, talvez ele realmente estivesse descobrindo sua verdadeira essência, mas a verdade o faz morrer.
Alguns anos de vida mal vivida, alguns anos de vida vivida igual a todas as outras vidas: defendendo causas que não colocava em prática e praticando coisas que repudiava. Seus olhos abriram, não queria crescer e ser como todos eles e nada do que quisesse fazer para tentar mudar era permitido. Já não queria mais uma vida medíocre, a verdade o consumia.
Encolhido em um canto úmido agonizava, chorava e gritava por dentro. Estava pálido, seus olhos denuciavam o estado de sua alma, e ela se contorcia. Tremia e olhava para todos os cantos do banheiro, como se visse todos os pecados da humanidade em cada teia de aranha, em cada infiltração, em cada gota de sangue.

---------------------------------------------------------------------------------------------------

- Argh...
Alguns múrmurios pulavam de sua boca.
- Eu...
Tremia mais e mais, não controlova e não se encontrava mais nesse planeta.
- Eu quero sangrar... Sangrar meus pecados...
Com movimentos lentos, porém certeiros abria as feridas que tinha nos braços e nas pernas. Uma terceira mão de sangue cobria o chão. Empalidecia mais e mais.
- Vou chorar todos os pecados, todos os meus erros enquanto puder respirar e vou correr com você sol, não parta sem mim.
Ia se levantando, poucos raios de luz vermelha alcançava o banheiro agora, tudo estava escurecendo.
- Eu quero esquecer os caminhos, quero esquecer tudo que descobri, não quero mais andar sozinho! Não vá sem mim...
Esgueirava-se em direção à porta, suas forças estavam no fim, suas lágrimas já estavam secando, mas o sangue não cessava.
Destrancou a porta e arrastou-se pelo corredor deixando um rastro escuro de sangue atrás de si que contrastava com o piso cor de marfim.
- Já estou cansando, não consigo mais chorar... Deixe-me quebrar as coisas que amo?... Preciso chorar!
Fotos de família acolhidas confortavelmente nas mobílias pelo corredor eram lançadas ao longe e novos soluços eram lançados pra fora. Todas as fotos de momentos que sorria, de momentos que lembrava com carinho, não eram reais. Por onde passava deixava um rastro de sombra e sangue, o sol partia, a penumbra adentrava.
Na cozinha não via muita coisa, estava escuro e não alcançava o interruptor. Estava frio e a umidade não era o principal o problema, havia um odor estranho no ar que irritava suas narinas, ele já nem sentia mais a mistura de álcool, vômito e sangue no ar...

Globo e Serra deixam de ganhar prêmio internacional


Se concorressem ao World Press Photo 2008, a dupla Globo-Serra seria a maior barbada. A foto vencedora, do americano Anthony Suau, mostra um policial invadindo uma casa, cujos moradores foram desalojados pela crise mundial.

O brasileiro Luiz Vasconcelos, do jornal “A Crítica” de Manaus, foi o primeiro colocado na categoria Notícias gerais, com esta belíssima foto aí em cima, que mostra uma mulher enfrentando a polícia para evitar o despejo de vizinhos, em Manaus – segundo afirma o jornal O Globo. [Mais fotos premiadas aqui]

Como se vê, o tema da desapropriação de casas ligado à violência policial e resistência estava na ordem do dia do júri. Daí minha afirmação de que a dupla Globo-Serra teria papado o prêmio de vídeo, se houvesse a categoria no prêmio.

Olhem o vídeo abaixo, que editei em 11 de dezembro de 2007, retirado do Jornal Nacional, e vejam se eles não mereceriam o prêmio.



Reportagem de José Roberto Burnier no Jornal Nacional mostrou a Polícia Militar de São Paulo usando spray de pimenta, gás lacrimogêneo e balas de borracha para desocupar casas construídas na região da Favela Real Parque, na capital de São Paulo.

Entre os atingidos pela ação da PM, uma criança de colo, um bebê de apenas um mês de vida e uma mulher grávida, que entrou em trabalho de parto.

No entanto, o foco da matéria foi o imenso congestionamento que a ação de reintegração de posse causou ao trânsito na manhã paulistana.

