--- Frase de Agora! ---
"A água é para os escolhidos
Mas como podemos esperar que sejamos nós..
... eu e você?"

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Destaque da Semana: Onde está o sol que estava aqui?
Ladrões de sol, crise hídrica e êxodo rural

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

ESRV - Memória 02

Memória 02:

Primeiro dia de trabalho da semana. Acordei cedo, e tomei meu habitual desjejum. Pão integral enriquecido com um pouco de margarina protéica. Margarina protéica porque andava me alimentando mal ultimamente. Tenho trabalhado até tarde no laboratório, e com isso relaxei um pouco na alimentação e no sono.
Depois de me arrumar rumei para o laboratório. Chequei as ligações com a secretária e fui direto para minha sala. No momento estávamos focados no novo projeto do ESRV. Aquele que acreditávamos, iria mudar a vida das pessoas. A minha pelo menos foi uma delas.
Meu grupo particular de pesquisa e desenvolvimento era composto de três pessoas além de mim. Estávamos muito avançados na finalização do protótipo, que segundo minhas estimativas, ficaria pronto em pouco tempo. Porém haviamos encontrado um problema no projeto. E ainda não haviamos conseguido resolvê-lo. Trabalhavamos nesse problema singular já há quase uma semana. E sem sua solução o protótipo não funcionaria. Disso tínhamos certeza.
Como eu estava muito empolgado com o rumo que tomávamos em direção a solução, fiquei até tarde aquele dia no laboratório, estudando todas as possibilidades que me ocorriam. Eram aproximadamente três horas e o prédio estava vazio, exceto por mim, trancado em meu laboratório.
E foi naquela noite que aconteceu. Eu havia descoberto! Qual não foi minha alegria ao descobrir o que deveria ser feito para que tudo funcionasse conforme o planejado. Dei pulos de alegria, meu coração batia rápido com a excitação da descoberta. E como se tratava de algo de simples execução, me deixei levar pelo excitamento do momento e resolvi terminar o protótipo. Tal era minha paixão pelo ato da criação e descoberta que não hesitei em finalizá-lo sozinho.
Então trabalhei. A bancada na qual estava trabalhando se encontrava cheia de ferramentas e de máquinas de pequeno porte, que eram instrumentos de soldagem e aplicação de precisão extrema. Fixei todos os circuitos, os chips previamente desenvolvidos, e acoplei tudo ao Elmo, que por sua vez era acoplado ao grande computador central do meu laboratório.
Estava tudo pronto! Era hora de testar minha recente criação. O teste prévio feito pelo computador indicava que estava tudo certo. O elmo não representava risco para o cérebro humano. Com isso em mente, coloquei o Elmo na cabeça e iniciei a sequência de comandos que daria início ao teste programado de realidade virtual. Fechei os olhos, e foi isso que aconteceu:
Ainda com os olhos fechados, senti um pequeno vento no rosto. Senti também cheiro de carne assada. E ouvi vozes, vozes conhecidas. Então abri os olhos, e me vi sentado em uma mesa, em um quintal gramado nos fundos de uma casa. A voz que eu ouvira era de Johnson, um dos desenvolvedores da minha equipe. Ele conversava com sua mulher, que estava sentado à minha frente, se servindo de salada de batatas. Eles conversavam qualquer coisa sobre como uma piscina multitermal seria ideal agora que chegava o inverno. As crianças iriam adorar.
E assim como quando se acorda de um sono sem sonhos, num piscar de olhos me vi de volta ao escritório, sentando na cadeira de segurança, com o elmo em minha cabeça. Meio confuso com o que tinha visto, o retirei e o depositei na mesa. Bem, devo dizer que aquilo me deixou realmente perplexo. O que havia visto não fazia parte do programa de teste. Não fazia o menor sentido. Será que Johnson o havia modificado? Uma brincadeira talvez?
E além da perplexidade, estava completamente desapontado. Não havia conseguido a sensação de movimento que era o que estávamos procurando. Essa versão do ESRV não era diferente da anterior em quase nada. Apenas mostrava uma melhoria na resolução de imagem, na percepção auditiva e olfativa. Apenas isso. Desapontado e frustrado por ter me enganado de maneira tão humilhante resolvi ir dormir, e deixar todo o resto para o dia seguinte. Como ficara acordado até tarde aquela noite, dormi um sono profundo, sem sonhos.

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