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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Orgulho de Ser Nordestino

O dia que era para ser lembrado com festividade e muita comemoração acabou sendo marcado pelo preconceito explícito de parte do povo brasileiro.

O dia que o preconceito tomou conta do twitter revela que a vitória da primeira mulher presidente do Brasil e que representa a continuidade de um governo satisfatório trouxe o preconceito da elite aos olhos de toda a web, de toda a nação.

E a punição? Considero lamentável atitudes como esta, e ainda me indago como pessoas podem pensar dessa forma nos dias atuais. Espero que todos os envolvidos sejam devidamente punidos.

Recebi via twitter do Brasil e Desenvolvimento o seguinte texto e resolvi tirar o atraso do blog para poder compartilhar com vocês.

Boa leitura!

PS-I: Dica de leitura para quem acha que a Dilma só ganhou por causa do Nordeste: O PIG e o peso do Nordeste.
PS-II: Vale lembrar que em convenção dos autores foi definido apartidarismo do blog, o que não impede que seus autores expressem suas ideias. Aqui você pode encontrar textos que criticam o Serra, tal qual charges que criticam o Lula.

@alvarodiogo "Racismo = Sexismo = Especismo. Não faça parte dessa trupe!"
http://www.ideianossa.blogspot.com

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ORGULHO DE SER NORDESTINO
Por Osvaldo de Castro

“… é muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos”. Ariano Suassuna
Expressão “orgulho de ser nordestino” surgiu como reação a mensagens discriminatórias e xenófobas postadas na internet por ensejo da eleição de Dilma, para presidente do Brasil. Antes de analisar a questão em si, faz-se necessário, desde logo, destacar que, mesmo sem os eleitores do Norte e do Nordeste, Dilma venceria Serra http://is.gd/gAyRp.
Alguns insistem que, ao se defender o “orgulho de ser nordestino”, cai-se na bobagem sectarista ou fomenta-se o discurso segregante. Afinal, “somos todos brasileiros”. Desse modo, melhor seria deixar essa segregação para lá e se fixar apenas no “orgulho de ser brasileiro”.
Orgulho de ser brasileiro não afasta o orgulho de ser nordestino. Reforçar o orgulho de ser nordestino impõe-se como analética da alteridade. Analética é a junção do grego aná, quer dizer, mais além, mais alto e logos, palavra. Portanto, analética significa a palavra que vem do outro, além do fundamento e daquele que não consegue ser cidadão em sua polis de existência. Dessa forma, a analética da alteridade “indica a razão que vem do outro negado, desconsiderado pelo processo de exclusão social e econômico, cuja tese fundamental alicerça a violência injusta destruidora da condição cidadã; a ordem dos deveres que o sistema impõe sem possibilidade de exercício dos direitos em contrapartida” (Dallabrida, 2003).
Frisar o orgulho de ser nordestino é reagir ao argumento que não aceita a exterioridade (negador do outro). Trata-se, desse modo, da tentativa de engendrar discurso a partir da libertação do outro, da afirmação da alteridade negada na totalidade.
Há na perspectiva discriminatória nítida tentativa de apresentar o outro como alteridade, destacando-o como estranho, diferente, distinto. O nordestino não pode aceitar calado ou se esconder atrás do discurso cordial, quando se apresenta em curso processo marginalizador a situá-lo fora da nacionalidade.
Os ofendidos precisam reagir. A partir da reação dos ofendidos torna-se possível inverter certa “lógica” discursiva de caráter hegemônico e exclusivista. A resistência do alijado não pode ser considerada mero discurso contrário ou birra de bobinhos que se sentem vitimizados, mas testemunho desopressor.
Sinto enorme orgulho de ser nordestino. Esse orgulho de ser nordestino não pode ser entendido como contrariedade ao orgulho de ser brasileiro, vez que sinto imenso orgulho de ser brasileiro. Pelo contrário, ele se afigura como afirmação da brasilidade nordestina que o discriminador pretende rejeitar.
O discurso segregante quer negar a brasilidade ao nordestino e o nordestino jamais sentirá orgulho de ser brasileiro, caso não sinta orgulho de ser nordestino (que é, nada mais nada menos, do que a asserção de que o brasileiro só o é enquanto o é nordestino também). O orgulho de ser brasileiro, pressupõe o orgulho de ser nordestino.
O orgulho de ser nordestino não tem o propósito de nos incluir na brasilidade, mas de revigorar nossa inclusão na brasilidade que os segregadores almejam nos negar. O discurso discriminatório quer que sintamos vergonha de nos afirmamos nordestinos, quer nos impor a ideia de que os nordestinos são diferentes dos brasileiros, numa ilação destituída de qualquer razoabilidade, salvo da razão hegemônica que se arroga, antes de tudo, o poder da distinção.

4 comentários:

Anônimo disse...

são nessas horas que vejo o brasil regredindo, como o hodômetro de um carro diminuindo a velocidade. Mesmo sabendo que nazismo, apartheid, entre outros movimentos preconceituosos, há muito "extintos" e sabidos que não vão adiante, ainda tentam pôr em prática hoje em dia, que reflete o quão desenvolvido é a capacidade de percepção de união e sabedoria das pessoas que formam a nação.

Ecomaluko disse...

Bravo! Post maravilhosamente consciente!

George Ruchlejmer disse...

Pra quem não viu ainda esses termos:

Especismo - http://pt.wikipedia.org/wiki/Especismo

Sexismo - http://pt.wikipedia.org/wiki/Sexismo

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Gostei do post também ! vlww

Álvaro Diogo disse...

Para complementar a discussão...

Recebi este comentário via e-mail do @KARARYU :

"Não existe essa coisa de “cultura paulista”. Aliás, minto, existe sim. Nossa cultura, sabe qual é? É uma cultura plural, é um estado multicultural, nossa cultura é a cultura de todos aqueles provenientes de todas as regiões do país e do planeta (e quiçá de outros) que para cá vieram e vêm e contribuíram e contribuem, trazendo a riqueza de suas tradições e costumes. Se analisarmos as principais manifestações culturais e principais gêneros musicais populares que temos no estado, o Congo, o Samba, o próprio “sertanejo de raiz”, para citar dentre inúmeros, etc., veremos que todos tiveram origem em outras partes e uma pequena parte pode ser creditada à geração cultural tradicional da própria região, face a magnitude atual do acervo cultural material e imaterial. Nossa cultura é a cultura de todas as civilizações. De todas as crenças. De todos os países. De todos os mundos. De todos os tempos. Privilégio restrito a nós, possuirmos tanta diversidade, pois oferecemos espaço para todas as manifestações. Estejam sempre abertas as portas e benvindos sejam os que a nós se juntarem trazendo em sua bagagem sua experiência, sua vivência e seu patrimônio cultural."

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