Como o governador de São Paulo é o tucano José Serra e o prefeito da capital, o demo Kassab, o JN não fez comentário algum sobre o uso de violência pela PM.

Editei o trecho da reportagem que mostra a ação policial. Repare no spray sendo lançado contra uma senhora com uma criança pequena no colo. Em seguida, há o depoimento da mãe de um bebê de pouco mais de um mês de vida. Mais adiante, uma grávida sendo levada numa maca.

Spray de pimenta pode matar

O spray de pimenta, segundo informação da Folha Online, “causa irritação à pele, olhos e à mucosa do trato respiratório superior, gerando dor e desconforto. Pode inclusive gerar inflamações e edemas nas áreas em que entra em contato. Esses efeitos podem durar de 30 a 60 minutos”.

O médico toxologista Sérgio Graff, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), entrevistado pela reportagem da Folha, afirmou que a substância liberada pelo spray não é letal, mas pode causar sérios problemas – inclusive a morte – em pessoas menos resistentes, como idosos e crianças.

"Nestes casos, a morte é causada por complicações em decorrência da inflamação das vias aéreas, em que desencadearia uma crise de bronquite e o motivo seria insuficiência respiratória ou insuficiência cardíaca."

Fonte: http://blogdomello.blogspot.com/2009/02/globo-serra-violencia-policia.html

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Prefácio Undertow

Há um tempo descobri um site chamado Mojo Books (http://mojobooks.virgula.com.br/), a idéia de pegar músicas e transformá-las em contos e discos em livros me fascinou. Confesso que ainda não li nada publicado no site, mas comecei a escrever um single em cima da música Undertow do Pain of Salvation.
O álbum Remedy Lane é um álbum conceitual e todas suas músicas completam uma história magnífica, mas ao me propor à escrever algo sobre Undertow preferi sair do contexto e criar uma outra situação. Não, eu não alterei o ar sombrio da música e tentei manter isso nos períodos do conto, que é pequenino, tem três páginas e acho que vou postá-lo dividido em duas partes. Como tudo que faço, esse conto tem diversos resquícios de mim e tentei fugir um pouco do meu vício de escrever apenas em primeira pessoa.
Aqui vai algumas versões, um clipe, uma com legenda e uma ao vivo, e em cada parte vou postar a versão original.
Bom, eu aguardo anciosamente críticas, espero que gostem!





Índios III - A história dos índios e da política indigenista no Brasil

Sim! Os maias ainda existem.

"Contrariando a crença popular, o povo maia nunca "desapareceu", pois milhões ainda vivem na mesma região e muitos deles ainda falam alguns dialetos da língua original. "
Wikipedia

E antes de postar a parte três deixarei uma música do Sepultura feita em homenagem a uma tribo guarani.



-----

A história dos índios e da política indigenista no Brasil

No final do século 15, navegadores portugueses e espanhóis financiados pelo rei daquele país saíram em busca de novas rotas, por mar, para chegar à Ásia, que chamavam de “Índias”. O caminho para as Índias até aquele momento era por terra. Na Ásia, havia especiarias que interessavam muito aos europeus e o seu comércio era muito lucrativo, mas era dominado por outros povos comerciantes.

Os portugueses e espanhóis, no entanto, acabaram por navegar outros mares, dar a volta ao mundo e descobrir um novo continente, a América. Foi o primeiro passo no complexo processo de globalização do planeta. Possibilitou aos europeus o domínio de várias regiões do mundo durante um longo período. Como logo que chegaram, os europeus pensaram que estavam nas Índias, deram o nome aos habitantes daquele lugar de índios.

Para os habitantes do novo continente, este processo de descobrimento levou à destruição de suas civilizações e ao esfacelamento de seu antigo modo de vida. A conversão para o catolicismo, as novas doenças e a exploração das riquezas naturais de maneira predatória pelos colonizadores vindos da Europa trouxe um processo de extermínio dos índios.

