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Destaque da Semana: Onde está o sol que estava aqui?
Ladrões de sol, crise hídrica e êxodo rural

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

29° Bienal

Neste último sábado, dia 27, fui visitar a 29° Bienal no Parque Ibirapuera para repor aula de "Relações Interpessoais"

Uma visita interessante, um pouco às pressas, pois precisava terminar projeto de drenagem, além de fazer lista de exercícios de hidrologia e estudar para estruturas... final de semestre, sabe como é?

As obras selecionadas poderiam levar mais a reflexão... Obras com temas sociais, políticos, ambientais e econômicos me agradariam mais do que a subjetividade mais que subjetiva da maioria ali encontradas.

Sobre qualidades dessa mostra considero a proposta de colocar em discussão a pichação como arte muito interessante. Como a manifestação Pixação SP fez.

Sobre pontos negativos cito o fato de algumas obras utilizarem animais para o entretenimento do público, como o caso dos urubus (texto abaixo) e a obra Javavoa onde um animal empalhado foi utilizado.

Compartilho um texto sobre a exploração dos animais em exposições de arte e algumas informações da minha obra preferida, que aborda a importância de se investir no básico da alimentação, arroz e feijão, ao invés de vastos campos para plantação de grãos que servirão para a criação de gado, onde neste processo o desperidício reina, e do quilo da carne muito mais poderia ser produzido de arroz e feijão para saciar a fome... Confira este infográfico da SVB:


Dicas de leitura:

@alvarodiogo "Compartilhe suas ideias"

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A legalização da exploração de animais em exposições de arte precisa acabar

Esta semana uma das histórias que acenderam o debate na arena dos direitos animais foi a presença de três urubus em uma instalação da Bienal de São Paulo feita por Nuno Ramos. Os urubus ficam confinados em um viveiro grande com música alta e obviamente objetificados como meros elementos de cena em um projeto de alguém completamente irrelevante para eles.
Em uma entrevista ao programa de TV do Jô Soares, Nuno disse que demorou dois anos até encontrar as aves, já que elas são protegidas por lei. Ele finalmente se deparou com um treinador de falcões em Sergipe que criava os urubus e, como eles nasceram em ‘cativeiro’, o Ibama deu licença para o uso dos animais. Ou seja, Nuno efetivamente procurou um buraco na lei para poder levar a cabo seu projeto.
Em relação a esse detalhe técnico, está na hora de o Ibama parar com esse legalismo e se dar conta de que o problema não é se o animal nasceu em cativeiro ou não. Para eles isso é irrelevante. O problema é explorar animais, ponto final. Animais não são coisas que podem ser postas a serviço da vaidade de uma pessoa, independente do suposto ‘bem-estar’ pelo qual a organização diz zelar. Como o Ibama pretende acabar com o tráfico de animais enquanto apoia a exploração destes é um mistério para mim.
A instalação tem o nome de ‘Bandeira Branca’ e fica no vão central do prédio da Bienal. A maior parte, inclusive telas, é feita com material escuro, e os animais convivem permanentemente com o som de músicas como ‘Carcará’, ‘Bandeira Branca’ e ‘Acalanto’, com muitos alto-falantes instalados em caixas de vidro.
Não é a primeira vez que Nuno Ramos explora animais em benefício próprio. Em 2006, ele usou burros em uma instalação onde os animais eram obrigados a portar grandes caixas acústicas amarradas no seu lombo. A instalação foi exibida no Instituto Tomie Ohtake.
Ativistas já se mobilizaram e estão protestando contra mais esse caso de arrogância e falta de ética. A questão aqui não é censura. O artista tem o direito de fazer o que quer, se expressar livremente, mas com certeza ele não tem direito de causar sofrimento e reforçar a opressão. Imagine se para tratar de um tema como o estupro de mulheres, digamos, o artista tenha que reproduzir uma cena real em sua instalação ou filme? Animais podem ser usados na arte, desde que como representação e não forçados a participar de algo que para eles não tem significado algum.
A legislação ambiental, inclusive a Lei de Crimes Ambientais, em seu Art. 32 criminaliza quem pratica abusos, maus-tratos, fere ou mutila animais.
“Os animais evidentemente não estão em situação de bem-estar, não têm liberdade nem para se esconder e se alimentar. Essas aves, na natureza, recolhem-se ao final da tarde. A arte, a meu ver, não pode ser cega para o sofrimento e os incômodos causados a qualquer forma de vida”, disse o vereador Roberto Trípoli.
Criticar obras de arte baseadas no sofrimento de animais não é um ato de repressão e censura, como alguns detratores podem querer alegar. Um artista, por mais iconoclasta ou rebelde que seja, jamais cogitaria a possibilidade de explorar um ser humano em uma instalação. Se ele considera a possibilidade de explorar um animal como algo aceitável, é porque ele não tem a capacidade de analisar seu próprio preconceito contra outras espécies; ele não consegue transpor sua própria atitude antropocêntrica. Ou seja, por trás de um verniz de vanguarda, ele na verdade é um conservador.
Em tempo: no Rio de Janeiro o uso de periquitos em uma instalação na artista Rosana Palazyan na casa França-Brasil, onde os animais seriam usados para ler a sorte dos visitantes, foi proibida pela Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais com base na lei 3.402 de 22 de maio de 2002. Mais uma vez o Ibama havia dado autorização para essa exploração dos animais, mas felizmente o bom senso prevaleceu. Esperamos que o mesmo aconteça no caso dos urubus da Bienal.

Arroz e Feijão

Anna Maria Maiolino migrou da Itália no pós-guerra e construiu sua carreira em países da América Latina, fixando-se no Brasil em 1960. Em experimentos ora matéricos – como a cerâmica, a pintura e a gravura –, ora documentais – como o vídeo e a fotografia –, a artista desenvolveu um observatório das formas sensíveis, de como a vida acontece e, a despeito dos riscos e adversidades, perdura. Os Fotopoemações, que Maiolino elabora processualmente ao longo dos anos, tomam imagens como sínteses de gestos poéticos e as mantêm abertas como um convite à autopercepção e à experiência do espectador. Solitário ou paciência confirma este convite através da disposição de uma mesinha do jogo de cartas individual no meio da exposição. Em Arroz e feijão, instalação feita durante a ditadura militar brasileira e poucas vezes remontada desde a volta do regime democrático, brotam sementes de arroz e feijão em pratos de louça servidos sobre uma longa e sombria mesa negra. Num monitor de vídeo, ao fim daquele ambiente sacralizado, semelhante a um altar, uma boca mastiga a comida que a artista toma como símbolo de morte e vida, tradição e renascimento, em uma sempre pulsante antropofagia cultural.

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