A BOLHA FINANCEIRA PODE EXPLODIR
Que pensaria disso tudo um visitante de fora da Terra?
Um Etê, pequeno visitante do tamanho de um colibri, serzinho alado e luminoso chegado dos mundos da luz tentou aproximar-se de um menino triste que está com fome aqui na Terra (não há muitos, né?). Cantou, fez piruetas no ar, sumiu e reapareceu, espalhou estrelinhas, atirou pétalas de flores, produziu perfumes, e por fim descobriu que o menino fala, entende, ouve. Achou as palavras e perguntou:
- Está com fome? Que é isso?
- Quero comida! Me acostumaram a comer e agora falta porque há uma crise com a gente grande...
- Que é comida?
- É coisa gostosa que eu ponho na boca, mastigo e passo para a barriga que enche e eu fico satisfeito.
O etezinho de luz viu uma fruta em algum lugar, bonita, perfumada, calculou os líquidos do corpo do menino e os da fruta e viu que eram iguais, trouxe e lhe deu. Ele comeu. O visitante analisou o caminho do suco e viu que nenhuma célula do corpo quis nada, tudo seguiu para sair pela pele, pela urina, pelo intestino, viu que o menino não achou tão bom jogar tudo pra fora, mas jogou...
- Deve ser só mesmo para dar satisfação...
Ficou observando. O menino correu, brincou, nadou, pulou, cantou com outros meninos, pegou uma latinha com água e sabão, soprou e uma linda bolha colorida cresceu... soprou mais e ela explodiu. O menino achou bonito e riu satisfeito também. Voltou a pedir comida.
- Que seres sem sentido! A bolha de ar solta o ar que tem de mais e ele acha bom! Mas se é ele que tem que soltar o que comeu, acha ruim! Será que precisa explodir?
Daí chegou a um campo de golfe e gostou do ambiente feliz, a natureza, gente grande brincando com bolinha e observou bem as regras:
- Que interessante! As bolinhas voltam todas à cesta e quando jogam pessoas de capacidades diferentes, o mais fraco começa com alguns pontos a mais para poder competir. Parece uma raça de gente equilibrada!
O etezinho continuou agora em busca da tal crise da gente grande. Achou os grandes conversando de negócios e ficou olhando:
- Que brinquedo esquisito! Vou aprender esse jogo também. Primeiro fabricam coisas - roupa, comida, veículos, combustível, quanta coisa! Já sei! Na troca de uns com os outros, também estão buscando mais prazer! E agora, esses números que escrevem no papel? Que é? "Dinheiro"? Ah! Estou entendendo! Esses números equivalem às coisas! São as coisas fingidas, de mentirinha! Cada um atribui um valor pequeno ao que lhe sobra. Lógico, assim pode trocar que alguém vai querer. E dá um valor grande ao que ele quer mas não tem. Mesmo que não seja tão necessário. É como o joguinho do menino, para dar prazer! Aí acaba sobrando nesses escritos muito valor como na bolha de sabão que vai crescendo e fica grande e colorida e dá prazer!
O etezinho estava observando quando ouve a gritaria:
- Vai explodir! Que grande calamidade! Não gira mais para aumentar os dinheiros!
- Não estou entendendo esse medo todo! Devia ser como a bolha de sabão e achar engraçado explodir! Ou como no golfe,devolver bolinhas e dar pontos aos que começam.
- Você não entendeu?! Já se vê que não é deste planeta! Veja se entende! Isto é valor acumulado que compra coisas e agora vai perder-se!
- Sim! Até aí entendi! Só não entendi por que motivo ficar triste por esvaziar a bolha, que é a coisa mais lógica que há: as coisas na troca sempre sobram valor!
- É que é uma calamidade! Não deu para continuar acumulando! As pessoas a quem emprestamos não têm mais dinheiro que os Bancos e os Governos foram tomando e enchendo a bolha aqui nos depósitos ! Essas pessoas não podem mais pagar o que contrataram e nós que emprestamos não vamos ter nosso valor de volta!
- Mas, criatura irracional, como foi que esse valor chegou aí?
- Porque deu lucro... Cresceu o valor sem parar...
- Se o acúmulo fosse de outra mercadoria que sobrasse, como se ajustaria o joguinho?
- O valor dessa coisa desaba e alguém que juntou demais perde!
- E alguém teria o direito de ficar triste?
- Fica triste, sim, porque perde, mas ele sabe que pode perder... É regra do jogo.
- E por que então quem tem só números que representam coisas terá o direito de só crescer sem nunca perder? Se sua mercadoria dinheiro está sobrando, também você deve perder. É uma questão de acertar as regras do joguinho e ninguém vai ter que ficar apavorado! Por que não aplica a regra do golfe e dá aos competidores fracos alguns pontos a mais a cada começo do jogo? Afinal, o menino devolve o ar da sua bolha de sabão ao ar e acha bonito e divertido e tudo fica certo. Ou será que vocês querem blindar as bolhas de sabão? Ou acham certo dar prazer de impedir o prazer dos demais, quando é apenas faz-de-conta de que esses números são algo em vez de ser apenas representação? Vomitem esse engulho de volta, a doença acaba e tudo se acerta!
"A água é para os escolhidos
Mas como podemos esperar que sejamos nós..
... eu e você?"
Máquina do Tempo: Vaga Viva do Coletivo Ideia Nossa. A única vaga viva do lado de cá da ponte =) Vaga Viva do Ideia Nossa
Destaque da Semana: Onde está o sol que estava aqui? Ladrões de sol, crise hídrica e êxodo rural
terça-feira, 14 de outubro de 2008
A Bolha pode Explodir?
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2 comentários:
Legal ! ... meio infantil XD, mas legal ! haha ...
gostei da intercalação das coisas, as vezes fica passando umas coisas malucas assim pela minha cabe também, fazendo analogias espontâneas.. bem legal
Créditos:
http://www.mariosanchezs.blogspot.com/
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