Assim que a Igreja Católica Romana de Portugal e da Espanha soube que os índios não cultuavam o mesmo deus que eles, foi organizada a vinda de padres jesuítas para o novo território. O principal objetivo destes jesuítas era converter os indígenas ao catolicismo, mas muitos acabaram escravizando-os.
Fundada pelo Papa Paulo 3º em 1540, a Companhia de Jesus era formada por poucos, mas ardorosos membros, preocupados em revigorar a fé católica.
Os primeiros jesuítas chegaram ao Brasil em 1549, liderados pelo Padre Manoel da Nóbrega, junto com governador-geral Tomé de Sousa.
Catequizaram os índios. Desta maneira, muitas culturas indígenas no Brasil, que não tinham registros escritos, ou em nenhuma outra mídia, foram extintas. Tudo o que o colonizador queria mudar no modo de viver do índio, para deixá-lo cada vez mais europeizado, levou à destruição do seu modo de vida e à perda de identidade como povo.

Houve um encontro desigual entre povos de diferentes continentes. A América ofereceu aos europeus a batata, o milho, o feijão, o tomate, o pimentão, o chocolate, a mandioca, a pamonha e o guaraná. Em troca, os europeus trouxeram o trigo, o açúcar, o sal, o vinagre, e também o ferro, a pólvora, a roda, o cavalo, o boi, a moeda, o salário, o livro, a escravidão e Jesus Cristo.
As doenças trazidas da Europa, como gripe, coqueluche, varíola e até a malária, segundo algumas teorias; foram as principais causas de morte quando havia o encontro entre os europeus e os índios.

Os índios rebeldes, que não aceitavam os europeus como donos de seu território, morriam pela guerra, com lados muitos desiguais. O lado europeu com armas de fogo, bombas, explosivos, cavalos e infantaria. Os índios com arco e flecha.

No Brasil, muitos líderes da população local, os caciques, faziam acordos com os colonizadores portugueses e viviam de maneira pacífica. Esse é talvez o principal motivo para o português falado no Brasil ter influência indígena, com várias palavras e modo de pronunciar dos habitantes originais do território.
A situação de destruição da cultura indígena e expulsão de suas terras se manteve de 1500 até a criação da primeira terra de índios no Brasil, o Parque do Xingu, em 1961. Os irmãos Villas Bôas trabalharam muito para trazer este projeto à realidade.

Antes deles, em 1910, foi criado o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), hoje Fundação Nacional do Índio (Funai), pelo Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. De origem indígena por parte de seus bisavós maternos, que eram Bororo e Terena, e bisavó paterna, da tribo dos Guanás, Rondon trabalhou durante anos para melhorar as condições de vida da população indígena brasileira. Criou e chefiou o SPI, onde deu início ao período de pacificação dos índios e do reconhecimento do direito deles à posse da terra e de viver de acordo com os próprios costumes. Rondon foi um importante desbravador. No exército brasileiro, chefiou a construção de linhas telegráficas entre o Mato Grosso e Goiás e também a primeira linha telegráfica que ligava a Amazônia com o resto do Brasil. O Marechal participou de uma expedição à Amazônia, de 1913 a 1914, com o então presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt. O processo de pacificação dos índios, protagonizado por Rondon, foi reavaliado nos anos seguintes, já que acabavam aculturando boa parte deles. Imagens antigas gravadas mostram os índios de uniformes semelhantes aos dos militares recebendo condecorações. Do outro lado, Rondon foi importante na humanização do índio. Durante os anos de contato, quando os indigenistas tentavam se aproximar de populações isoladas, um dos lemas era “Morrer se preciso for, matar nunca”. E foi o que acabou acontecendo em vários trabalhos de contato na primeira metade do século 20, quando muitos indigenistas acabaram morrendo.

Em 1967, foi extinto o SPI, devido a inúmeras denúncias de irregularidades administrativas, após a saída do Marechal Rondon. No mesmo ano foi criada em seu lugar, a Fundação Nacional do Índio (Funai), que existe até hoje. Muitas críticas são feitas à Funai, que é o principal órgão de intermediação entre o governo brasileiro e os índios. Uma delas é de que não existe quase nenhum funcionário com maior poder de decisão na Funai que seja índio, além dos desvios de recursos e a falta de preparo dos funcionários.
Foi só com a Constituição de 1988 que os direitos dos índios foram completamente reconhecidos. Pela primeira vez na história do Brasil, a constituição reconheceu o índio como portador de uma cultura e assegurou o direito à essa cultura e modo de vida particulares.

