Na próxima segunda-feira, dia 28/07, às 9h, na escadaria da Praça da Sé, acontece um ato de denúncia contra as ações higienistas e agressivas que vem sendo realizadas pela Prefeitura de São Paulo no centro desta cidade. O ato irá questionar os poderes públicos e suas entidades parceiras na operação batizada de "Aliança pelo Centro Histórico", com a entrega de um troféu simbólico.
Cidadãos que habitam as ruas do Centro e que tentam se proteger do frio deste inverno estão sendo desrespeitados e agredidos. A qualquer hora do dia ou da noite, suas roupas e cobertores são confiscados ou molhados pelos jatos d'água dos carros-pipa da prefeitura; são obrigados a fugir dos sprays de pimenta que são lançados por policiais diretamente em seus rostos. Tudo isso na véspera de se completarem quatro anos do massacre dos sete moradores de rua no centro de São Paulo.
Hoje, 25/07, foi publicada no Painel do Leitor da Folha de S. Paulo uma resposta dos integrantes do Fórum Centro Vivo à reportagem deste jornal sobre a operação "Aliança pelo Centro Histórico":
A reportagem "SP faz parceria para banir mendigos e camelôs do centro" (caderno Cotidiano, 10/6) equipara pessoas e lixo ao listar "lixo, violência, camelôs, mendigos e moradores de rua" como elementos a serem igualmente "banidos". O texto trata com preconceito e discriminação parte da população paulistana. Freqüente na mídia, essa visão reforça práticas de alguns órgãos públicos (e de seus parceiros privados) de varrer as pessoas do centro como se fossem literalmente lixo. As expressões utilizadas para caracterizar essas práticas, como "revitalização do centro", evidenciam o descaso pelos que ali vivem, e que são vítimas de violência constante, documentada no Dossiê Fórum Centro Vivo. O jornal erra ao não exibir opiniões diferentes às da "Aliança pelo Centro Histórico", ignorando pessoas, movimentos populares e entidades que lutam pelo direito da população de permanecer no centro e transformá-lo em um lugar melhor e mais democrático.*
*esta resposta foi parcialmente cortada pela Folha; aqui estamos publicando na íntegra.
Leia o Dossiê "Violações dos direitos humanos no centro de São Paulo: propostas e reivindicações para políticas públicas", organizado pelo Fórum Centro Vivo
Os parceiros da prefeitura são:
o governo estadual, a Associação Viva o Centro e suas Ações Locais, bem como seus patrocinadores: BM&Fbovespa, Nossa Caixa, Associação dos Advogados de São Paulo e Associação Comercial de São Paulo
O ato está sendo convocado por:
Movimento Nacional da População de Rua, Movimento Estadual da População de Rua, Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, Fórum das Organizações que Trabalham com a População em Situação de Rua, Sefras, Rede Rua, Fórum Centro Vivo, Fórum de Debates sobre a População em Situação de Rua, Organização de Auxilio Fraterno, Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, Programa Agente na Rua, GARMIC, CEDISP, União dos Movimentos de Moradia de São Paulo, Marcha Mundial de Mulheres, Executiva Municipal do PSOL, Ação da Cidadania, LAC Travessia, Centro Comunitário São Martinho de Lima, Fórum das Pastorais Sociais da Arquidiocese de São Paulo, Pastoral do Povo da Rua, Pastoral do Menor, Pastoral da Moradia, Cáritas Diocesana de São Paulo.
A carta do Fórum Centro Vivo para a Folha teve o apoio do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR); do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR); do Movimento Moradia do Centro (MMC); da Central de Movimentos Populares (CMP); do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos; da Organização de Auxílio Fraterno (OAF); do Serviço Franciscano de Solidariedade (SEFRAS); do Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos da FAUUSP; da Assessoria Técnica Usina; da Associação de Moradores e Amigos da Vila Itororó (AMAVILA); do CMI São Paulo; do Movimento Passe Livre (MPL); da Associação de Favelas de São José dos Campos; do Grupo Risco; do P.I - política do impossível; e do Comitê pela Educação e Democratização da Informática - São Paulo (CEDISP); além de apoios individuais de urbanistas, sociólogos, artistas, advogados e moradores do Centro.
Um comentário:
Pois é, mais um assunto complicado de se pensar, há sempre os dois lados, mas está evidente que o lado da prefeitura não é mais certo. Concordemos que a aglomeração de mendigos no centro traz lixos produzidos por eles mesmos que não fazem questão de jogar no devido lugar, violência pois alguns são agressivos e medo nas pessoas que ali passam, ou alguém aqui se arriscaria passar debaixo da ponte no centro após as 19hs ? ... Mas bem, a atitude da prefeitura forçando-os para outros cantos da cidade (periferias sempre) não muda o fato de que continuarão existindo mendigos no Brasil. A Falta de respeito se impõe com a violência exercida para chutar os mendigos para um lugar mais pobre e perigoso do que onde estão.
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