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sábado, 20 de abril de 2013

Olho por olho e todos ficaremos cegos

Por Rodrigo Martins

Após o assassinato do jovem de 19 anos na porta de seu condomínio por causa de um celular, mais uma vez o debate sobre a redução da maioridade penal está nos noticiários e na opinião pública. O
Brasil ficou indignado e desta vez (aparentemente) está decidido a reduzir a maioridade penal para 16 anos.

O brutal assassinato é realmente revoltante. As cenas, do tiro fatal que levou à morte o garoto estudioso e de futuro promissor de 19 anos, que foram exploradas incansavelmente pela mídia e redes sociais leva qualquer pessoa em primeiro momento a querer pena de morte para o assassino.

O assassinato deste garoto e tantos outros, em especial os da periferia que não chegam aos noticiários, são o mais puro reflexo de uma sociedade que valoriza o ter: “quanto mais eu tenho, mais eu sou”. 

O celular (pivô da tragédia) é apenas o símbolo de um falso sucesso, onde quem tem e pode ostentar é bom, é o “cara” tão falado e explorado positivamente em especial por novelas que entoam: "esse cara sou eu".

Quando discutimos a redução da maioridade penal precisamos colocar alguns pontos de destaque, entre eles, a nossa cultura. Afinal a cultura é o funk que em suas letras musicais diz: “Ostentação fora do normal, quem tem motor faz amor e quem não tem passa mal”. Não somente isso, mas em especial a falta de uma educação de questionamentos, inclusive moral. Nas escolas não se destaca ou se estuda a história de uma sociedade construída da luta em prol do ser. 

A falta de um estudo de sociologia, a falta de uma educação onde ensine a interpretar um texto, a falta de um respeito mútuo, a falta de respeitar o espaço do outro. A falta de uma simples lição: “Este apontador não é seu, minha filha”. Valores culturais e respeitosos que estão sendo perdidos com o tempo.

Quando lembramos os momentos decisivos do nosso país, em que muitos morreram defendendo a liberdade de expressão, entendia-se que “SER” era superior ao “TER”, ou seja, lutava-se para ser um estudante que pudesse questionar o sistema, lutava-se para ser um profissional que pudesse contribuir com uma sociedade mais justa e igualitária. 

Infelizmente, pautados pela mídia, estamos em construção de uma sociedade em que na novela das nove, discute-se quantas mulheres o “Théo” pode ter, para ainda assim ser o cara perfeito para você.

E o que isso, tem a ver com o atual debate? É simples, quanto menos eu sei, mais fácil eu aceitarei.

Não se discute o sistema prisional que está falido, não se discuti o sistema da Fundação CASA (antiga FEBEM) que não reeduca ninguém, que não socializa ninguém e não recupera os 'perdidos'.

Não defendo bandido, muito menos assassino. Mas não podemos acreditar que aquele gatilho foi puxado sozinho. TODOS temos parte neste crime, quando criamos uma sociedade de olho por olho, obviamente, alguém vai ficar cego.

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Dica de leitura: Razões para NÃO diminuir a maioridade penal

2 comentários:

Janaina disse...

Acontece uma tragédia como essa e a solução para evitar outras é sempre remediar, nunca prevenir, nunca ir até a raiz da questão. E a raiz da questão é a falta de uma educação de qualidade, falta de garantia de subsistência para a família desses futuros "marginais", a falta de perspectiva de vida, o acesso a esses meios de comunicação que sempre dizem que ser é melhor do que ter, como você bem colocou. Quando será que todos nós vamos nos indignar com essas faltas? Vamos protestar contra essa vida miserável que as nossas crianças e adolescentes tem?

É mais complicado do que simplesmente diminuir a maioridade penal? Claro que é! Mas, de que adianta continuarmos com essas medidas paliativas e não irmos ao fundo da questão? Não adianta de nada...

Janaina disse...

Só para constar que eu mencionei o texto de vocês.

http://milhoesdeeus.blogspot.com.br/2013/04/sim-esse-e-mais-um-dos-varios-textos.html

=)

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