A constituição inovou também ao reconhecer a capacidade dos índios, suas comunidades e organizações para a defesa dos seus próprios direitos e interesses. Atribuiu ao Ministério Público o dever de garantir estes direitos e intervir em todos os processos judiciais que digam respeito a tais direitos e interesses.

Desde a promulgação da Constituição surgiram projetos de lei para rever o Estatuto do Índio, de 1973 e a legislação relativa aos direitos dos índios. Em 1991, foram apresentados novos projetos de lei sobre estas questões. Até agora, não foram regulamentados. Existem duas propostas em debate. Uma é a versão do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A outra é a versão de alguns deputados do Congresso Nacional.

Os dois projetos de lei têm pontos em comum. Regulamentam, com pequenas diferenças, a exploração dos recursos naturais existentes nas terras indígenas. Abordam novos temas, como o dos direitos de propriedade intelectual, a proteção ao meio ambiente e o acesso aos recursos genéticos, não tratados pelo Estatuto atual, que é de 1973. Um grande avanço aconteceu em 2001, com a aprovação pelo Congresso Nacional do novo código civil. Nele, um tratamento mais igualitário com relação ao resto da sociedade é dado aos índios. O novo código estabelece que a capacidade do índio para a prática dos atos da vida civil deve ser matéria de lei específica. Uma mudança em relação ao antigo código civil, de 1916, que considerava os índios incapazes e determinava que eles precisavam ser tutelados para praticar atos da vida civil.

Os Irmãos Villas Bôas


Na década de 1940, foi organizada a expedição Roncador-Xingu, que percorreu várias regiões inexploradas do Brasil central para desbravá-las. Com a Segunda Guerra Mundial, o governo Vargas temia que países europeus enviassem tropas ao interior do país para tomá-lo. Nessas regiões desbravadas pela expedição abriram-se estradas e foram criadas pistas de pouso de emergência.

Os irmãos paulistas Orlando, Cláudio e Leonardo Villas Bôas participaram da expedição. Eles fizeram contato pacífico e protegiam os índios que viviam na região do Rio Xingu. Tinham um irmão mais novo, Álvaro, que chegou a ser presidente da Funai, em 1980.

Os irmãos Villas Bôas mantiveram contato com o Marechal Rondon e outros indigenistas. Depois da expedição, decidiram permanecer no Xingu e desenvolver um programa positivo de proteção aos índios. Buscaram criar uma base territorial onde os indígenas pudessem manter seus modos tradicionais de organização social e de subsistência econômica.

Defendiam a criação de reservas e parques indígenas fechados, que funcionassem como uma espécie de tampão protetor e seguro entre índios e o resto da sociedade brasileira. Acreditavam que o processo de integração dos povos indígenas na sociedade nacional deveria ser gradual, para garantir a sobrevivência física, as identidades étnicas e os estilos de vida de cada um daqueles povos.

Em 1961, no norte do estado de Mato Grosso foi criado o primeiro parque nacional indígena do Brasil, o Xingu. Os irmãos Villas Bôas lideraram todo o processo de implantação, desde os debates com a presidência da república, que começaram em 1952. Foram nomeados para serem os primeiros diretores do parque, colocado sob responsabilidade do SPI.

Com mais de 40 anos de convivência com os índios, os irmãos Villas Bôas passaram a ser admirados pelas populações tradicionais. A experiência deles criou um acúmulo invejável a qualquer antropólogo sobre o modo de pensar indígena. Deixaram, então, vários livros com histórias fascinantes. Cláudio morreu em 1998 e Orlando, em 2002. Antes de morrer, Orlando Villas Boas teve uma grande decepção com a Funai que ajudou a construir. O então presidente do órgão, Carlos Frederico Marés de Souza Filho, decidiu cancelar sua aposentadoria e o demitir da Funai, em fevereiro de 2000. Com a péssima repercussão da decisão, o órgão voltou atrás e o próprio presidente da República na época se envolveu na questão.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...