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domingo, 1 de março de 2009

Guerra Perdida

Obama envia mais 17 mil soldados ao Afeganistão sem missão definida
Um dia após a ONU anunciar um aumento de 40% de mortes civis no país em 2008, Obama envia novo contingente militar às pressas, sem missão definida, e aguarda encontro da OTAN em abril para redefinir uma nova estratégia para o Afeganistão.

Atendendo em parte aos pedidos desesperados do Departamento de Defesa e das Forças Armadas, que pediam um adicional de 30 mil soldados, Barack Obama anunciou na terça-feira (17) que enviará mais 17 mil soldados ao Afeganistão, subindo para 55 mil o número total de tropas norte-americanas instaladas neste país.

O anúncio acontece um dia após a UNAMA - órgão da ONU para o Afeganistão - divulgar um relatório constatando um aumento de 40% de civis mortos no país em 2008, índice mais alto desde o início da ocupação em 2001. Foram registrados 2.118 mortos, um terço a mais do que o número de 1.523 em 2007.

A apenas seis meses das eleições presidenciais, as tropas norte-americanas perdem cada vez mais terreno. Hoje, a insurgência domina 72% do território afegão e os recentes ataques na capital, nas áreas onde estão localizadas as sedes do governo e as embaixadas, são um claro sinal de deterioração da ocupação. Ao mesmo tempo, no país vizinho, o Paquistão, o governo assinou um acordo de reconhecimento da lei islâmica imposta por líderes tribais em várias regiões para evitar uma guerra civil.

Fechamento de bases

Os EUA estão negociando novas rotas de suprimento para as tropas após o fechamento de uma importante base no Quirguistão.

O general David Petraeus, comandante das tropas no Oriente Médio e na Ásia Central, se reuniu na terça-feira (17) com o presidente do Uzbequistão, Islam Karimov para negociar a instalação de uma base norte-americana no país. O momento é crucial para os EUA, uma vez que perderam a base no Quirguistão essencial para o abastecimento de aviões de carga no Afeganistão. A principal base logística do exército norte-americano fica no Paquistão, mas o aumento da insurgência está levando o governo local a uma completa derrocada. Em dezembro do ano passado, um duplo atentado na cidade paquistanesa de Peshawar contra dois centros de carga destruiu centenas de veículos e caminhões militares das tropas norte-americanas e da OTAN que iriam para o Afeganistão, sendo um dos maiores golpes já sofridos pela ocupação.

Patraeus negocia novas rotas também no Cazaquistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Rússia. Esta teria inclusive estimulado o fechamento da base no Quirguistão para oferecer uma proposta ao novo governo norte-americano.

Um déjà-vu?

Nas palavras do próprio Obama, o adicional é "necessário para estabilizar uma situação deteriorada no Afeganistão" (The New Yok Times, 18/2/2009).

A situação é grave, pois o novo contingente será enviado antes mesmo que o novo governo redefina a nova estratégia militar e política no Oriente Médio e na Ásia Central. As tropas, portanto, serão enviadas antes que se determine uma missão para elas.

Os EUA mantêm atualmente 38 mil soldados no Afeganistão, 23 mil sob o comando da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Ao todo são 55 mil soldados procedentes de vários países, a maioria dos EUA e do Reino Unido.

A Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF), tropas controladas diretamente pelos EUA, foi criada em 20 de dezembro de 2001 para manter o regime títere no poder. Em agosto de 2003, a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) se encarregou de coordenar a ISAF para conter a crescente resistência contra a ocupação em todo o País.

Após quase nove anos, o Talibã controla hoje mais de 70% do território afegão. Ano após ano as tropas estrangeiras perdem mais terreno para a insurgência.

Com o reforço, serão 72 mil soldados no total, um poder de fogo muito baixo para quem já expulsou 100 mil soldados soviéticos nos anos 70.

Em edição publicada pelo jornal espanhol El Pais, quando a ocupação completava seis anos, o general José Enrique de Ayala, ex-segundo-chefe da 1ª Divisão Multinacional Centro-Sul no Iraque, afirmava em um artigo que "a URSS não dominou o Afeganistão com 100 mil soldados. A ISAF só dispõe agora de 35 mil [que agora vão para 72 mil]” (El Pais, 7/10/2007).

A nova estratégia militar para o Afeganistão deverá ficar pronta até abril, quando acontecerá um encontro da OTAN. Até lá, mais civis serão mortos e expulsos de suas casas.

Barack Obama foi eleito para tirar os soldados do pesadelo que se tornou o Afeganistão. Em uma entrevista para um canal de TV canadense, ele disse estar "absolutamente convencido de que não se pode resolver o problema do Afeganistão, os talibãs, a propagação dos extremistas na região unicamente por meios militares" (The New York Times, 18/2/2009).).

Em meio ao crescente número de baixas militares e ao avanço da insurgência, cogita-se até mesmo a formação de um governo de unidade nacional com a participação do Talibã, exatamente como fez a URSS após sair do Afeganistão trinta nos atrás.

Esse fato é mais uma demonstração da enorme crise de dominação do imperialismo mundial, depois do fracasso militar no Afeganistão.

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