O peso da morte de milhões de soldados e civis mortos, aleijados e feridos recai sobre as costas da Alemanha, Itália e Japão. A vergonha nacional é algo quase palpável, quando o assunto envolve a 2º guerra mundial. Deve ser difícil para as novas gerações carregarem o fardo das ações de seus pais e avós. Talvez prefiram não pensar nisso.
Gosto de usar a 2ª grande guerra como metáfora, porque foi um evento de proporções inigualáveis, que está no inconsciente de todos nós, que já vimos um filme, um relato de um parente, um amigo, já visitamos um museu ou vimos um documentário. É uma informação da qual não dá pra escapar, não dá pra alegar ignorância. Mas nem todos sabem os DETALHES que deflagaram esse conflito. E os detalhes passam pela política; pelo poder do povo.
Isso não deixava de ser verdade, e cativou o populacho faminto e desesperançado (mas nenhum burro ou analfabeto, que eu saiba, já que toda a classe média se lascou naquela época). O criminoso virou, de repente, um possível salvador. Sua popularidade o alçou à política, e como chefe do partido nazista conseguiu mais e mais cadeiras no parlamento, até alçar ele mesmo ao posto de Chanceler. Os políticos achavam que o criminoso de outrora era só um bem-intencionado, e agora com o poder nas mãos não precisaria mais apelar pra medidas extremas tirania. O resto nós sabemos, e é apenas um "detalhe", já que o mais relevante pra história da humanidade seria ter evitado que ele chegasse onde chegou, com o poder, influência e popularidade que chegou (com a ajuda inclusive da Inglaterra!).
História um pouco diferente aconteceu no Japão, mais devido à obediência reptiliana ao Imperador do que por uma escolha popular consciente, mas não podemos descartar o peso da mentalidade do povo japonês no desenrolar dessa história, ainda mais quando olhamos os inúmeros crimes de guerra, praticados com um prazer mórbido que obscurece até mesmo as atrocidades nazistas.
Onde quero chegar? Num momento bem mais simples e pacífico de nossa história: as nossas eleições.
Nós, povo, temos responsabilidade direta e indireta, queiramos ou não, por quem damos poder e representatividade.
José Roberto Arruda (na época PSDB), então líder do governo FHC no Senado, renunciou em 2001 ao seu cargo para escapar de um processo de cassação por envolvimento com a fraude da votação do painel do Senado Federal, conhecido como o "escândalo do painel".
A ex-diretora do Prodasen, Regina Célia Peres Borges, confessou em depoimento que violou o painel a pedido de Antônio Carlos Magalhães (PFL) e de Arruda. Em depoimento, ACM disse que a iniciativa de fazer a lista foi de Arruda e Regina Célia, e que seu nome teria sido usado para obrigar os funcionários da Prodasen a realizar o trabalho. Arruda nega, e renuncia pra se safar. Três dias depois, ACM também renuncia. Um ano depois ACM se reelege com o voto de 2,9 milhões de baianos. No mesmo ano Arruda foi candidato a deputado federal, tendo sido eleito como o mais votado do Distrito Federal e o mais votado do país em termos proporcionais. Um feito e tanto para alguém incriminado em algo tão sério, e ainda sem julgamento. Em 2003 o STF acabou rejeitando a denúncia e não houve punição dos senadores, nem da funcionária do Senado. Em outubro de 2006 Arruda foi eleito em 1º turno governador do Distrito Federal (pelo PFL, agora DEM), com pouco mais de 50% dos votos válidos.
No dia 27 de novembro de 2009, a Polícia Federal executou a Operação Caixa de Pandora, com o cumprimento de mandados de busca e apreensão na residência oficial do governador Arruda, em secretarias do governo e em gabinetes de deputados na Câmara Legislativa. Foram apreendidos computadores, mídias e documentos, além de 30 mil dólares, 5 mil euros e 700 mil reais. No mesmo dia, o governador exonerou os envolvidos nas investigações, além de ter especulado que o desvio de recursos e a corrupção possam ter existido desde o governo anterior, de Joaquim Roriz. Mais uma vez o papel de vítima. Mais uma vez a paralisia da justiça, dos políticos e do povo. Precisou vir à tona um vídeo no qual Arruda aparece recebendo maços de dinheiro quando ainda era candidato, em 2006. Paralisia da justiça, dos políticos, mas desta vez os jovens resolveram agir: estudantes invadiram o prédio da Câmara Legislativa do Distrito Federal para exigir a renúncia do governador e do vice, Paulo Octávio (também envolvido nos escândalos). Outros manifestantes protestaram em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo distrital e do Tribunal de Justiça. Foram rechaçados pela polícia militar, que avançou pra cima deles com cavalos e cacetetes.
Muitos dos que estiveram lá, e apanharam, e foram atropelados por cavalos, provavelmente não tinham idade pra votar em 2006. Muitos pagaram o preço por seus pais, amigos, desconhecidos que, anônima e levianamente colocaram um criminoso e tirano no mais alto cargo do estado para lhes representar.
E agora? Quem pedirá desculpas a esses "soldados" do front, verdadeiras buchas de canhão da (tardia) indignação popular?
Envergonhem-se, povo brasiliense, por trazer de volta ao galinheiro uma raposa (supostamente) arrependida.
Envergonhem-se, Comando da PM. Nem mesmo o respeito à hierarquia justifica cometer atrocidades contra o estado de direito. A liberdade de manifestação é legítima, desde que pacífica, e ainda mais quando os motivos são nobres. Juntem-se ao lado do cidadão de bem, que como vocês pagam impostos e sofrem com um serviço público de baixa qualidade porque o dinheiro é desviado pra encher banheiras e pagar propinas.
Envergonhe-se, partido dos "Democratas", por não agir com pulso firme e expulsar o governador da fileira do seu partido logo no início! E ainda tem a desfaçatez de dizer na TV (Jornal Nacional, ontem), através do seu líder José Agripino Maia, que ele foi um "bom governador". Como pode um homem que monta uma quadrilha ser um "bom governador"?
Confiar o poder a quem cometeu crimes pra obter o poder. Isso aconteceu na Alemanha. Isso aconteceu em Brasília. E pode se repetir, desta vez em todo o território nacional.
FONTE: Saindo da Matrix
Um comentário:
Me digam se a cobertura desse site relativamente alternativo não é melhor que a do Jornal Nacional?
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